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sábado, junho 22, 2013
sexta-feira, junho 21, 2013
Espaços
Existem espaços que jamais serão preenchidos
Estão fadados ao silêncio
A memória...
Existem espaços que ecoam sempre
Como o banco vazio da igreja
Um toco de cigarro, apagado previamente...
Espaço de mergulho
E o abismo que separa as emoções
Pontes tecidas de palavras
E espaços da ópera antes do aplauso
Espaço que não cabem em nossos espíritos
Espaço para estacionar o carro?
Espaços que fogem...
Lacunas e buracos sem poesia
Que não se preenchem com nada...
Nem amor
Dinheiro
Puteiro
Merda
Rancor...
O passado retornando...
Fatal
São as crateras lunares em você, em mim...
A beleza desmedida do fim...
E o risco cheio de esperança do novo...
O medo cala
No próximo passo...
Tudo torna a ficar bem...
Com você emergindo do próprio espaço.
Luís Fabiano.
Dica de Filme - Amour
Dica de Filme: Amor (Amour – 2012)
Quem disse que amor é mole? Amar é foda... Amor, é saber
que cedo ou tarde você vai se fuder... E ainda assim... você vai sentir que é
bom e importante, vai se sentir digno, e talvez se for de verdade... você amará mais.
Esta é a historia de Georges e Anna, dois sexagenários em
um dado instante de suas vidas, se deparam com a doença. Alias, doença e idade são coisas que
combinam. Então o amor é literalmente posto a prova? Ele resistirá a doença?
Resistirá às limitações? Resistirá a insanidade? Resistirá a fraldão, xixi e coco? E
banhos aos gritos? Resistirá a querer matar o outro?
Amar é foda, e sem duvida não é para fracos. O filme é
uma porrada em câmera lenta, arrastado e dramático, vai te sufocando à medida
que o tempo passa.
Bem, tire você mesmo as próprias conclusões, mas uma coisa
é certa, você vai ficar triste vendo este filme... mas afinal, o amor também causa
tristezas.
Luís Fabiano.
quinta-feira, junho 20, 2013
quarta-feira, junho 19, 2013
A festa
Algumas lembranças as vezes são um castigo da
consciência. Morta a lembrança, morta a consciência. Creio mesmo que no futuro
teremos um equipamento tecnológico que permitirá, amortecer por completo a
consciência, e por sua vez excluir as más memórias do córtex cerebral... Puta
que pariu.... Fabiano futurista? Sei lá... não importa, a humanidade já
desenvolveu mecanismos para ajudar: drogas, bebidas e outros tantos vícios para
aniquilar a consciência...portanto fique a vontade e escolha a sua dor e anestesia.
Aquela noite havia sido das mais caóticas. Estava casado
nesta época, com uma das tantas mulheres que tive. Decididamente eu não sei por
que tentei tanto... Talvez o destino... o destino que eu tinha, de tornar a
vida de cada uma delas um pouco pior...ok. Fiz a minha parte. Sempre fui bom de
tornar tudo um pouco pior. Eu nutria tolas esperanças como qualquer criatura.
Marta era bem mais velha que eu. Tudo bem... Nunca tive
problemas com idade... pode ser vinte, trinta ou quarenta anos...até hoje não
sei se tenho restrições. Acho que não. O que importa é o momento, é a instancia
que a cosia vai se dar. No início, bem ou mal tudo é bom. Muitas conversas... Muitas
fodas... É literalmente o paraíso de Adão e Eva. E depois Deus ou Diabos
assinam a carta de despejo do paraíso... E a merda vem rápido.
Marta era muito bonita, morena, pernas e cabelos longos,
uma xoxota grande e extremamente molhada, sorria fácil... Tinha arroubos de
insanidade sexual, o que me deixava muito feliz... Ela tentava me entender
dentro do possível. Apenas tentava. Mas confesso que eu próprio não me entendo.
Sou um avião quinze mil pés de altura e sem plano de voo. Tudo sempre é
iminente... Colisão iminente... Outro mundo iminente, perspectivas todas iminente...
vida e morte, poesia e bolero, drama e gargalhadas.
Nesta noite em questão Marta estava tarada. Leoa no
cio... E nesta noite decidimos sair para alguma festa. Ritual do acasalamento
em publico, putaria escancarada talvez. A noite estava quente neste período, eu
até gostava de aglomeramentos, hoje gente demais me causa náusea. Grupos se
comportam como cardumes de peixes... Sem pensamento. Prefiro uma mesa
solitária, uma musica leve... Talvez um sax refletido na valeta. Sim, boa vida.
Acabamos parando em uma festa nos arredores do Porto. Um
bar que infelizmente não existe mais nos dias de hoje. A música era alucinante...
Um metal violento, gente vestindo preto, cheiro forte de sovaco e perfume
francês. Boa mistura.
Ali estávamos... Entre metaleiros outras tribos.
Começamos a beber, a calibrar forte o espirito, como a poção do amor, tudo
começa a ficar mais denso... Sim... como se a realidade tivesse algo diluída...
O reflexo alcoólico, realmente torna qualquer ser humano melhor. Marta foi ao
banheiro... Fiquei próximo ao balcão do bar, meu local preferido.
Então do nada, aparece uma mulher, estava algo
descontrolada e sexy. Vestia jeans justo e uma camisa aberta no peito, expondo
em um decote, seios lindos... Grandes e suculentos. Olhei bem pra ela e as
tetas, ela riu:
-Gostou amor?
Adoro o jeito que putas falam, o jeito que olham, uma
mulher deve realmente dizer inúmeros palavrões... Rasgar a moralidade, esquecer
os anos de aprisionamento de suas próprias emoções, e mandar tudo se fuder.
Raras mulheres, mesmo nos dias de hoje falam assim... Até mesmo putas as vezes
não falam assim.
-Claro que sim... Impossível olhar para ti, e não ver
estas tetas...
Então como um raio, uma flecha rasgando espaços, ela se
aproximou de mim... Esfregando aquelas tetas lindas em mim... e me beijou ali
mesmo... Puta que pariu... a vida é sensacional. Vivo pela surpresa, pela
loucura, pelo inesperado. Sim vivo por isso. Uma realidade não anula outra, mas
soma-se em mim. Puta merda, maldita consciência. O beijo repleto de saliva,
cuspe, língua... A desconhecida era a vagabunda do amor livre, o berro
estridente da paixão... e a maior merda que se pode fazer.
O beijo durou muito. Então quando abro os olhos, Marta
estava atrás dela... Com aquele olhar... Você sabe? O olhar de uma mulher com
ciúmes. Sempre considerei o ciúme um sentimento medíocre. Parecerá estranho,
mas ao longo de minha vida jamais senti ciúmes das mulheres que tive. Isso me
gerou muitos problemas e duvidas. Para não dizer que não senti ciúmes nunca,
sim... Senti... quando tinha quinze anos, quando vi um amigo meu... Passando a
mão na bunda de minha namorada... E ela riu... Aquilo me pareceu ofensivo.
Depois... A vida me ensinou que sentimentos são coisas bem maiores... e mais
importantes... Que ciúme não passa de insegurança e aprisionamento... E nada
tem haver com amor... Nada mesmo.
O beijo estava maravilhoso... E agora viria o inferno. É
o preço. Marta se aproxima:
-Então Fabiano... Ela beija bem?(tinha raiva no olhar)
Seria um bom momento para mentir. Mas a verdade é assim
mesmo, um vomito que sai...
-Sim beija, e muito... demais mesmo.
-Ta certo... Então fica com ela filho da puta... Desaparece...
Esquece que a minha buceta existe.
A estranha que estava entre nós começa a rir... E vai
saindo de fininho.
Marta me dá as costas. Eu tentava entender onde eu havia
errado?
Segue... talvez.
Trecho extraído da obra não publicada: Beijo Sujo
Autor: Luís Fabiano.
terça-feira, junho 18, 2013
Trecho Solto...
“ Meus amigos sumiram.
Nenhum dele virou “artista”, ninguém morreu de Aids. Provavelmente
não. Imagino que devam ter casado, e que procriaram .Talvez tenham desfrutado
vidinhas felizes ao lado de esposas manipuladoras e histéricas e filhos adolescentes.
Sorte deles.
Um chifre eventualmente e uma ligeira indisposição com o
síndico do prédio. O que mais poderia ter acontecido na vida daqueles caras, além
das singelas gonorreias?
Um mestrado na Unicamp? Um rabo de cavalo grisalho numa
cabeça calva? Um probleminha com o filho mais velho que teria se mandado para Florianópolis
para virar surfista e maconheiro?
O que mais? Um chazinho do Santo Daime? O anonimato
explosivo, o mico de virar um Marc Chapmam de Osasco? A filha mais nova de 15
anos, justo a mais inteligente, a princesinha do papai, lésbica? Finais de
semana em
Buenos Aires para aproveitar o cambio favorável?
Engarrafamentos monstros na Rodovia Ayrton Senna?
Churrasco de contrafilé e cerveja Sol.
Um passeio de escuna em Paraty? O que mais?
O que
aconteceu com o garoto?”
Extraído da Obra: Charque
Autor: Marcelo Mirisola
segunda-feira, junho 17, 2013
domingo, junho 16, 2013
Navalhadas curtas: Pochete é o caralho...
Navalhadas curtas: Pochete é o caralho...
O cara não me via a anos(estudamos juntos)... e então com
a intimidade de rinoceronte se masturbando, me cumprimenta assim, em frente ao
meu prédio e vizinhos:
-Porra... e aí Fabiano... e essa pochete que estas
carregando ai... na frente( apontou minha barriga)...cadê o cara esbelto que
eras??!Há,há,há...
Filho da puta ficou rindo. As vezes as coisas saem sem
pensar... e minha vizinha conversava com ele, não sei o que... mas ao que
parece todos são íntimos nesta porra de prédio...
Olhei pra ele... olhei pra ela...que sorria com a ironia
feita pelo espertão...me irritei e apertei o gatilho:
-E aí Iuri, quanto tempo hein...É a barriga não é nada cara...
tens que ver o tamanho do meu pau, e desta bola esquerda aqui... parece o um
ovo de avestruz grande mesmo...( segurei o saco apertando a bola).
Como se um cometa tivesse caído entre ambos, os dois ficaram
em silencio mortal, ouvia-se os neurônios deles... em choque talvez... passei
entre os dois... que ficaram me olhando, num misto de censura, sem saber o que
dizer.
Soltei o saco na porta, e entrei no prédio. Quando voltei,
eles ainda estavam ali... mas nenhum deles disse uma única palavra quando eu
passei... acho que preferem falar quando eu não estou por perto... é sempre bom
reencontrar velhos “amigos”.
Luís Fabiano.
sábado, junho 15, 2013
Devasso das feridas
Devasso das feridas
Aquelas feridas cantam
Em traços de cicatrizes sem eco
Musicas ardidas de lembranças
Beijos se apagando
Toques não sentidos
Desejos não revelados
Minha memória, canta o que fere
Cala o que sentiu
Saudade sem ferida
Tua mão não sentida
Um carinho maldito
A linha na agulha em uma gaveta
Teus restos espalhados dentro e fora de mim
A luz coagulada do teu olhar
A ferida canta
Ferida muda
Lagrimas de diamante
Tuas feridas
Minhas feridas
Nosso encontro de dores
Resgatando a paz das sarjetas
O sublime me abraça
E estamos presos a mesma teia
Somos presas e predadores
Sorvendo silêncios
Nos espreitando, nos devorando.
Luís Fabiano.
quinta-feira, junho 13, 2013
Entrevista - Brenda Lee Di Fourton
Fio da Navalha
Entrevista – Brenda Lee Di Fourton
As respostas são afiadas, a postura é elegante e a
atitude um norte. Foi assim, que Fio da Navalha percebeu Brenda Lee, e
mergulhou um pouco no seu mundo, numa entrevista repleta de intensidade, emoção
e duras verdades.
Aqui, num conteúdo exclusivo de Pelotas para o mundo, com
grande satisfação da Equipe Fio da Navalha para vocês, Senhoras e Senhores –
Brenda Lee Di Fourton.
Luís Fabiano
Navalhadas Curtas: Queixas...
Existem dias e dias... e as vezes a tolerância esta no
zero. Estou caminhando no calçadão, então encontro Gilberto. Gilberto sempre
foi chato, e a idade o tornou pior. Quem disse que se melhora com a idade? Putaqueopariu!
-Porra e ai Gilberto... beleza ?
-O Fabiano... Que beleza nada cara... A minha vida a uma
merda...
Pensei: porque perguntei... Era para ter passado direto...
Hoje não é bom dia para isso.
-Mas que foi cara?
-Minha mulher cara... Não sei o que deu nela...
-Quem é a tua mulher atual?
-A Renata... Estou com há três meses...
Fiquei interessado...
-Mas que houve com ela?
-Cara to esgotado... ela é maluca eu acho...só quer
fuder, fuder e fuder... Não aguento mais...
Comecei a rir, o ser humano é foda mesmo, milhares de
pessoas com problemas realmente sérios... e o cara com um ninfo em casa...esta
triste...
-Porra Gilberto é o sonho de qualquer homem...
Ele sorri triste, e não parece nada feliz... Ficamos em
silencio um minuto, em respeito talvez a taradona... Mas eu prefiro perder o
amigo que a piada, mas eu estava falando sério:
-O Gilberto... Tu não queres me emprestar a Renata por
uma semana?
Ele me olha... E sai de cena... Sem dizer uma única palavra.
Acho que ele é ciumento.
Luís Fabiano.
quarta-feira, junho 12, 2013
Bunda Linda, Olhos Horriveis
Bunda linda e olhos horríveis.
Isso me acontece ás vezes.
Mergulho na noite, e ela me engole. Ou então saio com alguém,
e por motivos aleatórios a minha vontade, acabamos nos perdendo por aí. Então
volto sozinho, ou com alguma desconhecida pendurada. Num jogo zero a zero
comigo mesmo.
Cris me telefona e quer sair. Acha que sou boa companhia.
Eu não me acho boa companhia, mas engano bem. Pago o preço. Temos essa parceria
informal. Um bom jogo aberto. Faça o que você quiser, e eu também. Eventualmente fazemos um encontro de
intimidades.
Você me satisfaz, eu te satisfaço, trocamos algumas
risadas, caricias avulsas e tudo certo. É tudo tão limpo, tão nítido, tão
asséptico que chega a dar nojo.
Ela queria manter as emoções distantes. A entendia bem.
Feridas frescas. A mulher que ela amava decidiu mudar tudo. Eram amigas,
amantes confidentes e tudo mais. Uma poesia feita de confiança e cumplicidade
lírica, quase ideológica. Cris se entrega a emoção. A emoção a guia, a emoção a
destrói, a emoção lhe coroa.
Custou muito a abrir-se novamente. Queria voar, mas suas
asas emocionais se abriam dentro de uma jaula. Tudo era lembrança de Gení.
Mesmo quando olhava para mim ou para outra mulher, ou para os restos dela que
ficaram pela casa. Cabelos no pente antigo, a caneta sem tinta, a calcinha
esquecida.
Aceitei o convite de sair. Nada a perder. Iríamos cumprir
o script mais ou menos decorado. Beberíamos algo, então vagaríamos nos bares de
Pelotas. Nômades de um deserto escuro, almejando estrelas. Numa noite de terça
feira? Como costumo dizer, depois da meia noite pouca coisa pode ser boa.
Depois da Avenida e meia dúzia de cervejas, acabamos parando em um pequeno
inferno nas proximidades do porto.
O lugar não tinha nome. Não vi escrito. Pessoas sentadas á
porta tomavam cerveja. Lá dentro um pequeno grupo tocava uma musica. Num idioma
que mais parecia espanhol. Achei aquilo perfeito. Não sabia se eles não
cantavam direito, ou eu que não estava escutando bem. Bebida demais creio.
Ali todos estavam muito altos. De tudo e todas as coisas.
Misturas. Fomos entrando e sentamos em uma mesa. Cris estava solta. A bebida
havia lhe afrouxado o cérebro e outras coisas também.
A parca iluminação do local dava-lhe um aspecto
espectral. Sob tais circunstancias tudo
fica parecendo oque não é. O belo se oculta o terrível torna-se brando, os
dentes menos afiados.
Pedimos outra cerveja e seguimos a brincadeira. Cris vai
ao banheiro. Fico olhando para ver o que pode sobrar para mim. Gosto de todo
tipo de refugo. Fico olhando o vazio. Começo achar que não foi uma boa ideia
ter saído aquela noite. Cris demora demais no banheiro, alguma coisa estava
acontecendo. Fui lá conferir.
No balcão do bar uma mulher. Cinquentona, bebia vodca
abandonada. Tinha olhos sombrios e esmeraldinos. Olhos sem luz . Sempre pensei
que olhos verdes, deveriam ser lindos, maravilhosos e brilhantes. Não. A vodca
pela metade, ela pela metade. Olhei com olhar de vampiro. Ela parecia fácil,
parecia entregue a si, poderia entregar-se a mim também. Vestia preto e tinha cabelos prateados. Quando
passei, sorri malicioso. Ela retribuiu.
Quando chego perto do banheiro encontro Cris se amassando
com a mulher dos seus sonhos. Como todo idiota previsível, meu primeiro
pensamento. Iriamos transar os três. Eu e duas mulheres, noite interessante e
perfeita, me animei.
Decidi voltar para mesa e esperar os acontecimentos. Em
alguns minutos, Cris volta dizendo que estava indo embora. Que uma tal de Adriana a iria levar não sei
pra onde.
Apenas disse tchau e boa noite?
Que merda. Era preciso ter um plano B. Salvar o resto da
minha noite, para noite não tornar-se resto de mim.
Notei que a cinquentona sorria junto ao balcão. Acenei
com copo para ela mostrando o lugar vazio. Ela veio rápida, pude olhar o talhe
de seu corpo. Uma figura delgada. Usava uma destas calças folgadas demais no corpo.
Debaixo daquilo, tudo era um mistério.
Então:
-Sozinho?
-É, agora estou.
-Eu também. Quer dizer, tenho só a vodca aqui.
-Acho que deveríamos juntar nossas solidões.
Ela sorri. Nunca foi tão fácil. Gosto de coisas
descomplicadas. Ela não queria ouvir histórias eu tão pouco conta-las. Se
tivesse que fazer o conto da carochinha para leva-la para cama, certamente eu
iria embora só. Como sempre.
Fiz um carinho no seu rosto, entre os cabelos e a beijei
nos lábios, suavemente. De perto seus olhos eram sem vida.. Mas não iria
investigar nada. Não hoje. Tudo que se tem é o momento presente, sua
intensidade, sua gloria, seu desastre. Quando remexemos o interior do ser
humano, muita coisa vem a tona. Mas viria a tona em uma madrugada de
terça-feira? Não.
Terminou a vodca e fomos para o motel sem escalas. Ela
despia-se com graça. Devagar e bêbada. A
pele muito branca, lembrava a neve diluindo-se.
Quando peguei a bunda, era de mármore de Carrara, gelada
e branca. O inverno de nossas vidas. Sua melhor qualidade. Melhor de tudo que
eu tinha.
Nos abraçamos usufruindo um do outro. Não sabia nem seu
nome. E ainda bem que perguntei quando estávamos nos vestindo para ir embora. Ela
tinha o nome de minha vó. Georgina? Nossa. Transei com a minha vó. Bom, agora
já tinha. Em um ultimo relance ela me olha de lado. Aqueles olhos apagados eram
nada perto daquela bunda linda. As vezes é assim. As pessoas têm corpos mais
lindos que suas almas. É tudo que se pode ver.
Luís Fabiano
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