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quinta-feira, abril 22, 2010




Trecho “...

“ Bom, nos vestimos,nos sentamos de novo na rua.Tomei mais um copo de aguardente e logo fui embora.
Depois contei para Hayda. Algum tempo depois sem dar importância . Na realidade, acho que nunca fui importante para Hayda. E contei isso como uma coisa divertida, porque foi a trepada mais rápida e desastrosa que dei na minha vida.Hayda não se zangou, mas depois discutiu com Caridad.Censurou que ele tivesse embebedado o amante da irmã para trepar com ele.Enfim, esses ciúmes de mulher.
Que eu nunca entendo porque são polvilhados de um egoísmo vulgar, de bolero barato.Só se dever ter ciúme do que vale a pena.Do que é verdadeiramente importante.Não devemos desgastar-nos sentindo ciúmes de tudo.Mas as mulheres não pensam assim .São capazes de sentir ciúme ao mesmo tempo e com igual intensidade e veemência do marido,do amante e de dois namorados.Têm muita habilidade para a vida.Ou muito sentido pragmático.
Essa historia ficou soterrada muito tempo entre nós três.Mas hoje estávamos de novo sozinhos, Caridad e eu.A filha estava brincando na rua.O marido andava por ai.Agora pesca.Já se esqueceu do beisebol.E me ocorre dizer a Caridad:”Se tivéssemos uma garrafa de aguardente...lembra aquela vez?”
-Não. Se tivéssemos uma garrafa de aguardente não acontecia nada.
-Por quê?
-Porque tem gente que quando bebe deixa de ser homem.E fica com a língua solta.Fala demais.
Continuamos assim. Por pouco não me expulsa da casa. Segundo ela, eu sou um merda miserável porque contei para a irmã dela. É a que tem maiores direitos sobre mim é ela, que foi a primeira. Ah, que confusão. Nunca entendi muito bem todos esses valores éticos com direitos e deveres. Sou um cínico . Assim é mais fácil. Pelo menos para mim é mais fácil.”

Pedro Juan Gutierrez - Trilogia Suja em Havana.

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