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domingo, março 28, 2010


Aniversário, amargos anos.

Sou um tipo completamente anti-social, com muito orgulho. Tudo que fiz em minha vida em se tratando de atividades sociais, foi absolutamente a contra gosto. Nunca gostei verdadeiramente, mas enganava bem, ás vezes é preciso, é bonito e um pouco educado. Mas a verdade não é nada disso .Nunca é assim.
Minha vó paterna fez aniversario.Neste dia já acordei de mau humor, encontrar parentes que não via a muito tempo, é mais transtornante. O pior não é vê-los, mas aturar a conversa que não tem conversa.
Se você não tem nada pra me dizer, fique em silêncio, ele é de ouro. Mas as pessoas precisam falar, e falar, e falar! Porra. Não seria um dia fácil.
Quando chegamos na festa, uma vó que não via a muitos anos, que estava completando noventa e três anos. Quando fomos cumprimentá-la, ela me olha e pergunta a minha mãe:
-Quem é esse daí?
Todos sorriem complacentes como um hímen, ante o não reconhecimento de minha vó. Não a culpo, o tempo foi generoso com ela, muita idade, mas a memória esta afetada, na verdade bom para ela e para todos.
Sobre certos aspectos o Alzheimer não parece ser tão mal assim. Não lembrar de todas as merdas feitas em vida, as tristezas avassaladoras e outras coisas que aprisionam a alma em infernos dantescos .Não discuto.
Alguém diz: “ Esse é o Fabiano vó, é seu neto...” Ela sorria,naturalmente não entende de quem se trata. Mas tudo bem. Meu humor não se altera,não queria estar lá de forma alguma.Fui por medo das pessoas.
Nos sentamos, então uma sucessão de cumprimentos de minhas tias que não poucas. Me diziam coisas:
-Nossa quanto tempo, como tu estas isso e aquilo...eu te peguei no colo...
Um dos meus tios disse isso:”te peguei no colo...” Respondi para ele:”Tenta pegar agora...” Todos sorriram, acharam que era uma piada.
Eu sorria amarelo. Mas o papo não continuava, por muitos motivos, o principal porque não se tem historia alguma nada.,Passei da idade de inventar papos sociais para agradar. Eu não agrado. Meus parentes ficavam me olhando estranho,como se fosse uma espécie de animal, isso foi agradável. Ficávamos todos nos olhando e nada acontecia. Esse desconforto me agrada,a eles não.Queriam saber novidades, em minha vida não gosto de novidades, prefiro o comum.
Minha mãe tentava contemporizar tudo, me explicando que aquela parenta era isso e aquilo,era filho não sei de quem. Porra, poderia ser filho do capeta que não iria fazer diferença alguma.
Então veio a hora da foto. Um dos meus primos desconhecidos era o fotografo oficial. Estava excessivamente animando, possivelmente a maquina era nova ou algo assim. Queria que todos sorrissem com plena satisfação. Dizia aquelas merdas que as pessoas dizem quando vão tirar fotos:”Façam X, digam azeite, olha o passarinho, digam giz..” E outras coisas que não lembro, cara muito chato.Não preciso dizer que não sorri.Não tinha motivo algum para rir.
Sentei-me novamente. Em um ato de desespero tentava achar alguma coisa interessante em alguém, para escrever posteriormente quem sabe. Mas ninguém era interessante, nada é interessante.
A alternativa era beber, a bebida ajuda muito nestes casos, em alguns casos me torna até educado, dançarino e gentil. Mas não, melhor não. Não queria sair daquele estado, queria me irritar ao limite, queria sentir a ojeriza que estava sentindo. Certamente isso provocaria o desgaste final.Gosto assim.
Não quero tornar a vê-los, certamente não irei vê-los novamente. Tem dias que é melhor ficar na cama, na companhia de um bom livro e longos tempos em silêncio, isso me preenche tanto que é quase introcável, por alguém.

Luis Fabiano.
A paz, em anos luz de distância.

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