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quinta-feira, abril 22, 2010


Saco Cheio.

Por vezes bate um tédio. Aí sempre inventando alguma coisa pra fazer, ou fico mais quieto ainda, até que passa. Acabo entendendo que em dado momento tudo cai na sua realidade. Essa é repetitiva, mecânica, uma engrenagem para nos mover, fazer o que tiver que ser feito. Cotidiano, monotonia.
Fiquei pensando nisso, não adianta a mais profunda e refinada emoção, ou os abismos sem fim da dor, ao final ambos acabam causando tédio, amor ou ódio, dias de verão ou noites intermináveis de inverno.O ser humano não é diferente da natureza.
Já tinha resolvido este dilema quando o telefone tocou.Não sei, eu não gosto de atender telefone, pode ser um trauma desconhecido, ainda mais a noite, sempre tem alguma propósta as vezes inocente demais. Não gosto muito de inocência, sempre soa a algo meio falso. A maioria dos que se dizem inocentes, estão culpados até o ultimo fio de cabelo. A voz de Simone no telefone parecia meio fanha, talvez ranhenta não sei:
-E ai Fabi? Em casa? Vamos bater um papo, tomar uma gelada...essas coisas.
-Ei calma, estas parecendo uma metralhadora .Tenho preguiça de sair de casa.
-É tu sempre tem, as pessoas precisam te ver cara...
Comecei a rir. Melhor para elas não me ver.
Simone é uma coroa interessante, tem sessenta anos e consegue manter um olhar de menina, tetas grandes, boa pele. Deve fazer reposição hormonal. Nos conhecemos no serviço, a atendi particularmente algumas vezes, mas nunca rolou nada. Por isso digo, ela me vê como o amigo do coração. Eu a vejo como uma boa trepada, talvez um dia. Não gosto destas posições, amigos do coração geralmente não trepam. Fica tudo naquela aspiração nevoenta, cheia de pureza espiritual, isso nem é humano.
Disse:
-Simone, não quero ver nada ou ninguém, eu já vi tudo na vida daqui onde estou. Ao final são pessoas e nada mais, previsíveis como todos.
-Fabiano, um papo, uma ou duas geladas apenas...vai ser bom, não vai te arrancar pedaço?
Pensei em perguntar se ao final iriamos transar? Mas não fiz, acho que deveria ter feito. Economiza tempo.
-Ok, Simone, no bar da esquina o Dom.
-OK, em meia hora estou lá, beijo fofo.
Saio de casa, sem vontade de sair,não esperando nada, porque nada acontece.Tenho essa perspectiva de encarar a vida. Nunca espero nada, acabo sempre no lucro, gosto de pensar que a vida deve ser uma surpresa, mas no fundo sei que não é. Quando se vê as coisas como vejo, não há surpresas, tá tudo pronto. Saí de casa sabendo que seria uma perda de tempo. Não costumo errar.
Chego no bar, Simone esta lá com uma amiga e um outro cara.Puta que pariu, caí nesta cilada.Um par de casais não conversam nada de presta.Quando via cena, já comecei a sentir saudades dos meus livros, minha solidão.Agora era tarde.
Fui apresentado, a única chance de tornar aquilo interessante era ficando um pouco bêbado. A cerveja veio, tomei uns goles e não tinha comido nada.Logo me senti melhor.
Percebi que o tal de Caio não gostou muito de mim. Fiz questão de irritá-lo um pouco mais:
-Então Caio, qual é teu time?
-Sou Xavante, com orgulho e coração.
-Sei.
-E tu, pelo jeito és Pelotas...?
-Não, detesto futebol. É que não tinha nada pra dizer, como noventa e nove por cento dos homens gostam de futebol, talvez isso fosse um pontapé inicial...um gol...
-É...
A meninas conversam sobre qualquer coisa, mulheres juntas falam de tudo, tem sempre assunto, pode ser a maior merda do mundo,são inimigas do silencio, ficam falando, falando. Por fim, o casal “amigo” ,cansaram-se e foram embora. Pensei em tentar seduzir Simone, talvez a tal trepada saísse.
Ela ficou falando do serviço, das dificuldades que tinha, a falta de grana, que agora estava interessada em espiritismo, havia se encontrado na vida. Parei de escutá-la. Me afastei. Fiquei com meus pensamentos bêbados: porra, como eu to sem saco para essas coisas de sedução. Creio que se uma mulher qualquer não chegar esfregando a buceta minha cara, eu não vou ficar batendo papinho besta para ela abrir as pernas. Ei facilite as coisas...
Emulando aquela sedução lírica, cheia de carinho, papo furado e falso romance. Talvez eu fosse cheio de carinho, se Simone apenas dissesse: ”Vem Fabi, me come bem gostoso, me faz gozar.” Isso economiza um tempo enorme. Mas iria acontecer, ela esperava que dissesse algo. Não disse nada.
Tomei o resto de cerveja e levantei, ela ficou me olhando:
-Que vais fazer?
-Tchau Simone, boa masturbação.
-Que isso cara...que isso...
Mas eu já estava longe demais.

Luis Fabiano.
A paz ás vezes é um saco vazio.

Um comentário:

Dóris disse...

Rs rs rs, que merda hein, saiste de casa meio a contra gosto, e nem comeu a Simone. Perda de tempo, para sair já deveria ter falado logo: saio apenas se transar comigo. Tens que ir direto ao ponto.


Abraço