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segunda-feira, dezembro 26, 2011



Celeste arrancando Pedaços do Céu


É preciso manter um bom nível de cretinice instalada dentro de nossos corações. Faço o possível para que isso se mantenha. Um germe vivo que cultivo, como bactérias emocionais, nas dobras úmidas da alma... fungos cheirosos das loucuras imprevistas... húmus que deixa florescer algumas pétalas da alma... o inesperado que sussurra desejos, as vontades surdas respirando em nós... um eco de nossa respiração... a voz de nossa voz... a batida da batida de nosso coração.

Sentia-me em paz... uma paz estranha... uma sensação que nada tem haver com justiça... amor... tranquilidade... consciência leve... porque que se disso dependesse estava fodido. Não é possível tragar todas estas cosias na alma... e partir disso vislumbrar as nuvens mais sutis do pensamento... abraçar as belezas frescas das emoções.

O extremo oposto é uma verdade fatal... é preciso abandonar-se ao que se é... ao que acontece sem ter pretensões ocultas... a ansiedade de realizar tudo... capturar as estrelas para ai então encontrar paz? Não. Apenas aceite sua lassidão, a sua profunda incapacidade, sua derrota, seu desterro, a sua miséria, veja todas as merdas da vida de bom grado...não é melhor... mas é quase a mesma coisa que uma prece...um mantra... querer o bem.

Então me sentia fantasticamente filho da puta... e sorrindo para tudo. Estava indo a casa de Celeste, uma amiga, uma xoxota, e alguém que torna o perpassar da vida interessante. Ela tem aquele elã que raras mulheres carregam. Uma capacidade de desapegar-se de tudo. Ela diz gostar de mim... eu acredito, mas não sei realmente o quão ela é desapegada. Ou criou um personagem para estarmos eventualmente juntos... um fantasma animado que sorri diante de todas as outras, enquanto compartilhamos a vida... os bons momentos, os péssimos também. Não importa, existem cosias na vida que jamais se saberá... que jamais se terá certeza, que serão os germes no ar mesclando-se ao oxigênio... as intenções das intenções, e não se sabe se o ar é puro ou não. Faz diferença?

Apegamo-nos a verdade possível... ou inventamos uma logica para compreendê-la, não é assim? Pensava nesta merda quando estava chegando à casa dela.

Bato a porta e ela abre... leve e feliz. Usa um short curto... justo... deixando as dobras da bunda exposta, minha poesia vulgar e adorável. Tudo se diluiu depois disso. Ela em abraça como se tivesse chegado de uma guerra, forte:

-Fabiano... que saudade... nossa...
-É verdade... Celeste... bom te ver baby...

Sentia sua respiração ansiosa, e mesmo sem palavras eu sentia uma nevoa por detrás da alegria. Isso as vezes é uma merda...muitas vezes não preciso de palavras. Ela não perde tempo... entramos... desabotoa minha calça com um olhar de poema triste... olhos semicerrados, o bicho já esta meio duro, ela ajoelha-se como se fosse rezar e lentamente vai engolindo-o... uma estaca entrando na terra... a cabeça... o tronco... os membros desaparecendo em sua boca de algodão.

Gosto das coisas sem pressa, ela engole... lambe... suga a cabeça...e torna a fazer o movimento... babando-se... de tesão. Pura saudade caralhal. Vejo a felicidade em seus olhos... me sinto narcotizado. Ficamos nisso um bom tempo... conheço seu jogo, ela não quer trepar...quer apenas beber de minha porra...engolir até a ultima gota. Eu dou, tenho muita porra. Por fim depois de uma meia hora eu gozo.

Então deitamos... e ela acendeu um cigarro e deixamos o silencio corroer o teto. Olhávamos para o teto limpo de sua casa. Celeste dispara depois de uma baforada:

-Por onde tu andaste? Com quem tu andaste? Que tu fizeste?
-Celeste... Celeste... já sei... onde chegaremos... sabes que não falo das outras. As outras não estão aqui, elas não existem aqui... estou aqui eu e você, que mais importa?
-Mas eu gostaria de saber... eu sou a melhor? A mais gostosa? A que te fode melhor?

Tu podias dizer isso...né...por favor...

-Não tenho como dizer isso... não sou tenho um ranking... apenas posso dizer que tu és única...
-Mas eu queria ser a melhor...
-Todos querem ser alguma coisa... esse é o veneno... o problema do ser humano é ambição... ninguém nunca esta feliz como está...
-Nem tu Fabiano... olha o jeito que tu vives...não é normal...
-Não...eu planejo nada, eu não descido nada... a natureza faz isso por mim... assim como a natureza faz que animais comam outros animais... não parece legal isso... mas é assim o jogo da vida e da morte. Algumas vezes que tentei ir contra esta natureza, tentei ser o padrão... mas não funcionou... alias nunca funcionou. Eu sou o equivoco da natureza, como ponto de equilíbrio para o padrão funcional. A palavra solta do poema, o traço incompleto da pintura...
-Tu és louco... isso sim... mas eu gosto de ti... tu parece ser fonte de uma felicidade...
-Não sou nada... sou o erro do acerto... sou um exercício constante sem resultado... foda é viver comigo.

Seguimos olhando o teto. Voltei aos meus pensamentos, as malditas bactérias, os vírus, a umidade estava ali, o teto perfeito e limpo não era assim...nas frinchas havia bolor, como nas nossas dobras, não conseguimos purificar, pois a vida é assim.

Tudo é uma tentativa despretensiosa do melhor... mas desapegue-se do resultado...apenas viva intensamente... viva até as raízes do cabelo...foda e seja fodido... não sei se você alcançará o céu...mas de vez em quando você vai sentir alguma paz...é bom.


Luís Fabiano.

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