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sexta-feira, junho 21, 2013

Perola





Espaços

Existem espaços que jamais serão preenchidos
Estão fadados ao silêncio
A memória...
Existem espaços que ecoam sempre
Como o banco vazio da igreja
Um toco de cigarro, apagado previamente...
Espaço de mergulho
E o abismo que separa as emoções
Pontes tecidas de palavras
E espaços da ópera antes do aplauso
Espaço que não cabem em nossos espíritos
Espaço para estacionar o carro?
Espaços que fogem...
Lacunas e buracos sem poesia
Que não se preenchem com nada...
Nem amor
Dinheiro
Puteiro
Merda
Rancor...
O passado retornando... 
Fatal
São as crateras lunares em você, em mim...
A beleza desmedida do fim...
E o risco cheio de esperança do novo...
O medo cala
No próximo passo...
Tudo torna a ficar bem...
Com você emergindo do próprio espaço.

Luís Fabiano.



Dica de Filme - Amour


 Dica de Filme:  Amor   (Amour – 2012)

Quem disse que amor é mole? Amar é foda... Amor, é saber que cedo ou tarde você vai se fuder... E ainda assim... você vai sentir que é bom e importante, vai se sentir digno, e talvez se for de verdade... você amará mais.

Esta é a historia de Georges e Anna, dois sexagenários em um dado instante de suas vidas, se deparam com a doença. Alias, doença e idade são coisas que combinam. Então o amor é literalmente posto a prova? Ele resistirá a doença? Resistirá às limitações? Resistirá a insanidade? Resistirá a fraldão, xixi e coco? E banhos aos gritos? Resistirá a querer matar o outro?

Amar é foda, e sem duvida não é para fracos. O filme é uma porrada em câmera lenta, arrastado e dramático, vai te sufocando à medida que o tempo passa.
Bem, tire você mesmo as próprias conclusões, mas uma coisa é certa, você vai ficar triste vendo este filme... mas afinal, o amor também causa tristezas.


Luís Fabiano.




quinta-feira, junho 20, 2013



Momento boa Musica

  Momento Boa Música 

Marylin Mason - Born Villain 





quarta-feira, junho 19, 2013



A festa

Algumas lembranças as vezes são um castigo da consciência. Morta a lembrança, morta a consciência. Creio mesmo que no futuro teremos um equipamento tecnológico que permitirá, amortecer por completo a consciência, e por sua vez excluir as más memórias do córtex cerebral... Puta que pariu.... Fabiano futurista? Sei lá... não importa, a humanidade já desenvolveu mecanismos para ajudar: drogas, bebidas e outros tantos vícios para aniquilar a consciência...portanto fique a vontade e escolha a sua dor e anestesia.

Aquela noite havia sido das mais caóticas. Estava casado nesta época, com uma das tantas mulheres que tive. Decididamente eu não sei por que tentei tanto... Talvez o destino... o destino que eu tinha, de tornar a vida de cada uma delas um pouco pior...ok. Fiz a minha parte. Sempre fui bom de tornar tudo um pouco pior. Eu nutria tolas esperanças como qualquer criatura.

Marta era bem mais velha que eu. Tudo bem... Nunca tive problemas com idade... pode ser vinte, trinta ou quarenta anos...até hoje não sei se tenho restrições. Acho que não. O que importa é o momento, é a instancia que a cosia vai se dar. No início, bem ou mal tudo é bom. Muitas conversas... Muitas fodas... É literalmente o paraíso de Adão e Eva. E depois Deus ou Diabos assinam a carta de despejo do paraíso... E a merda vem rápido.

Marta era muito bonita, morena, pernas e cabelos longos, uma xoxota grande e extremamente molhada, sorria fácil... Tinha arroubos de insanidade sexual, o que me deixava muito feliz... Ela tentava me entender dentro do possível. Apenas tentava. Mas confesso que eu próprio não me entendo. Sou um avião quinze mil pés de altura e sem plano de voo. Tudo sempre é iminente... Colisão iminente... Outro mundo iminente, perspectivas todas iminente... vida e morte, poesia e bolero, drama e gargalhadas.

Nesta noite em questão Marta estava tarada. Leoa no cio... E nesta noite decidimos sair para alguma festa. Ritual do acasalamento em publico, putaria escancarada talvez. A noite estava quente neste período, eu até gostava de aglomeramentos, hoje gente demais me causa náusea. Grupos se comportam como cardumes de peixes... Sem pensamento. Prefiro uma mesa solitária, uma musica leve... Talvez um sax refletido na valeta. Sim, boa vida.

Acabamos parando em uma festa nos arredores do Porto. Um bar que infelizmente não existe mais nos dias de hoje. A música era alucinante... Um metal violento, gente vestindo preto, cheiro forte de sovaco e perfume francês. Boa mistura.
Ali estávamos... Entre metaleiros outras tribos. Começamos a beber, a calibrar forte o espirito, como a poção do amor, tudo começa a ficar mais denso... Sim... como se a realidade tivesse algo diluída... O reflexo alcoólico, realmente torna qualquer ser humano melhor. Marta foi ao banheiro... Fiquei próximo ao balcão do bar, meu local preferido.

Então do nada, aparece uma mulher, estava algo descontrolada e sexy. Vestia jeans justo e uma camisa aberta no peito, expondo em um decote, seios lindos... Grandes e suculentos. Olhei bem pra ela e as tetas, ela riu:

-Gostou amor?

Adoro o jeito que putas falam, o jeito que olham, uma mulher deve realmente dizer inúmeros palavrões... Rasgar a moralidade, esquecer os anos de aprisionamento de suas próprias emoções, e mandar tudo se fuder. Raras mulheres, mesmo nos dias de hoje falam assim... Até mesmo putas as vezes não falam assim.

-Claro que sim... Impossível olhar para ti, e não ver estas tetas...

Então como um raio, uma flecha rasgando espaços, ela se aproximou de mim... Esfregando aquelas tetas lindas em mim... e me beijou ali mesmo... Puta que pariu... a vida é sensacional. Vivo pela surpresa, pela loucura, pelo inesperado. Sim vivo por isso. Uma realidade não anula outra, mas soma-se em mim. Puta merda, maldita consciência. O beijo repleto de saliva, cuspe, língua... A desconhecida era a vagabunda do amor livre, o berro estridente da paixão... e a maior merda que se pode fazer.

O beijo durou muito. Então quando abro os olhos, Marta estava atrás dela... Com aquele olhar... Você sabe? O olhar de uma mulher com ciúmes. Sempre considerei o ciúme um sentimento medíocre. Parecerá estranho, mas ao longo de minha vida jamais senti ciúmes das mulheres que tive. Isso me gerou muitos problemas e duvidas. Para não dizer que não senti ciúmes nunca, sim... Senti... quando tinha quinze anos, quando vi um amigo meu... Passando a mão na bunda de minha namorada... E ela riu... Aquilo me pareceu ofensivo. 

Depois... A vida me ensinou que sentimentos são coisas bem maiores... e mais importantes... Que ciúme não passa de insegurança e aprisionamento... E nada tem haver com amor... Nada mesmo.
O beijo estava maravilhoso... E agora viria o inferno. É o preço. Marta se aproxima:

-Então Fabiano... Ela beija bem?(tinha raiva no olhar)

Seria um bom momento para mentir. Mas a verdade é assim mesmo, um vomito que sai...

-Sim beija, e muito... demais mesmo.
-Ta certo... Então fica com ela filho da puta... Desaparece... Esquece que a minha buceta existe.

A estranha que estava entre nós começa a rir... E vai saindo de fininho.
Marta me dá as costas. Eu tentava entender onde eu havia errado?


Segue... talvez.

Trecho extraído da obra não publicada: Beijo Sujo
Autor: Luís Fabiano.



terça-feira, junho 18, 2013


 PELOTAS TATUADA 



Rua Felix da Cunha - 557


Fuck



Trecho Solto...



  Trecho Solto...  

Meus amigos sumiram.
Nenhum dele virou “artista”, ninguém morreu de Aids. Provavelmente não. Imagino que devam ter casado, e que procriaram .Talvez tenham desfrutado vidinhas felizes ao lado de esposas manipuladoras e histéricas e filhos adolescentes. Sorte deles.

Um chifre eventualmente e uma ligeira indisposição com o síndico do prédio. O que mais poderia ter acontecido na vida daqueles caras, além das singelas gonorreias?

Um mestrado na Unicamp? Um rabo de cavalo grisalho numa cabeça calva? Um probleminha com o filho mais velho que teria se mandado para Florianópolis para virar surfista e maconheiro?

O que mais? Um chazinho do Santo Daime? O anonimato explosivo, o mico de virar um Marc Chapmam de Osasco? A filha mais nova de 15 anos, justo a mais inteligente, a princesinha do papai, lésbica? Finais de semana em 
Buenos Aires para aproveitar o cambio favorável?

Engarrafamentos monstros na Rodovia Ayrton Senna? Churrasco de contrafilé e cerveja Sol.
Um passeio de escuna em Paraty? O que mais?
O que aconteceu com o garoto?”

Extraído da Obra: Charque
Autor:  Marcelo Mirisola


segunda-feira, junho 17, 2013

domingo, junho 16, 2013

Navalhadas curtas: Pochete é o caralho...




Navalhadas curtas: Pochete é o caralho...

O cara não me via a anos(estudamos juntos)... e então com a intimidade de rinoceronte se masturbando, me cumprimenta assim, em frente ao meu prédio e vizinhos:

-Porra... e aí Fabiano... e essa pochete que estas carregando ai... na frente( apontou minha barriga)...cadê o cara esbelto que eras??!Há,há,há...

Filho da puta ficou rindo. As vezes as coisas saem sem pensar... e minha vizinha conversava com ele, não sei o que... mas ao que parece todos são íntimos nesta porra de prédio...
Olhei pra ele... olhei pra ela...que sorria com a ironia feita pelo espertão...me irritei e apertei o gatilho:

-E aí Iuri, quanto tempo hein...É a barriga não é nada cara... tens que ver o tamanho do meu pau, e desta bola esquerda aqui... parece o um ovo de avestruz grande mesmo...( segurei o saco apertando a bola).

Como se um cometa tivesse caído entre ambos, os dois ficaram em silencio mortal, ouvia-se os neurônios deles... em choque talvez... passei entre os dois... que ficaram me olhando, num misto de censura, sem saber o que dizer.

Soltei o saco na porta, e entrei no prédio. Quando voltei, eles ainda estavam ali... mas nenhum deles disse uma única palavra quando eu passei... acho que preferem falar quando eu não estou por perto... é sempre bom reencontrar velhos “amigos”.


Luís Fabiano.

Poesia Fotografica



sábado, junho 15, 2013

Devasso das feridas



Devasso das feridas

Aquelas feridas cantam
Em traços de cicatrizes sem eco
Musicas ardidas de lembranças
Beijos  se apagando
Toques não sentidos
Desejos não revelados
Minha memória, canta o que fere
Cala o que sentiu
Saudade sem ferida
Tua mão não sentida
Um carinho maldito

A linha na agulha em uma gaveta
Teus restos espalhados dentro e fora de mim
A luz coagulada do teu olhar
A ferida canta
Ferida muda
Lagrimas de diamante

Tuas feridas
Minhas feridas
Nosso encontro de dores
Resgatando a paz das sarjetas
O sublime me abraça
E estamos presos a mesma teia
Somos presas e predadores
Sorvendo silêncios
Nos espreitando, nos devorando.

Luís Fabiano.



quinta-feira, junho 13, 2013

Entrevista - Brenda Lee Di Fourton


Fio da Navalha


  Entrevista – Brenda Lee Di Fourton  

As respostas são afiadas, a postura é elegante e a atitude um norte. Foi assim, que Fio da Navalha percebeu Brenda Lee, e mergulhou um pouco no seu mundo, numa entrevista repleta de intensidade, emoção e duras verdades.
Aqui, num conteúdo exclusivo de Pelotas para o mundo, com grande satisfação da Equipe Fio da Navalha para vocês, Senhoras e Senhores – Brenda Lee Di Fourton.

Luís Fabiano





 Momento Boa Música 

Alcione - Mesa de Bar





Pérola do Dia





Navalhadas Curtas: Queixas...

Existem dias e dias... e as vezes a tolerância esta no zero. Estou caminhando no calçadão, então encontro Gilberto. Gilberto sempre foi chato, e a idade o tornou pior. Quem disse que se melhora com a idade? Putaqueopariu!

-Porra e ai Gilberto... beleza ?
-O Fabiano... Que beleza nada cara... A minha vida a uma merda...

Pensei: porque perguntei... Era para ter passado direto... Hoje não é bom dia para isso.

-Mas que foi cara?
-Minha mulher cara... Não sei o que deu nela...
-Quem é a tua mulher atual?
-A Renata... Estou com há três meses...

Fiquei interessado...

-Mas que houve com ela?
-Cara to esgotado... ela é maluca eu acho...só quer fuder, fuder e fuder... Não aguento mais...

Comecei a rir, o ser humano é foda mesmo, milhares de pessoas com problemas realmente sérios... e o cara com um ninfo em casa...esta triste...

-Porra Gilberto é o sonho de qualquer homem...

Ele sorri triste, e não parece nada feliz... Ficamos em silencio um minuto, em respeito talvez a taradona... Mas eu prefiro perder o amigo que a piada, mas eu estava falando sério:

-O Gilberto... Tu não queres me emprestar a Renata por uma semana?

Ele me olha... E sai de cena... Sem dizer uma única palavra.
Acho que ele é ciumento.


Luís Fabiano.


quarta-feira, junho 12, 2013

Bunda Linda, Olhos Horriveis




Bunda linda e olhos horríveis.

Isso me acontece ás vezes.
Mergulho na noite, e ela me engole. Ou então saio com alguém, e por motivos aleatórios a minha vontade, acabamos nos perdendo por aí. Então volto sozinho, ou com alguma desconhecida pendurada. Num jogo zero a zero comigo mesmo.

Cris me telefona e quer sair. Acha que sou boa companhia. Eu não me acho boa companhia, mas engano bem. Pago o preço. Temos essa parceria informal. Um bom jogo aberto. Faça o que você quiser, e eu também.  Eventualmente fazemos um encontro de intimidades.

Você me satisfaz, eu te satisfaço, trocamos algumas risadas, caricias avulsas e tudo certo. É tudo tão limpo, tão nítido, tão asséptico que chega a dar nojo.
Ela queria manter as emoções distantes. A entendia bem. Feridas frescas. A mulher que ela amava decidiu mudar tudo. Eram amigas, amantes confidentes e tudo mais. Uma poesia feita de confiança e cumplicidade lírica, quase ideológica. Cris se entrega a emoção. A emoção a guia, a emoção a destrói, a emoção lhe coroa.

Custou muito a abrir-se novamente. Queria voar, mas suas asas emocionais se abriam dentro de uma jaula. Tudo era lembrança de Gení. Mesmo quando olhava para mim ou para outra mulher, ou para os restos dela que ficaram pela casa. Cabelos no pente antigo, a caneta sem tinta, a calcinha esquecida.
Aceitei o convite de sair. Nada a perder. Iríamos cumprir o script mais ou menos decorado. Beberíamos algo, então vagaríamos nos bares de Pelotas. Nômades de um deserto escuro, almejando estrelas. Numa noite de terça feira? Como costumo dizer, depois da meia noite pouca coisa pode ser boa. Depois da Avenida e meia dúzia de cervejas, acabamos parando em um pequeno inferno nas proximidades do porto.

O lugar não tinha nome. Não vi escrito. Pessoas sentadas á porta tomavam cerveja. Lá dentro um pequeno grupo tocava uma musica. Num idioma que mais parecia espanhol. Achei aquilo perfeito. Não sabia se eles não cantavam direito, ou eu que não estava escutando bem. Bebida demais creio.
Ali todos estavam muito altos. De tudo e todas as coisas. Misturas. Fomos entrando e sentamos em uma mesa. Cris estava solta. A bebida havia lhe afrouxado o cérebro e outras coisas também.

A parca iluminação do local dava-lhe um aspecto espectral.  Sob tais circunstancias tudo fica parecendo oque não é. O belo se oculta o terrível torna-se brando, os dentes menos afiados.
Pedimos outra cerveja e seguimos a brincadeira. Cris vai ao banheiro. Fico olhando para ver o que pode sobrar para mim. Gosto de todo tipo de refugo. Fico olhando o vazio. Começo achar que não foi uma boa ideia ter saído aquela noite. Cris demora demais no banheiro, alguma coisa estava acontecendo. Fui lá conferir.

No balcão do bar uma mulher. Cinquentona, bebia vodca abandonada. Tinha olhos sombrios e esmeraldinos. Olhos sem luz . Sempre pensei que olhos verdes, deveriam ser lindos, maravilhosos e brilhantes. Não. A vodca pela metade, ela pela metade. Olhei com olhar de vampiro. Ela parecia fácil, parecia entregue a si, poderia entregar-se a mim também.  Vestia preto e tinha cabelos prateados. Quando passei, sorri malicioso. Ela retribuiu.
Quando chego perto do banheiro encontro Cris se amassando com a mulher dos seus sonhos. Como todo idiota previsível, meu primeiro pensamento. Iriamos transar os três. Eu e duas mulheres, noite interessante e perfeita, me animei.

Decidi voltar para mesa e esperar os acontecimentos. Em alguns minutos, Cris volta dizendo que estava indo embora.  Que uma tal de Adriana a iria levar não sei pra onde.
Apenas disse tchau e boa noite?
Que merda. Era preciso ter um plano B. Salvar o resto da minha noite, para noite não tornar-se resto de mim.
Notei que a cinquentona sorria junto ao balcão. Acenei com copo para ela mostrando o lugar vazio. Ela veio rápida, pude olhar o talhe de seu corpo. Uma figura delgada. Usava uma destas calças folgadas demais no corpo. Debaixo daquilo,  tudo era um mistério. Então:

-Sozinho?
-É, agora estou.
-Eu também. Quer dizer, tenho só a vodca aqui.
-Acho que deveríamos juntar nossas solidões.

Ela sorri. Nunca foi tão fácil. Gosto de coisas descomplicadas. Ela não queria ouvir histórias eu tão pouco conta-las. Se tivesse que fazer o conto da carochinha para leva-la para cama, certamente eu iria embora só. Como sempre.

Fiz um carinho no seu rosto, entre os cabelos e a beijei nos lábios, suavemente. De perto seus olhos eram sem vida.. Mas não iria investigar nada. Não hoje. Tudo que se tem é o momento presente, sua intensidade, sua gloria, seu desastre. Quando remexemos o interior do ser humano, muita coisa vem a tona. Mas viria a tona em uma madrugada de terça-feira? Não.

Terminou a vodca e fomos para o motel sem escalas. Ela despia-se com graça. Devagar e bêbada.  A pele muito branca, lembrava a neve diluindo-se.
Quando peguei a bunda, era de mármore de Carrara, gelada e branca. O inverno de nossas vidas. Sua melhor qualidade. Melhor de tudo que eu tinha.

Nos abraçamos usufruindo um do outro. Não sabia nem seu nome. E ainda bem que perguntei quando estávamos nos vestindo para ir embora. Ela tinha o nome de minha vó. Georgina? Nossa. Transei com a minha vó. Bom, agora já tinha. Em um ultimo relance ela me olha de lado. Aqueles olhos apagados eram nada perto daquela bunda linda. As vezes é assim. As pessoas têm corpos mais lindos que suas almas. É tudo que se pode ver.

Luís Fabiano