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quarta-feira, julho 13, 2011


Eu não me escolho...

Elas escolhem sempre o pior em mim
Doenças que chamam doenças
Suspiros de suspiros
Depois vem o arrependimento
Quando a verdade desce como ácido na garganta
Então o canalha sai da toca
O imprestável
Enganador amado
O filho da puta carinhoso
O mentiroso alado
Tantas contradições
Por quê?
Deveria ser mais simples
Órgãos que se encontram
E se despedem
Mas sempre tem o mais...
O mais fode tudo
Tento explicar o quanto é importante
Mas não ouvem
Lavo minhas mãos e cavalgo a luz do dia
Você não entende porque não entende
Não há problema algum
Não sei como a vida surgiu no planeta
Não sei um monte de coisas
Ainda assim cometas riscam o céu
Esperanças brilham a noite
E mesmo que eventualmente
Algumas coisas funcionam
Mas talvez o que nem desconfiem
Que sou a pior das escolhas
Eu apenas lambo suas feridas


Luís Fabiano.



Navalhadas Curtas: Resistência ?


Poucas são tão confortáveis, como estar em uma sala de estar (sua ou não), usando apenas uma cueca, com uma garrafa de cerveja na mão, controle remoto na outra, e a tevê passando besteiras, ou um jogo desimportante. Sou o dono do mundo.
Isso eu chamo combustível para bomba atômica.

Então ela chega à sala e diz:
-A resistência do chuveiro queimou, podes fazer o favor de trocar?
-Yes baby, depois eu faço isso...
-Depois do que? Tu não estas fazendo nada ai...

Deus sabe o quanto eu detesto manutenções caseiras, tenho orgulho de ser um inútil, embora resistência de chuveiro eu saiba mais ou menos trocar. Troquei de canal e segui onde eu estava, enquanto ela parada me olhava, queria uma atitude imediata, rápida. Dei mais um gole na cerveja, e tirei a cueca da bunda e voltei a inércia:

-Ta, Fabiano tu não vais fazer?Eu preciso tomar banho agora...

Aquilo havia avançado para o próximo estágio, uma nevoa de irritação já estava no ar, disse pra ela relaxar, mas era tarde demais. Ela ficou ali falando sem parar, dizendo coisas desagradáveis pra mim, cuja mais suave era o quanto filho da puta eu era.
Troquei o canal, ela seguia falando alto.

Apontei o controle remoto para ela, tinha pensando em atira-lo na sua cabeça, mas não, apenas apontei, pressionei as teclas, mas o canal dela não mudou, nem ficou mudo. La no banheiro eu ainda ouvia o chuveiro despejando uma agua fria...



Luís Fabiano.

terça-feira, julho 12, 2011

Momento Mestre

Nelson Rodrigues – Amor Mercenário


 


Xavasca

A xoxota já estava em carne viva
Coçava-se a exaustão
Enquanto tentava pegar alguns “chatos” escondidos entre a pentelhama
Tudo era resultado natural
Homens demais
Vida a toda velocidade
Sem limites
Agora isso
Vê-la assim fez lembrar-me como era
Divertida em um short enterrado na bunda gulosa
Vinte poucos anos, achava aquela vida o ponto máximo
Avisei-a depois de uma foda mais ou menos
Que grande merda aquilo representava
Era puta de alma
Ignorou-me estendendo as mãos para pegar o dinheiro
Notas rotas
Comida para sua filha dizia
Nunca cotejei se era verdade ou não
Era seu show
Sua vida
Sua decisão
Não queria que assim fosse
Nos fragmentos de humanidade que me restam
Não queria tantas outras coisas
Que meu querer torna-se nulo
Barragens que se rompem
Pontes arrastadas
Inaceitáveis sentimentos de nossos apelos engolidos
Agora esses bichinhos insuportáveis
Caminhavam por ela
Sentia asco de si
Não me reconhecia
As vezes é bom não lembrar de bons passados
Segui caminhando
Como todos que seguiam
Levando consigo mesmo suas coceiras
Os bichos que carcomem por dentro
Afinal não é tal mal assim
Vez por outra
Algo nos pica e dói
Mas essa é a vida
Lagrimas e risos.

Luís Fabiano.

segunda-feira, julho 11, 2011

Existe o outro dia...



Existe o outro dia...

Bom acordar hoje
Uma corda distendida de redenção
As verdades continuam as mesmas
Imutáveis
Farpas e seda
Goteira do dia a dia
Tudo bem
Essa e muitas outras amanha
Relaxe
Afinal existem coisas que não podem ser concertadas
Como cagadas do passado
Como coisas que se foram em definitivo
Como se quase tudo não fosse definitivo
Deixa pra lá
É a vida
Deixe sereno
Não provoque-se
Afinal
Só se pode voar
Quando nos desapegamos do ninho
O primeiro salto sempre vai ser foda
É viver ou morrer
Mas o tempo todo é assim
Então desencane para não enlouquecer
Va com calma
Pois o fruto amadurece você querendo ou não
E tempo é o que se tem
Se tudo estiver muito ferrado
Uma dica: vá transar com alguém que você goste
Vá dar uma aliviada na vida
De alguma forma
Magias não existem
Mas uma coisa é certa
A vida esta em tuas entranhas
E se ali tá tudo bem...
Então tá tudo bem.

Luís Fabiano.

domingo, julho 10, 2011



Domingo Desalento

Tem dias que abrir os olhos pela manha é terrível
O nó na garganta
Os pedaços mal digeridos do ontem
Gosto ácido na boca
Fel adocicado destilado entre ausências e saudades
A cabeça toca a Cavalgada das Valquírias
Mas sem Valquírias
Antes fosse apenas ressaca
Uma vomitada um pouco d’água a cura
O chão ruindo sob meus pés
Minhocas e vermes minando o solo
Olho pra cima
O teto confunde-se ao céu cinza
Um grito mudo de desespero
Quero agarrar-me aos cabelos de Deus
Agarrar-me as tetas de Maria
Qualquer coisa
Dependurar-me nos galhos retorcidos do amor
Mas nada acontece
E esse aperto claustrofóbico no meu peito?
Recém abri os olhos neste domingo cinza
Preciso resistir as janelas
Preciso resistir a tudo
Ao mal estar
Ao veneno
Levanto correndo e vomito
E outra vez, e outra vez...
Lágrimas nos olhos
Cara colada ao sanitário
Um breve alivio estelar
Acho que é o inicio da esperança
Volto ao leito
Meu esquife
Durmo cinco minutos
Acordo novamente
Ainda não tenho muitas respostas
Mas não importa
Sinto-me melhor
No telefone silencioso algumas chamadas brilham
Desejos fulgurantes frustram-se
Mas hoje não...
Deixem-me morrer em paz.

 
Luís Fabiano.

sábado, julho 09, 2011

Pérola do dia :



“De uma maneira ou de outra, todos pagamos por sexo.”


 
Luis Fabiano.

sexta-feira, julho 08, 2011

Momento Boa Música


Pérola do dia :


“ Massageei o ego de alguém, e ele lhe dará o rabo com prazer, se achara digno por fazer isso.”



Luís Fabiano.

Gengivas musculosas


Samanta era uma sex... melhor dona Samanta, era uma sexagenária. Tivemos um caso breve e tórrido, repleto de todos os elementos de paixão arrebatadora, e claro de término fatal. Ela contava com sessenta e sete anos, uma disposição invejável de mulheres de vinte. Lembro de certa vez pensar: ela tinha pacto com o demônio?

Coxas firmes, pelas caminhadas e uma musculação leve, um cabelo bem hidratado, um olhar sorrateiro e decidido, uma vagina que era uma cachoeira de líquidos tenros. Mas não havia milagre, ela gostava de viver, queria viver e tomava os remédios certos. Remédios que diziam para seu corpo, que ele na verdade tinha trinta e sete. Fazia parte do seu ritual.

Encontramos-nos na noite, nos lugares “mal” frequentados da vida, algumas bebidas depois escorregávamos um para dentro do outro. As bebidas podem ser poções xamanicas modernas, capazes de nos levar sem muita crítica a fazer coisas. Mas claro eu só fui pensar nisso no outro dia. Quando acordamos, e a aparência da manha, é a única verdade que existe na vida. O resto é ilusão produzida, efeitos especiais os quais preferimos, a realidade nua e crua.

Eu acordei primeiro, pude constatar que o cabelo de Samanta estava saindo da cabeça todo ele... a cabeça toda? Não seria possível... é...ela usava uma peruca loira que até parecia cabelo de verdade. Relaxei afinal, cada um se vira como pode. Ela dormia ainda, roncava, por um breve instante fiquei admirando o corpo bom, que estava em relativa ordem isso me motivou mais. Encaixei o meu pequeno membro entre suas coxas e fiquei ali, quentinho e molhado... mas a vida teria outras surpresas pela frente.

Quando acordou, sentiu meu pau lá, fez leves movimentos graciosos, estava molhava. Isso ao amanhecer é bom mesmo, da ficar quase eternamente nisso. As vezes penso que a vida deveria ser assim. Então Samanta se vira pra mim, queria me dar o beijo de bom dia, quando se vira, olho para seu rosto matinal, sem pintura, babada e tudo parecia bem. Então ela me beija com uma língua, que mais parecia alisar minhas amidalas, quando coloquei a minha língua em sua boca, dei falta de alguma coisa... opa... onde estariam os dentes? Dentes ?? Jesus, que mais viria?

Aquilo me deu uma aflição, senti que descia uma escada no escuro, minha língua acariciou suas gengivas moles, com se tivesse beijando uma lesma melada e quente. Resisti como um macho, lembrando que uma frase: quando se vai ao inferno, é preciso beijar o demônio. Eu tenho esta disposição e muito mais, não desisto fácil. A única coisa que me derrota, sou eu mesmo. Fui em frente corajosamente. Tenho um defeito (ou qualidade nem sei) grave, eu gosto muito de mulheres. Gosto de todas elas, do jeito que são, como são, da forma que são, a bem da verdade, a forma diz muito pouco pra mim, o que vale o que carregam, o elemento complementar para mim, um elemento que não é possível criar artificialmente. Puta merda, tesão é tesão.

Ficamos naquilo, entre a baba matinal, remelas, hálito viciado e beijos intermináveis em lesmas. Fui em frente, uma cavalgada, suas pernas fortes subiram para cima de mim, sua vagina era de uma mulher jovem, incrível contraste rosado, rubro destilando secreções ,a porra feminina. As tetas balançam firmes, gosto de tetas que balançam. Nisso a peruca já havia caído totalmente, dando uma aparência de um cabelo ralo, quase calvo e branco, os dentes que haviam desaparecido mesmo. Procurei-os em um copo com um olho meio aberto, mas nada. Azar, foda-se, aquilo era um mistério, uma estrada que só Deus sabe onde iria dar.

Tivemos um orgasmo explosivo, ela era incrivelmente forte, apertou meu membro como um torno, puxando dele até a última gota de porra, entre os gritos mais selvagens que um humano pode dar. Gosto disso, mulheres que berram, que soltam seus instintos verdadeiros, sem reprimir nada, as pessoas se reprimem demais. Ela uivava, meio que chorava e no final teve um gozo tão aguado ou mijado que adorei.

Bem, agora o que seria?

Eu tinha vontade de ir embora, nosso diálogo não era dos melhores, éramos estranhos que trepavam bem. Acho que isso pode ser uma benção as vezes. Tem algumas mulheres que conversam bem, me inspiram a falar de coisas, outras são áridas, e os longos silêncios nos conduzem ao prazer e acaba, até a próxima vez. Sempre achei estranho isso, mas o corpo fala nas notas musicais dos desejos. Relaxei quanto a isso, não se pode ser absoluto para alguém, mas se pode ser muitas coisas. A comparação grotesca, é que vivemos a vida, sem nos dar conta plenamente da imensa desimportância de nossa existência, para o universo por exemplo. As estrelas não se abalam com nossas picuinhas, o sol não se importa se temos guerras ou morremos lentamente dia a dia. A natureza faz sua parte, ignorando complemente se tua vida é uma merda ou não Se tua vida é uma merda, bem, você mesmo é responsável por isso, seja feliz com sua merda ou deleite-se no seu mel, apenas não torre os culhões alheios.

Ela saiu de cima de mim, ficamos em silencio, nos recuperando daquela maravilhosa foda. Olhei para ela e não acreditei, fantástica aquela mulher. Ela poderia ser minha mãe, que maravilha. Samanta começa a se recompor, peruca, os dentes no banheiro, uma breve pintura. Tudo isso em silencio de oração, algo que dizia mais ou menos que era hora de ir. Realmente era a hora. Não tomei banho, me vesti, naquele silencio sem cumplicidade, ela sorria as vezes pra mim. Agora estava bonita novamente, eu disse:

-Bem Samanta, to indo...
-Ta bem, mas olha, tu vais voltar?
-Você quer que eu volte?
-Sim, sou mulher e tenho minhas necessidades, tu me ajudas nisso?
-Tudo bem.

Ela me abraça, aquele silencio persiste, não entendia e não queria entender. Não deseje devassar os abismos alheios. Todos carregamos algo, e mesmo dentro de nossa falta de importância, a vida deseja a vida, as almas a paz, e nos segundos que se escoam buscamos isso desesperadamente, mergulhando no amor possível, nos fragmentos de felicidade, na ânsia quase dolorosa de salvar-se.

Acho que hoje nos salvamos um pouco, ainda que seja apenas um pouco.
Paz.



Luís Fabiano.

quinta-feira, julho 07, 2011

Pérola do dia:

Amar é ser fiel a quem nos trai.”


 
Nelson Rodrigues


Gatas no Telhado

O celular toca de madrugada
Puta merda
Detesto telefones da madrugada
Ele brilha no escuro como olhos de gato
Atendo: hello!
A voz outro lado diz meu nome
Esticando a letra Oooo
Arrastada e bêbada
E diz ternamente: vem me comer agora...
Não, não vou... nunca mais vou te comer...
Bem
Mas já que me acordou faça o show
Gosto de pequenos shows eróticos...
Ela tá maluca e tórrida em uma noite a zero grau
Incentivei-a usar os dedinhos e gemer alto, gosto disso
Uma siririquinha de madrugada é lindo e doce
Ela faz enquanto fecho os olhos e acaricio o bicho
Ele dá uma boa crescida na minha mão, gosto do meu pau
Ficamos nessa bobagem um tempo
Até que ela geme mais forte e diz lógicas insanidades
Bebe mais, se mija, se goza, se pira
Então começa a curva
Não temos mais nada, e ao mesmo tempo isso acontece
Xanas choram e pirocas ficam saudosas
Sem que a emoção seja a liga desta merda
Xinga-me
Diz que me odeia e o quanto sou filho da puta por deixa-la assim
Bem vinda ao clube respondo
Tudo é rancor, dor e lagrimas evocativas
Mas eu jamais volto atrás
Uma vez adeus, é pá de cal
Fico escutando tudo em silencio de oração
Conheço bem este jogo
Fazem sempre a mesma coisa
Meu pau ainda esta duro
E minha paciência ganha o infinito
Então como uma bomba nuclear
Ela bate o telefone na minha cara
Telefones que tocam de madrugada
Que ligam e desligam almas
Mãos invisíveis agarrando-se aos fios
Balançando-os na corda bamba da vida
Voltei aos meus sonhos e pesadelos
Enquanto o celular apagava-se debilmente.

Luís Fabiano.

quarta-feira, julho 06, 2011


Navalhadas Curtas: Piscar de Olhos

Hoje sai para minha caminhada vespertina, intervalo de tudo, momento em que minha mente deseja alçar outros vôos, um vôo sereno descansado. Um desejo quase uterino de fertilizar-me através da luz que vira sombra, nos transeuntes meus semelhantes, nas ruas de sempre, seu fluxo e refluxo, ora veias transbordantes, ora desertos de pedra.

Não sei exatamente o que procuro quando saio, apenas fico atento, olhos de vampiro, deixando que a vida me fale, fale o que quiser, eu escuto no meu silencio as vezes respeitoso, doutras, babujando ironia e sarcasmo, sou assim. Um pendulo entre o céu e o inferno, brinco com os anjos pela manha, rolo com os demônios a tarde, e a noite os ignoro a todos, até o amanhecer.

Mas hoje quis ver dentro da maior pureza possível, o fiel entendimento que se pudesse captar, essa relutando verdade, que insiste em escapar, em camuflar-se e fugir. Confesso que não gostei do que vi.

A medida que ia avançando em direção o Centro da cidade, a tarde ia ficando densa, o frio ficando mais intenso, e a tarde turvando-se de noite, olhei o semblante dos meus semelhantes e tudo que vi foi estarrecimento, o frio fazendo a deformidade de suas expressões. Por um instante pensei: Que porra é essa de frio? Não acho isso justo, tenha-se a explicação filosófica que seja, evolução da espécie, enriquecimento vibracional, realmente nada explica e nada consola, frio esta ali.

Pode ter sido casualidade, mas não vi ninguém sorrindo, todos andavam rápido, uma fuga quase desesperada, para a toca. Parei em uma esquina, olhei para o céu, e quase perguntei a Deus, quais eram suas intenções, mas achei melhor não, não é bom brigar com ninguém, vá que se precise, não é? Temos essa maneira de ser, cagões medrosos de Deus.

Não quis caminhar mais, ao passar pelas ruas escuras do centro, uma sujeira deixada pra trás de grevistas, reivindicantes, bradando palavras de ordem, e a sujeira ficando no chão, cartazes, garrafas de plástico, papeis, senti asco. Por um breve momento desejei que uma chuva caísse e carregasse a todos valeta abaixo, uma limpeza das ruas poluídas.

Desejei sentir humanidade, mas era impossível, quando um senhor trombou em mim, me empurrando e nem pediu desculpas...

Puta que pariu, o velho maldito foi a pá de cal, minhas intenções foram furtadas, pela escuridão, pelas ruas sujas, a greve, as pessoas se empurrando em ruas apertadas, intenções na sarjeta, escoando pelo esgoto.
Essa é a visão desnudada da realidade ?
É isso?
Que seja, se é assim então, degustemos juntos essa merda.

Luís Fabiano
Pérola do dia :



“A mulher de bunda bonita caminha como se fosse duas: ela e sua bunda. Uma fala e ninguém ouve a outra cala e todos olham.”


Arnaldo Jabor

terça-feira, julho 05, 2011



Ela e ela

Ela liga
Ela atende
Ela não esta bem
Enquanto Ela sorri entre flores
Ela rosna entre horrores de si
Ela canta o sereno em notas que flutuam
Ela se esconde no escuro vomitando bílis negra
Ela entende e dá passos sem pressa
Ela apressa e fustiga-se
Ela respira
Ela agoniza
Ela sorri e me abraça
Ela machuca-me com sua sangria que não cessa
Ela me encanta
Ela me enoja
Ela odeia ela
Ela eu sei
Ela eu não sei
Ela é presente
Ela passado
Ela quer beber de paz
Ela faz um funeral da sua vida
Ela me quer em sua alma
Ela me quer junto a sua merda
Ela é flexível
Ela enrijeceu-se
Ela se encontrou
Ela se perdeu
Ela deseja minha impura pureza
Ela quer um saco de pus
Ela esta bem
Ela não tem escolha
Ela eu conheço
Ela quem?
Sei que elas jamais se encontraram
Pois a verdade de uma antagoniza a outra
Pra ela eu vou
Pra ela não

Luís Fabiano.

Poesia Fotográfica...




segunda-feira, julho 04, 2011



Navalhadas Curtas: Eu contra meu rabo


Existem brigas silenciosas, que passam despercebidos quando tudo da certo. Vejam meu caso por exemplo, eu detesto pegar o elevador cheio. Alias não gosto de nada cheio, nem de lugares cheios.

E por fatalidade, quando entrei no elevador muitos entraram comigo. Senhores, senhoras, crianças e ficamos acomodados como sardinhas prontas para consumo. Porem dentro de mim algo se mexia.

A buchada começava a fazer uma sinfonia, roncava, dando anúncios que existia uma catástrofe eminente. Eu teria que esperar até o quinto andar. Acho que gostaria de soltar ali mesmo, mas e se fosse algo mais grosso? Já me caguei uma vez, bem não é a melhor experiência e não foi d público.

Concentrei toda a minha força, para apertar o rabo o máximo que pudesse, pensei: maldição, maldição do meu rabo tu vai sair não!!

Quando cheguei ao meu andar, desci do elevador, pare na porta do AP, me aliviei num suspiro cuzal muito alto, barulho era algo ecoando nos corredores, quando olho pra escada duas senhoras estava subindo, e me olhavam algo escandalizadas...putz...

Luís Fabiano.

Doces Defeitos

Gosto de ver os berrantes defeitos humanos, desfilando em cortejo, no alarde doentio da desgraça. As deformidades da personalidade enroscando-se, metamorfoseando-se e levando–nos a abismos, infernos e quando em vez, um breve sorriso cariado de Deus.

De certa forma, tive uma ponta de inveja dos viciados intrincados, aqueles que por o motivo seja o que for, entregam-se a vícios de toda sorte. Nunca fui assim, confesso que tentei alguns, mas nada aconteceu, tudo era muito fácil de livrar-se, sem que causasse maiores transtornos, além do mais, tais viciações não me satisfaziam. Algo sempre ficava para traz. Talvez esse seja o ponto. Nem cigarros, bebidas, sexo, paixões, nada. Entendo que seja uma espécie de defeito de fabrica, ser impermeável a isso.

Que me lembre, nunca perdi minha cabeça por nada, por considerar que nada vale a perda de minha cabeça. Realmente nada. Não tive crises de privação, nem ciúmes incontroláveis, alias nunca senti ciúmes em minha vida. Detestava as cenas que quase todas as minhas mulheres faziam por questões de ciúmes. Achava aquilo sinal de uma fraqueza, uma insegurança plena. Naturalmente, dentro das condições normais. Nunca convidei por exemplo, uma de minhas ex-mulheres para transarmos com sua melhor amiga. Os três felizes, os três porquinhos, não convidei, mas pensar claro que já pensei.

Lembro-me de uma vizinha do meu quarto casamento. O contraste pleno de tudo, fazia o perfil de uma mulher suja. Morávamos nos arrabaldes da cidade. Minha mulher não gostava dela. Porque todas as manhas, quando íamos sair para trabalhar, enquanto eu tirava o carro, ela vinha um chambre, meio transparente, usando umas calcinhas velhas e sem sutiã, ia varrendo o quintal, quando em vez me olhava. Poesia pura. Um dia foi lindo, tive que separa-las, quando se trocavam elogios. Era puta pra cá, vagabunda pra lá, vai cuidar do teu homem adiante. Fiz de conta que me importei com aquilo, mas na verdade achei fantástico. Aquela vizinha tinha todos os atributos da desgraça, mas por falta de oportunidade nunca tivemos nada.

Então minha esposa caiu na asneira que querer que eu sentisse ciúmes. Diga-se de passagem, ciúmes nada têm haver com amor, ciúmes é uma espécie de doença. A insegurança mais primitiva do humano, a falta de certeza de si, projetada no outro. A deslealdade entre as mulheres reside exatamente nisso. Uma fragilidade feita de aparências melhores ou piores, cuja as entrelinhas querem dizer: você não é mais tão fértil quanto eu!

Eu considero tais comportamentos normais, sem que isso me altere, não isso. Então ela começou a querer provocar meu ciúme, queria a minha doença em forma de amor. Queria a toda prova que algo eu fizesse, que reagisse patologicamente, fizesse o esparro, a disputa dos galos para comer a melhor galinha, os cães lutando para pegar a cadela no cio, os búfalos batendo chifres para conquistar a fêmea. Não preciso dizer que achei isso ridículo.

Então ela se envolveu com um parente próximo. Um primo desavisado, em um churrasco em família, foi uma cena linda. Não sei se sou um corno convicto, talvez, ou simplesmente não me interesso por emoções tacanhas. O verão era quente, ela usava uma minissaia bonita, muito curta e mini-blusa.

Quando chegamos ao churrasco, as bebidas foram a plataforma de lançamento. A cerveja entrou como agua, junto com ela, a merda em rodo. Joguei-me em uma cadeira de praia e não fiz nada, exatamente como gosto, notório vagabundo. Ela andava de um lado para o outro, e as voltas com o meu primo, que até ali não sabia que ela estava comigo, ficou achando que era minha amiga ou sei-la o que. Andavam juntos entre as cervejas, saíram de carro para buscar algo, eu naquela sombra, me anestesiando com a cerveja e coraçãozinho, nada me tiraria dali.

Quando um dos meus primos veio ate mim e disse:

-Fabiano, tu tá legal?
-Como assim?
-Cara, aquela moça que veio contigo é tua mulher?
-É.
-E tu não vai fazer nada?
-Fazer o que?
-Uma atitude de homem cara, uma posição, ela tá se fresquiando para o fulano de tal, ele vai comer ela cara, olha o jeito dela ali na churrasqueira? Tais vendo...?

Meu primo deu uma boa encochada nela. Ela meio alta, ele meio alto e eu entediado. Conheço um pouco a alma feminina. E a crueldade maior que se pode fazer a outro ser humano, não é agredi-lo, não é ofendê-lo ou fazer cenas bizarras. Detesto cenas. Mas deixa-lo entregue a sua própria consciência, a inescapável consciência de culpa, as vezes demora, mas, mais cedo ou mais tarde ela vem a tona. Como um câncer carcomendo por dentro, vermes intestinais, cupis da madeira, te engolindo por dentro. A cena mais dantesca disto, é o Crime e o Castigo de Dostoievski. A culpa vem de dentro.

Não me levantei daquela cadeira de praia. Havia uma espécie de indignação dos parentes, tios e tias. Mas achei não devia dizer nada, melhor não tinha vontade alguma, afinal atire a primeira pedra, aquele que estiver sem pecado, ali todos tinham pecados demais, melhor calar.

A tarde caiu e anoiteceu, achei que era hora de ir embora. Ela estava muito bêbada, todos já haviam visto sua calcinha vermelha fio dental, até o cachorro da casa. Despedi-me amigavelmente de todos e fomos. Em casa, descemos um pouco mais ao abismo, mas eu estava com bom humor. Ela me olha nos olhos e vomita:

-É assim que tu me amas? E desse jeito? Tu não te importas com nada que eu faço, nada, se eu tivesse dado para teu primo? Ele queria me comer tu sabias? ha,há,há...
-Sei, todos sempre querem te comer.
-Só isso que vais dizer?
-É.
-Tu és um merda, um corno de merda, otário...

Costumo dizer para as pessoas, que para me ofender, precisam se esforçar mais, não sou facilmente ofendível, já me chamaram de coisas terríveis, mas estranhamente eu nunca me senti tocado, tá tudo bem. Acho que não tenho baixa estima ou sou muito idiota. Ela ficou me dizendo tais coisas, enquanto eu fui pegar o livro Contraponto de Aldous Huxley, e adivinhem, sentei uma cadeira de praia e fiquei lendo, enquanto ao fundo a voz dela ia desaparecendo, pelo cansaço o sono.

Ainda gosto dos defeitos humanos, gosto das fragilidades, gosto dos seus gritos silenciosos, das notas harmônicas da agonia, cavando sulcos na alma para que ali seja depositada uma boa semente, mas quem tem disposição para entender a fragilidade que cada um de nos carrega? Nossa ignorância prende as asas, mas nosso desejo mais sincero é voar, voar para além de toda a miséria, eu também quero...


Luís Fabiano.

domingo, julho 03, 2011



Noite Fria e Desejos Quentes

Nem todos os dentes ferem
Nem todos os laceramentos sangram
Nem todo gemido é agonia
Nem todas as pancadas doem
Ali estávamos
Almas entregues um ao outro
Enquanto a embarcação
Sulca serenamente o mar
Lá fora a noite fria engole vidas
Numa quietude
Que encanta e soterra
Aqui
Entre lençóis untados de prazer
O incontido vulcão de nossos desejos
Sede que não aplaca
Fome que não sacia
Mar sem fim
A noite avança mastigando as horas
O difícil é ir, desfraldar velas
Desprender dos braços suaves
Enquanto a vida escorre entre nós
Dentro e fora de nós
Fluxo e refluxo
Lá fora um cão vagabundo late para a noite
Enquanto nossas roupas tentam
A contra gosto ir para o lugar
Ela brilha dentro da sua calcinha nova
Em pé na cama
Abraçamos-nos
Enquanto minhas mãos
Acariciam suas pernas e minha cabeça entre suas tetas quentes
Ouvindo seu coração pulsar vida
Bom estar ali
Na bunda, uma poesia escrita em alto relevo
O vento desenhando ondas no deserto
Mão misteriosa da vida dando o último traço
A paz inunda a noite silenciosa
Algumas lágrimas nos afagam
Orvalho de nossas almas
Se mesclando a todos os líquidos
Vamos nos desprendendo lentamente
Mas sei de uma coisa
Eu volto

Luís Fabiano.

sábado, julho 02, 2011

Pérola do Dia:

“As pernas de uma mulher são uma promessa, algumas tem tetas mais lindas que seus olhos, o cabelo mais bonito que sua alma, e a vagina infinitamente melhor que sua personalidade: Quem vai querer saber do resto ? ”

Luís Fabiano.
Momento Boa Música


Navalhadas Curtas: Cuidador aprendiz


O inesperado em minha vida é aguardado, como a senilidade que engole a juventude com passos arrastados para a cova. Não há surpresas alguma, quando o trilho esta no trem. Ontem eu estava indo fazer a visita ao Magalhães, onde uma vez por semana mais ou menos certo, comungamos, eu vou me confessar um pouco e saio absolvido, mas nem sempre.

No caminho sou interpelado:
-O mano chega aí quero dar uma letra pra tu...

Era o cara que cuida carros ali por perto, um malandro escolado que tem uma historia pronta que ele aplica pra todos, não o culpo a selva é foda, talvez eu fizesse pior.

-Fala mano... diz aí..
-Mano seguinte, eu tenho um filha cara, uma filha pequena passando fome em casa... eu tenho que levar algo pra casa e tal...me consegue algo ai, qualquer coisa...
-Sei, mano é o seguinte, eu não dou grana pra filhos passando fome em casa, eu dou dinheiro apenas pra comprar drogas, bebidas e outros vícios aí rola...tu usa crack? Algo assim?
-Não cara, Deus me livre...
-Tá, então não vai levar nada... tchau.

O cara ficou parado na esquina me olhando, meio congelado, mas acho que não era de frio.

Luís Fabiano.

sexta-feira, julho 01, 2011



Agulhas de algodão

Ela me olha nos olhos
Pergunta-me: isso é tudo?
Tudo nela me jogava escada a baixo
Olhos
Silencio
As mãos inquietas
O copo vazio sobre a mesa
Outra vez de outras vezes, eu me sentia relaxado
Como quem amputa um braço ou perna
A vida é assim, vamos perdendo os pedaços enquanto ela escorre...
Dentro de nós
Esperava que eu entrasse em desespero, agonia ou choro convulsivo?
Acho até que tentei um pouco
Como script informal de um desenlace
Mas não é meu perfil
Então se revolta... porque eu não me alterava?
Porque eu não ficava comovido?
Agora a cena é outra
Duvidas feita de orgulho ferido
Incongruência da verdade
Queria que eu fantasiasse para ficar em paz
Mentira que santifica
A verdade lhe parecia limpa demais
De uma assepsia cirúrgica
Mas o amputado não era eu?
Começávamos a descer uma escada de merda
De contradições ,dor em direção ao pior...
Talvez ela quisesse amputar meu saco
Meu insignificante pau?
Algo fez a curva em mim
Gostei de vê-la atônita
Em sua saia curta
Meias de náilon negras
Porra, as vezes a dor pode ser tão bonita né?
Por um instante achei que tudo não passava de cena
Que talvez tirasse a roupa na minha frente
Dançaria a dança da morte
Enquanto era enxotado
Então começa a chorar
Destruindo minhas fantasias como
Uma agulha furando balões no ar
Senti-me um pouco mais filho da puta
Dei passos em direção a porta estreita
Suas lágrimas caiam como navalhas flutuantes
Sulcando seu rosto
Olhei uma vez mais para trás
As meias negras
O cabelo
As lágrimas
Tudo tão bonito e doce
Como um fracasso carinhoso
A lambida de um anjo
Solidão celeste

Luís Fabiano.