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sexta-feira, março 12, 2010

Julia e Martinha





Julia e Martinha.

Algumas histórias são verdadeiramente repulsivas. Não é um julgamento, apenas uma constatação. Nada de hipocrisia, moralismo barato,mas existem fatos que as vezes nos revoltam.

Não é meu caso, não me sinto revoltado, impressionado ou provocado com nada.
Já entendi que vindo do ser humano, tudo é possível e esperado. Uma gangorra interminável de bem e mal, luz e sombra.Parece poesia mas não é.
Julia estava grávida quando a conheci. Era uma destas putas vulgares de rua, aos vinte e dois anos, seu corpo é uma depósito de porra, era bonitinha, sempre sorridente e parecia feliz naquela vida.Talvez fosse, dizia para quem quisesse ouvir: antes ser puta, que empregada, eu ganho mais e com menos força. Gargalhava vulgar.


Gostava disso nela, não tinha nada na cabeça, nem precisava.A boca era ótima. Aprendera uma técnica de chupar, que permitia que o pau fosse até a garganta sem afogar-se, era uma especialista.Mas falando, puta que pariu, terrível.


Um dia apareceu grávida. Naturalmente não sabia quem era o pai, não se desesperou e imitando sua mãe dizia bravamente:


-Não preciso de homem para me manter, se precisar trepo com trinta por dia e nada vai faltar.

Corajosa ou burra eu nem sei o que pensar. Mas nestes aspectos de coisas tão femininas, acho que homem não deve opinar, afinal homem não fica grávido. Aborto era uma opção. Julia achou que deveria ter o filho sem pai mesmo.

Aquele filho ou filha era feito da mistura de todas as porras que gozavam abundantemente em sua buceta. Eu esperava que nascesse um pequeno monstro, com garras, olhos arregalados e em vez de chorar, rugiria como uma besta. Coisas da minha cabeça, mas era essa a impressão.


Julia trepou até o ultimo dia de gestação, realizando a fantasia dos homens que adoram trepar com grávidas.Trepar com gravida é ótimo. É uma aventura agradável, que deve ser feita com cuidado. Mas os tipos que saiam com Julia queriam gozar rapidamente, alguns apenas encostavam o membro na vagina molhada e gozavam. Ela sentia-se poderosa,muito mulher, mulher maravilha, acariciava a pesada barriga, esperava o próximo.


Ela me contou que alguns clientes queriam fazer de conta de eram o pai da criança, ficavam falando com aquela barriga enorme, como se o filho fosse deles. Ela concordava com aquele teatrinho todo, contando que os cinqüenta reais viesse para seu bolso.


Dizia:

-Por este dinheiro podem falar com minhas tetas, minha barriga, minha buceta e até com o dedão dos meus pés. 

Ria muito.
Diante disso, eu a achava uma mulher de fibra, ao mesmo tola, cheguei a conclusão que a fibra de um ser humano tem muito de sua obstinação e tolice, talvez converta-se em uma espécie de fé.


Naquela manhã, após trepar com um cliente gordo, a bolsa estourou, enchendo o quarto com aquele cheiro tão especifico e forte. O cliente até vomitou. Algumas colegas a colocaram no taxi, e foi para o hospital, sozinha. 


Ganhou Martinha nos corredores de um pronto atendimento de um hospital publico.
Estava feliz, Martinha era linda, sentiu-se mãe e coruja, não tinha quase nada para vesti-la. As enfermeiras ajudaram como foi possível, no dia seguinte estava em casa, naquele cortiço fétido a esgoto que chamava de lar.

Por uns dias sentiu uma espécie de paz, dando o seio para Martinha, quase não sentia-se vagabunda e ordinária das ruas de Pelotas. Teve um breve momento de paz.

Até mesmo a mãe de Julia, avó de Martinha apareceu, queria reconciliar-se com a filha e ver a neta, ela talvez representasse outra fase na vida da filha. Olhou para Julia com ternura de mãe que erra, para mãe nova:


-Filha, vamos esquecer o passado,chega de ficar brigando, entendo a vida que escolheu, vou tentar respeitar, porque te amo muito. Senti tua falta, tanto. Te quero perto de mim e tua filha também.

Julia, rememorava os acontecimentos que causaram este afastamento. Quando sua mãe descobriu que era puta profissional, a colocou porta fora. A família nunca teve muito dinheiro, mas eram honestos como gostavam de dizer.Principalmente o pai.Preferiria ver a filha morta que puta.

Eu até entendo,afinal ter uma filha puta não é o plano de nenhuma mãe ou pai.
Se quer sempre o “melhor”, que sejam melhores que nós. Mas nem sempre é assim, é nestas horas que o amor mostra sua face bela ou converte-se em sombra.


Ao final, Julia e sua mãe abraçam-se, choram juntas, queriam enterrar o passado. Como enterrado já estava seu pai.
Julia seguiu sua vida, Martinha foi crescendo em meio a prostituição da mãe,como a fatalidade das fatalidades.Mesmo Julia não querendo a filha seguisse seus tortuosos passos,muito cedo ela deu mostra que, aquele que saí aos seus não degenera!


Naturalmente Julia tentou tudo, bateu, colocou de castigo, tirou coisas que gostava, colocou em uma escola rígida e nada. Aquilo parecia um inflexível destino.Que merda, é disso que falo, por vezes é repulsivo, inescapável mesmo.


Quando Martinha completou dezoito anos, quis dizer adeus a mãe, disse que iria ganhar a vida,que não queria mais depender da mãe e todas as coisas que Julia havia dito a sua mãe um dia.
Porém, Julia agiu diferente, abraçou a filha, disse que poderia ficar, ser puta com ela e ficariam juntas e felizes, se essa era sua vontade, ela não reprovaria.


Martinha ficou surpresa com a reação da mãe, e claro ficou, amava a mãe.
Foi assim que Julia começou dar instruções profissionais de como a filha deveria agir, que tipo de clientes pegar, como sugar um pau até a garganta e essas coisas que se passam de mãe para filha.



Agora Julia já estava velha,a idade havia chegado , já não chamava atenção dos homens, sua buceta parecia uma lixa de tão áspera e seca, os seios caídos ao extremo , não lembravam nada que haviam sido.
Sentia-se feliz de ver a filha tão linda, vendendo o corpo bonito e ganhando muito dinheiro, mais do que ela já ganhou na vida, sentia-se tão orgulhosa como se Martinha houvesse se formado em medicina, advocacia ou administração, o mesmo orgulho de quem prospera na vida.


Agora já podia morrer, a filha estava encaminhada.
Realmente não sei de Julia morreu, possivelmente sim, nunca mais vi sua filha, cada um segue seu destino, sabe-sela onde esta?


Mas em minha memória ainda vejo o sorriso fácil e vulgar de Julia, querendo fuder com todos os homens ao mesmo tempo, ganhar muito dinheiro, seu sorriso fácil era tão verdadeiro, prefiro lembrar dela assim.
Prefiro as boas memórias.



Luis Fabiano.
A paz é uma puta que cobra um preço muito alto, puta de luxo.



Um comentário:

Anônimo disse...

Belas coxas da primeira foto hein? É isso,puta é assim mesmo, ou tem rosto bonito o corpo bom. Se tivesse os dois não seria puta.

Serjão.