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terça-feira, abril 23, 2013




Rei das Bucetas, noites medonhas e putaria desenfreada

Por vezes você tem certeza que a vida vai ser absolutamente tranquila. Isso ao mesmo tempo em que é reconfortante, é desprezível também. Pois um excesso de paz de espirito, nos conduz a nada. Com muita paz, o ser humano não faz nada que preste, o contrario também é verdadeiro.

Com tormentas intermináveis na alma... Viramos merda. Esse é o ponto... Você precisa de algum equilíbrio, e tudo ficará bem... seja nem tão mal e nem tão bom... Ai as coisas funcionam. Ninguém entende exatamente o eu seja equilíbrio... Eu digo então: se você fode muito... Tente ler algo, ou pintar um quadro... Se você pinta demais... Experimente trepar muito e ficar bêbado por muito tempo, ai sim... equilíbrio.
Agora eu me ocupava em estar bêbado.

Sobrecarregado de afazeres, eu precisava de um tempo pra mim. Então lá estava eu em casa. Uma garrafa de rum cheia, de cueca na sala, colocando um bom som no micro... Isso “Fabianito”, cumpra-se a tua profecia maldita.
Coloquei um jazz suave a rolar. A noite pedia Duke Ellington... Um sax arrastado, puta que pariu, isso sim é bom, isto é um grelo molhado no ouvido. 

Gelo no copo e rum... E depois mais rum... E depois mais rum... Eu já gargalhava pleno em minha solidão, é assim a minha felicidade. Lembrando o super homem: ei seu merda... Aqui esta a tua kriptonita... Essa é a sacada... Todos temos a nossa kriptonita, o super-homem se fode... Você se fode e o mundo se fode também.
Agora sim estava pronto.

Vou até a janela olhar a rua do quinto andar. Uma das melhores sensações que se pode ter. Bêbado você tem vontade de voar dali... Olhar a rua e não bater as asas. Na parada de ônibus uma mulher muito gostosa esperava o ônibus... com uma calça muito justo, fiquei olhando pra ela como um idiota, captei a sua energia no ar, meu pau deu sinais, porra eu realmente estava rock in roll... Dei uma alisada no bixo... Ele cresceu na minha mão, a cabeça rosada bem estufada... Pedido uma xoxota imediatamente, bati uma breve punhetinha para a desconhecida... Até que ela subiu no ônibus. Me deixando de pau na mão.

Fiquei naquela... Então como um cometa feito de tesão, desespero e rancor, decidi ir pra rua... as melhores decisões eu tomo assim, nas madrugadas perdidas, me perdendo e me achando... Depois que o relógio passa da meia noite. Eu não era um artista, mas tava afim de fazer o meu show.
Visto uma jeans... Não escovo os dentes, coloco uns tênis e eu estava pronto. Mato o último gole de rum que estava no copo. Eu não me sentia em mim... Tanta disposição é um gatilho engatilhado...
Entro no carro... Ligo o radio... Um jazz medonho tocava... Desconhecia quem executava a merda... Mas estava no embalo. Para onde eu iria naquele horário?

Para o melhor local um pouco antes da ultima parada do inferno... Sim... Rei da Bucetas, sem duvida. Eu era um canhão de inquietações. Uma felicidade plena advinda não sei de onde... Mas também, por vezes a vida não necessita de explicações.
Temos essa mania com tudo, tudo deve ter uma explicação... Se você ta feliz tem que ter explicação... se esta triste também, se o teu rabo esta doendo... E digo, tanta explicação é uma merda. Vivemos ali a beira do infortúnio e perdemos de viver, porque tudo tem que ter alguma explicação: fodam-se as explicações. Eu nunca explico nada, e nem justifico nada... essa é a minha essência, e gostar de mim assim não é fácil. Diga-se de passagem, e nunca peço explicação para ninguém... Eu aceito tudo que você é como você é e tudo bem.

A rua deserta, calma, noite linda e mesmo com uma lua minguante... Tudo parecia uma promessa bela. Vou deslizando para o bairro Navegantes. Algumas poucas almas na rua, vou me ambientando com o cheiro de esgoto a céu aberto, cheiro de miséria também, o aroma das ruas. De longe se escuta o samba sendo tocado. O bom samba de raiz.
O pandeiro de Dedéco dando o tom, o cavaquinho de João sem dedos afinando, a cubana de Negro Aço... Puta que pariu... Eu estava em casa novamente. O local esta como eu gosto. Não tão cheio e nem tão vazio. 

Equilíbrio é a chave... é a luz e a doença. Estaciono o “Fudett”tranquilamente, cumprimento uns poucos transeuntes que ali estavam... Que já me conhecem e sabem um pouco de minhas historias naquele estabelecimento, de muito respeito. Vou entrando devagar, as mesinhas de plástico meio sujas estavam quase todas tomadas. Mulheres e muitas mulheres ali... Dançavam, o pessoal estava feliz. Casais dançavam tranquilos, ao tom da musica e cachaça. É isso, felicidade simples, se coxavam, beijavam e deixavam se excitar... lentamente e tudo isso muito bom.
Vou até o balcão perguntar pelo Rei... E uma mão pesada bate em minhas costas... me assustei, viro para trás, é o Rei:

-Meu negro! Seja benvindo filho... Quanto tempo hein?

O Rei das Bucetas é um clássico, advindo de uma obra perdida no espaço tempo... O mesmo olhar firme, a roupa branca, o chapéu branco, os traços grisalhos de uma barba... E o brilho no olhar... Este é o Rei das Bucetas a quem todas as bucetas se curvam... e creio que a humanidade se curva pra esse cara!

-Grande Rei... O prazer é sempre meu voltar aqui...
Nos abraçamos, amigos de um tempo. É isso, existem energias que te influenciam para o bem... e outras são apenas gastura vivencial.
-Filho, vamos sentar... E beber... Hoje estou feliz, e tu ainda apareces por aqui... Excelente... Tem alguém morrendo de saudade de ti... por aí...

Estranha a minha personalidade. Eu sabia de quem ele estava falando... Mas ao mesmo tempo, quando não vejo alguém durante muito tempo... Simplesmente a pessoa parece deixar de existir... Transforma-se em um vapor rarefeito em um estado flutuante... Até que então, eu tornando a vê-la, abraça-la, venha a converter-se em verdade novamente...

-Ótimo Rei... Ei Rei vamos beber...
-Certamente filho... esta é a minha mesa de sempre...

Sentamos a mesa e dois copos grandes s de cachaça vieram, copos de massa de tomate... Purificados pelo álcool que mata tudo. Brindamos a vida...

-Rei... Tua vida vai ser sempre isso aqui, né?
Depois de um logo gole, Rei me olha e diz:

-Filho a vida é um constante aprimorar-se... Se você deixa de afiar a mente e o coração... A vida te cortará como uma navalha...

Eu ri... lá estava a navalha novamente...sempre a navalha... Alguém de-repente encobre meus olhos por cima dos óculos... Tocando nas lentes... Puta merda eu detesto isso...


Segue...

Luís Fabiano.


segunda-feira, abril 22, 2013

Afagos da Beleza


       Afagos da Beleza       

Fio da Navalha apresenta uma nova face. Uma face mais terna, um rosto suavizado pelos encantos da beleza, por vezes oculta.

Este é o contraponto do Pelotas Fantasma. Afagos da Beleza, tem a proposta de mostrar uma outra face... a face, mais bela e talvez poética da Cidade.
Assim como nós, todos temos muitas partes distintas em nossa personalidade...  A que sorri, a que chora, a que adoece e a que é saudável.

Esta é uma Pelotas que todos gostam, imagino... 
Eu prefiro ficar na zona das indiferenças... Pois pra mim, existem horrores que encantam... E belezas que assustam.
Este é o Afago da Beleza, pode ficar tranquilo aqui.

Luís Fabiano









O desejo de ser comum

Ninguém diz exatamente o que pensa...
Tudo é um meio de máscaras dançantes
Para manter um “respeito” e a mentira que faz bem a todos
Somos autômatos engatados ao trivial
Fugir disto amedronta muito
Porque tais almas, não tem sede
O espirito não tem fome...

E dizem estas merdas, com o sorriso cariado:
-plantando vamos colher...
-Deus ajuda a quem cedo madruga
-Deus é brasileiro...
-As melhores essências, estão nos menores frascos...
-Um homem prudente vale mais que dois valentes
E mais um monte de merda pronta...
-
Eu fico olhando...
Percebo que isso é um esforço
Do breve querendo ser eterno...
O espinho sonhando com a rosa...
Formiga querendo suas asas
A chave adormecida debaixo do tapete

Agradeço por não crer em nada disso...
Por estar desaprendendo o que minha mãe ensinou...
Pela contramão da serpente no asfalto
Pelo rugido franco na alma, que dança despida de fantasias
A fera espreitando na mata
Sem ânsia, sem medo ou rancor
Verdade de uma essência que tenta brilhar
Ainda que isso signifique a morte, o nada...
São os dentes afiados
E o veneno no copo de cristal
Afinal...
É assim que você prefere, não é?

Luís Fabiano.


Vadia de um Homem só





Navalhadas Curtas: Vadia de um homem só !

Ela lavava a louça e eu lia no sofá...
Estávamos nos ofendendo um pouco, mas sem raiva. Não é orgulho, mas é o que é...

-Tu não passas de um bêbado... Fabiano... não prestas para nada cara...
-Hã,hã...é...
-É... tu não fazes nada... nem trocar um simples chuveiro de merda...
-Eu acho muito complexo isso... não sou tecnicamente habilitado...
-Papo furado, o vizinho veio aqui e fez em cinco minutos...ele nem escrever sabe...
-E qual o problema? Agradeço a ele...
-Fiquei com vontade de dar pra ele... em agradecimento...sabe como é...
-Claro, eu acho justo.
Houve um silencio longo, a louça era lavada ainda... segui lendo o livro do Bukowski.
-É... mas não dei... só mostrei a coxa um pouco...tenho boas coxas...
-Ele gostou ?
-Sim... passou a mão na perna... e então veio me querendo, mas eu coloquei ordem na casa... eu disse: nada disso... eu sou vadia de um homem só, sai pra lá!!
-Legal...
Ela deixa a louça com a torneira aberta, e vem me beijar na boca, o pau sobe...

Luís Fabiano.

quarta-feira, abril 17, 2013

Dica de Filme



Dica de Filme - Ex Drummer (Ex-baterista)

Se você tem estomago fraco... Pare de ler por aqui, e nem pense em ver este filme.
O filme baseia-se em uma sequencia insana de eventos. Três loucos procuram um baterista para a banda... Eles conseguem um anti-baterista... Afinal eles são anti-músicos, são delinquentes, deficientes de logica, razão e bom senso. Tipos raros.

A historia é essa...  Com um acúmulo de brutalidade gratuita, politica e socialmente incorreto... Humilhação extrema de seres humanos, visando um único objetivo... Viver o mais intensa e brutalmente possível... Cada personagem vive a margem mais profunda de seu próprio egoísmo...  Apenas quando estão tocando... Parecem algo humano... (a trilha principal do filme, é uma musica chamada Mongolóide).

Com inúmeras cenas de tirar o folego...
O filme é rugido niilista, a ausência de um porque é presente, os valores tradicionais são destruídos, pulverizados e no final você não tem nada, a não ser um imenso vazio... 
Por isso é por outros tantos motivos que não cabem aqui...  O filme é tão genial!
Repito, se você é frágil... Não veja!
Curte o trailer aí...

Luís Fabiano

PS - Agradecimento pela dica: A Rogério, Maciel e Júlio.




segunda-feira, abril 15, 2013

Pérola



 Pérola do dia:   



“ Todos nós somos como pessoas parcialmente insanas com momentos de lucidez”.


Anaïs Nin






Navalhadas Curtas: Super literato...

Definitivamente existe uma convenção dos chatos deste planeta. E imagino que exista também uma conspiração, para que eles me encontrem por ai...
Ontem desci do prédio... Ia dar uma olhada na rua, respirar...  Então Otavio, um cara que é super-literato... Veio falar comigo, ele não é meu amigo e não pedi nenhum conselho:

-O... Fabiano... queria falar contigo...

Senti o drama... Nunca ninguém quer falar comigo... Quando querem...

-Fala Otavio...
-Fabiano... não me leva a mal...mas acho que deves dar uma observada nos teus textos... Tu precisas melhorar a técnica... Pois a tua técnica de literatura... É fraca... ruim mesmo... E sinto que falta algo...
Fiquei olhando pra ele... Cara de paisagem pensei na medida para equilibrar aquilo, onde eu daria uma porrada?
-To cagando pra técnica...
-Mas é que...
-É que porra nenhuma brother... Minha escrita é uma fotografia em 3D da merda existencial... Eu sou a anti-literatura... Se eu pudesse... Escreveria com sangue... Com as  tripas cheias de merda... Com suor e porra... Quem lê... Não lê para se sentir confortado ou ficar em paz...
-Bom...  Diante disso...
-Diante disso Otávio... vai te fude... E esquece o Fio da Navalha... vai ler Dostoievsky... TS Eliot...

Segui caminhando...
Porra o dia estava lindo pra caralho mesmo.

Luís Fabiano.




O Ânus da Verdade

Ela sorria com a placidez de sua hemorroida aberta
Estava acostumada ao que faz fritar...
Sentados na sala
Procurava uma posição para ficar... eu via televisão
Era certo que não nada aconteceria naquela noite...
Mas existem pessoas destemidas
Ou meio insanas...

Ela bebia vodca e eu rum
Estávamos acendendo um pavio oculto no escuro...
Como uma catapulta de merda armando-se...
Televisão passando qualquer coisa desinteressante
E suas pernas de fora, um chamamento feito dor
Então sorri e disse: ei Estela... sua boca esta ok?
Ela não pensou duas vezes... veio mamar a teta inflável

Mas a fome não se satisfaz assim só...
Disse a ela: Estela... deixa eu ver o teu rabo?
-Claro amor... não tá bonito não...
Eu, o bizarro, o medonho, o sonho convertendo-se em pesadelo instantâneo
A mordaça no pescoço...
Ela baixou a calcinha... e eu abri um pouco a bunda dela... devagar...
Nunca tinha visto um rabo assim... parecia uma morcela deformada...
Uma tripa falante, berrando espaços...
Mas o cheiro era bom...

-Ei Estela, isso aqui tá bem feio...hein... quase não vejo o teu cu...
-É assim mesmo Fabiano... é uma crise violenta...
-Sei... terrível hein... algo que se possa fazer?
-Não...nem toca ai por favor...dói muito.
Eu ainda estava com o negocio duro... e tive vontade de enfiar ali...
Então decidimos investir na xoxota... mas ambos estávamos bêbados demais...
Era uma manobra delicada para o momento....
Acabou que ambos erramos o buraco...
E naquela madrugada, um grito rasgou a noite
Como os apelos da verdade em um tribunal em chamas.

Luís Fabiano.


domingo, abril 14, 2013


  Pelotas Tatuada  



Benjamin Constant n 1476

Mr Pelé


Teaser - Mister Pelé  


Mister Pelé um ícone do soul music em Pelotas... escondido nas doquinhas, faz brilhar através de sua dança, um bom papo e simpatia cativante, mostra sua arte. Mister Pele conversou com o Fio da Navalha... e aqui apenas um tira gosto do que vem por aí.


  Mister Pelé !   








Francisco, Getúlio, Suzana e eu.

Por vezes você se cansa de pensar em si mesmo. Talvez por influencia de uma leitura, que estava fazendo no momento. Por vezes movido pela passionalidade, mergulho fundo...  Tento ser o que não sou.

A sombra em um meio dia, tentando imitar o sol... O sonho, o devaneio repleto de visgos de baba. São Francisco fazia em mim um desejo violento de ser bom...  Uma bondade idealizada, em um sentido totalmente desprendido. E nisso sempre creio. O amor é um movimento livre... Apenas de ida... Se ele precisar de volta... Ainda é um amor pequeno, um amor anão... Um meio amor ou troca de favores.

Deixava-me levar por tais pensamentos. Eram tão dignos que nem sequer me reconhecia. Um espantalho tendo sonhos humanos. Havia em mim um pouco de inocência estupida. Todos temos direito.
Foi assim que deixei o livro descansando sobre a cama. E fui em direção ao asilo, um deposito de humanos um ferro velho de almas, isso, tentaria exercitar o que havia lido lá.

Estava eivado de Francisco...  E tinha tanto que se podia fazer por aqueles que não conhecemos? É fato. Era um domingo como este, o sol brilhava limpo e tudo que eu queria é ser bacana com alguém...  Sem querer nada secundariamente. Queria sentir o que Francisco sentiu... Pretensão? Talvez...  Mas como uma droga eu queria essa sensação. Conseguiria? Não sei. Só querer por vezes não basta, outras coisas ocultas pesam na balança.
Cheguei ao asilo. A frente silenciosa era a face cansada de quem passou pela vida e agora quando teria tanto a dizer... E ninguém para ouvir. Uma senhora vestida de freira que estava a porta, me questiona:

-Pois não senhor?
-Vim visitar os senhores deste local...

O olhar dela percorre minhas roupas, franzi a testa numa desaprovação... Nítida, mas deixa-me entrar. Afinal os lugares temem tudo...  Minhas intenções não tem um cartão de visita. Aquilo não me caiu bem. Entrei e deixei a velha para trás, e sua cara feia.

E agora Fabiano? Pensei... Como conversar com alguém que você nunca viu? Mas ouvindo a minha voz interior... Como dizia Francisco, me sentei em um dos muitos bancos disponíveis. Era preciso observar o ambiente. Senhores e senhoras andavam por ali... E não conseguia captar a felicidade. Afinal a historia era real. Eles viveram um tempo de uma vida ativa, trabalhando cuidando dos filhos... E agora não havia mais espaço para eles? Os filhos de alguns os havia jogado lá... Ficaram com suas casas e salários? Ninguém sorria lá. Fui tomado por esta energia.

Pensei em mim... Pensei no futuro... Pensei que talvez algum dia se iria me tornar velho... E o que seria? Realidade afiada transpassando a alma... Eu teria coragem de ficar assim? Digo... De permanecer vivo? Não sei. Não sei.
Estava perdido em meus pensamentos, sentindo o cheiro daquele lugar, que embora limpo, tinha um cheiro antigo, carregado, cheiro do tempo algo parecido com livros úmidos.

Então um senhor se aproximou de mim... Sentou-se, e tinha um ar leve. Alguém estava sorrindo então:

-Boa tarde pra você – ele disse.
-Boa tarde pro senhor também...

Houve um silencio, como se as energias precisassem conectar-se... em algum lugar de nossas almas.

-Nunca o vi por aqui... E você, acho que não frequenta muito né...
-É verdade... Mas hoje vim a aqui... Para conhecer...
-Mas que bom... Que bom... Como você se chama?
-Fabiano... Muito prazer... Senhor?
-Getúlio... Como o ex-presidente... Mas ele não teve tanta sorte...
-Seu Getúlio... Desculpe a curiosidade... mas como o senhor veio parar aqui?
-Longa historia filho... longa... Mas eu posso dizer que não havia mais espaço pra mim... Na vida dos meus filhos e parentes... Então aqui estou.

Engoli em seco. Por vezes os espaços são roubados, por vezes não servimos para mais nada... Então é preciso um deposito. Ele seguiu:

-Bem... Acho justo para ser sincero com você. Eu detestaria estar atrapalhando a vida de meus filhos... Nunca seria um estorvo em suas vidas. Depois que a falecida se foi... Bem tudo ficou com pouco sentido. Mas tudo bem... É o que Deus quer.

A esta altura, meu coração estava apertado. Não sabia exatamente o que dizer... Mensagem e otimismo? De onde... Deus quer?

-O senhor amava a sua esposa?
-Nossa... Difícil de explicar... Era o amor da minha vida... Minha única mulher... nunca tive outra. Minha primeira mulher em todos os sentidos entende? Namorada... na cama...na vida... Éramos um do outro...

Os olhos dele se encheram de lagrimas. Minha pergunta errada. Pedi desculpas.

-Que nada filho... que nada... São lembranças de um velho bobo...
-Não me lembro de ter amado assim na vida... A ninguém...
-O amor é que nos escolhe... As vezes é uma questão de tempo...
-E hoje seu Getúlio... O que o senhor deseja na vida?

Ele olha para o alto... Seus olhos brilham como estrelas cintilantes em uma noite límpida, ele torna a sorrir com suavidade... e diz:

-Não desejo nada mais aqui, desta vida filho... Quero que o dia... Que Deus resolver me levar daqui... Que eu possa apenas tornar a encontrar a Suzana... Isso seria a melhor coisa... Não quero mais nada deste mundo...

A resposta dele encheu o ambiente de luz... eu me senti bem, ele também. Então ele se levantou dizendo que iria tomar café... ele só servem agora, se perdesse... Que na semana próxima quisesse aparecer... ele estaria ali...
Agradeci e o seu Getúlio, se foi. Levantei... e passei na frente da capela vazia... Aquelas imagens pareciam sorrir... Fui embora.

Na semana próxima, voltei... Quando entrei na porta a freira mal humorada me recepcionou, da mesma forma. Quem disse que estar perto de Deus, deixa as pessoas melhores?

Entrei, e sentei no mesmo banco. Fiquei observando. Mas desta vez nada aconteceu... o seu Getúlio...não apareceu. Então como antevendo o que viria... Perguntei para uma das enfermeiras...

-Por favor, senhora... O Seu Getúlio... Onde esta? Tá doente?

O rosto dela traduz certa tristeza.

-Lamento... Mas seu Getúlio faleceu na noite do domingo passado...

Fiquei em silencio. Ela se foi para suas atividades. Pensei em Francisco... Pensei em meu querer... Pensei o quanto a vida é o que é... Deixei uma lagrima escorrer.

Por fim lembrei-me da primeira e ultima conversa que tive com seu Getúlio, falei sozinho:

-Seu Getúlio... Que possa ter encontrado a dona Suzana...

É, acho que sim.


Luís Fabiano.



sábado, abril 13, 2013


 Pérola do dia:           

" Quem não fode... fode com a vida dos outros".

Luís Fabiano.

sexta-feira, abril 12, 2013


 Dica da Dj Helô - 2 

A Dj Helô, tem participado do Fio da Navalha, dando dicas de musica. 
Alias, musicas de alta qualidade, como são suas festas tão famosas na cidade e na região Sul. 

Com vocês hoje: Graveola e o Lixo Polifônico e a Música: Desdenha.







Pérola do dia:

“ O caminho para satisfação sexual de uma mulher, passa pelo seu coração...  comer a buceta é fácil, é melhor se você conseguir comer a alma dela também ”.


Rei das Bucetas.






Navalhadas Curtas: Autoajuda o caralho...

Gosto de caminhar a sem motivos... Ótimo. O calçadão apinhado, pessoas indo de um lado para o outro... Será que sabem para onde vão? Fodam-se. Eu não queria ir a lugar algum... Beleza.

Então lá vinha ele... Excessivamente feliz e irritante.  O Carlinhos faz o tipo de pessoa que mais detesto nesta vida: o positivo ao extremo. Ele tem desculpas até para uma guerra nuclear, um ataque terrorista, para uma bomba que mate alguns milhões... Ele tem uma resposta cheia de esperança vazia e sorri diante disso, como a complacência de um “deus” sem trono.

É um idiota completo...  E agora vinha na minha direção, um míssil de sorrisos. Pensei comigo: Deus mate ele ou me mate... Por favor. Mas ao que parece, Ele estava surdo:

-F-a-b-i-a-n-o ! Cara que bom te encontrar querido... Tudo em paz?
-E aí... Não... Tá tudo uma merda.
-Não diz isto meu rapaz... A vida é maravilhosa... A vida é linda... A vida...

Senti o estomago se enrolar, a ideia me parecia ótima, vomitar nos pés dele e esperar que ele achasse beleza nisso...

-Ta bem Carlinhos, tá bem... Já estou melhor.
Existem pessoas que só conseguem despertar coisas ruins em mim. Ele era um.

-A vida é um presente de Deus Fabiano... Alegria, esperança, amor e unção...

Autentica fala de quem nunca se fudeu na vida. Pense um pouquinho otário... mudei a conversa, queria tirar aquele sorriso estupido da cara dele.

-Carlinhos...  Como vai a tua mulher?
-Nossa Sonia vai muito bem... Feliz... E linda.
-É vero Carlinhos... Ela é linda pra caralho né?... Porra sempre tive vontade de comer ela...
-Não entendi Fabiano...
-É... Sempre pensei naquelas tetas lindas que ela tem... Cara eu adoraria come-la... aqui mesmo no chafariz do Calçadão, no por do sol... Nós gemendo ao som das águas do chafariz... Já pensou?

Ao que parece funcionou... O cara fechou a cara pela primeira vez... em anos, parecia muito ofendido... Se for sem dizer nadinha...  Eu sorri e pensei: bem vindo ao mundo Carlinhos.

Luís Fabiano.


segunda-feira, abril 08, 2013



Pérola do dia:

“ Na vida quando você quer realmente alguma coisa... você precisa mostrar a pica dura... é isso, ou tudo é falso”.


Luís Fabiano

Gagui-Entrevista


   GAGUI IDV - ENTREVISTA    

Fio da Navalha esta percorrendo as estradas do Rap em Pelotas... E estamos encontrando muito talento nesta trajetória... Gagui é um deles... trazendo seu jeito de traduzir verdades nas rimas rápidas, informação e consciência, para mim é um honra tê-lo aqui.
 Senhoras e Senhores... Gagui IDV !





domingo, abril 07, 2013





Navalhadas Curtas: Um entre tantos

Vinha caminhando, pensando em nada. Gosto disso, é um estado meditativo de aflições ausentes, sem preocupações... Tudo que se tem e precisa é o caminhar. Não me importo com o ambiente a minha volta. Um estado profundo de egoísmo existencial, onde e nada ou ninguém importam? Já sentiu isso? Creio que sim... Mas dificilmente você admitiria.

Então ele me olhou... Estava no chão, magro, sujo, com pelos faltando e meio assustado. Um cão de rua. Mas aquele olhar era quase humano. Não me entendam mal,  não sou sócio dos defensores dos animais ou mesmo carrego comigo uma placa de Salve as Baleias... Fodam-se baleias.

Cheguei perto dele... ele quis fugir...me abaixei e disse: ei amigo calma...tudo bem...fique tranquilo. Passei a mão sobre sua cabeça... e aqueles olhos sorriram. Ele parecia entender algo... E disse pra ele: ei cara, você esta precisando de uma comida... hein... Esta pele e osso...

Na esquina tinha uma padaria... Fui ate ali e comprei uns pães... Pensei comigo: porra Fabiano o que estas fazendo... Existem seres humanos morrendo por ai.
Mas eu fui meu próprio advogado: Fabiano... Neste momento não existe ninguém morrendo que estejas vendo ou que possas fazer algo... Mas o vira-lata esta aí...

Comprei três pães e dei ao cão, ele comeu animado... Feliz mesmo. Eu levantei para deixa-lo ele entregue aos pães... Então curiosamente o cão pulou sobre mim... Me lambeu o braço, a cara, numa animação extrema. Eu disse: ei amigo... Tudo certo... tudo certo...vá devagar...ok...

Consegui me levantar... e ele ficou me olhando... Então voltou aos pães... e eu segui meu caminho. Mas creio que o foda de tudo isso... E não ter a lembrança de alguém tenha me abraçado com este entusiasmo todo...


Luís Fabiano
ok.









Navalhadas Curtas: “Crackero” da porra

Noite sempre noite. Almas vagam a procura de um encontro... Talvez de encontrar-se. Por vezes não importa, tudo que você quer é um abraço... Um abraço qualquer, até de um cão doente.

Nunca paro nas sinaleiras de madrugada. Prefiro multa que assalto. Nesta noite em questão eu parei. Por quê? Sei-la... Talvez isso fizesse eu me sentir um “cidadão” de bem.

Então surgiu do nada, um cara muito magro, um esqueleto meio vivo meio morto, roupas  sujas e puídas, fedia todas as sujeiras deste mundo... O cara estava nervoso, louco e agitado... Agarra meu braço:

-Me da dinheiro cara... Me da grana meu... eu preciso...me dá...me dá...me dá...

Me assustei... Mas avaliei a situação. Ele estava muito fraco... Não apertava o meu braço... Não tinha forças pra isso.. Não estava armado. Considerei algumas alternativas: descer do carro e dar umas porradas no cara... Passar com o carro pro cima dele... Ou dar a grana. Quem iria se importar?

-Cara solta o meu braço... ok? Solta ai de boa... se não...
Aquele cheiro era horrível... uma mistura de merda, suor, sebo, mijo e sovaco poderoso. Vejam como são os meus valores... Uma mulher fedendo desta forma, eu consideraria qualidade... ele solta meu braço:

-Me da então... me da grana... Me dá, me dá...
Entrei em um raciocínio sócio-político às três da manhã... O Estado não cuida de seus filhos loucos, drogados, alcoolizados ou famintos... O cara não era culpado, ele é parte do sistema que é perfeito.

O mundo estava dando o foda-se para ele. Tudo que ele precisava era uma pedra, uma pedrinha só... Que merda... eu o Fabiano o redutor de danos.Foda-se. Mexi nos bolso e achei cinco reais. Dei a ele.

O maluco olhou para aquela grana, como uma mãe que consegue leite para seus filhos com fome... A felicidade brilhou em seus olhos. Me senti bem... 

Todos nos sentimos bem. A agonia tem preço, o amor tem preço, a beleza tem preço. Nem sempre é grana.
O cara sumiu na fumaça... o sinal abriu.

Luís Fabiano.






D.P

Ela me olha nos olhos
Olhos de oração, luxuria e taras
Meu coração se enternece nos esplendores da putaria sagrada
Não era exatamente o que eu imaginava
Mas a noite, nada é exatamente como é
Você não é tão bom... Ela vale tudo isso
Apenas quando o sol nascer, que você descobrirá... Fuck-se
O excesso de verdade é nocivo, tenho certeza disso

Existem coisas que não pedem
Elas devem fluir naturalmente como mijar e cagar...
-Fabiano... Faz DP comigo?
Álcool, noite avançada e um cansaço severo...
Não entendi porra nenhuma
-Que merda seria isso? DP... Departamento de Policia? Disposição provisória? Dar pau?
Determinar a profundidade? Oh, Yes... Dupla penetração.

Acho interessante... Ela estava drogada... e não fazia o perfil que sente dor facil
Assumiu a posição de combate... de 4... Sorria como Branca de Neve
Alinhei as coisas... e entrei devagar nela...
Estava duro como os pregos da cruz...
Dei uma boa cuspida no olho cego... e carinhosamente
Enfiei o dedão... Lentamente... como a uma doçura estelar
O teto poderia desabar... Um cometa poderia acertar o planeta
Os mortos erguerem-se de suas tumbas... Porra que sensação boa
Meu dedo foi se afundando... No macio cu...
Estávamos no ápice do romance...
O amor próximo do ser humano

O dedo estava todinho nela... Mas você sabe...
Gênios também têm suas decepções... Pecadores suas fraquezas
Mesmo o paraíso... Pode nos soar uma merda...
Senti que eu havia colocado dedo em gêiser, senti a merda muito mole lá dentro
E eu havia ligado o liquificador...
Então ela disse: Fabiano... eu to sentindo uma pressão forte aí... por favor,tira o dedo bem devagarinho...
-OK- eu disse...
Tirei o dedo rápido...

Luís Fabiano.


quarta-feira, abril 03, 2013

Pelotas tatuada


PELOTAS TATUADA...


Avenida Dom Joaquim n-685


segunda-feira, abril 01, 2013


  Trecho solto...  

Podia ver a estrada á minha frente. Eu era pobre e ficaria pobre. Mas eu não queria particularmente dinheiro. Eu sequer sabia o que desejava. Sim, eu sabia. Queria algum lugar para me esconder, um lugar em que ninguém tivesse que fazer nada. O pensamento de ser alguém na vida, não apenas me apavorava mas também me deixava enjoado.
Pensar em ser um advogado ou um professor ou um engenheiro, qualquer coisa desse tipo, parecia-me impossível.
Casar, ter filhos, ficar preso a uma estrutura familiar. Ir e retornar de um local de trabalho todos os dias .Era impossível. Fazer coisas simples, participar de piquenique em família, festas de natal, Dia do trabalho, Dia das mães... afinal, é para isso que nasce um homem, para enfrentar essas coisas até o dia de sua morte?
Preferia ser uma lavador de pratos, retornar para a solidão de um cubículo e beber até dormir.
A estrutura familiar. A vitória sobre a adversidade por meio da família... Meu pai acreditava nisso.Pegue a família, misture com Deus e a Pátria  acrescente a jornada de trabalho de dez horas e você teria o necessário”.

Extraído da obra: Misto Quente de Charles Bukowski.