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sábado, abril 19, 2008






Minha adorada Senilidade...

O problema de se dizer verdades a respeito de das coisas no contexto normal as pessoas não gostem de verdades, embora simulem que as apreciam é claro fica bastante claro que não basta dizer algo para se apreciar em essência e verdade,e dizer verdades também implica em ir na contra-mão do senso comum que diga-se de passagem é uma profunda imbecilidade coletiva, salvo algumas raras exceções, então para que ninguém diz nada muito incisivo e tudo fica “normal” ninguém se incomoda, ninguém pensa, ninguém torna-se nítido! Sem revolta alguma, mesmo na doçura é preciso a tempera que instiga, sem isso tudo é baço,fosco e opaco.
Sem duvidas que a felicidade é relativa, vinha caminhando e meu natural gosto para o bizarro em algumas circunstancias eventuais não pode deixar de perceber em uma rua da cidade Senhora da quarta,quinta e sexta idade sentadas ao sol, uma foto de cartão postal, quase uma poesia angelical se não fosse por um pequeno detalhe estético desimportante, estavam todas de saias pelos joelhos, sim eram realmente senhoras idosas, e ali estavam pegando o solzinho do final da manhã que para os dias de inverno inicial é um benção, mas voltemos ao detalhe, sentadas em pequenos banquinhos de madeira conhecidos como “moxinhos”e todas com as pernas escancaradas entre risadas,achei aquilo maravilhoso para dizer a verdade,nunca vi tantas calcinhas enormes de algodão branco reunidas, em primeiro momento pensei que era alguma manifestação,(coisas do mundo hodierno...as manifestações cada vez mais estranhas e bizarras,no nosso mundo existe espaço para tudo...)entre uma gaitada,risadas e pernas abertas, eu ia passando, apreciando o espetáculo, como dizer que não adorei o cenário?Minha mente ganhou asas ante tal inspiração onde imaginava que belos segredos aquelas lindas pernas guardariam em si, as virtudes, os pecados e suas marcas que eram estradas feitas de varizes, marcadas e tão expressivas que tanto mais aquelas penas não esculturais ou esculturais ao avesso teriam visto?
Bem pelo sorriso em suas faces podia-se presumir muitas coisas boas, ruins e pelas aberturas mais ainda,mas não sendo tão sardônico em seus encanecidos cabelos, nas marcas e rugas de seu rosto,nas manchinhas que a pele naturalmente envelhecida produz, um sorriso que somente as vovós tem, o carinho doce de um olhar que entende as fragilidades dos mais “novos”, e talvez até mesmo a minha, que se por um lado existia ali a presença da beleza que podia ser apreciada com distinção e profundo respeito de reverencia ao símbolo mítico ali proposto detalhe não venero a senilidade,mas sem duvida aprecio com a alma a experiência de uma ou mais vidas.
Em contraponto nos meus piores ou melhores momentos degustei o mórbido prazer de partes pudendas a mostra em um gosto que para muitos soa pervertido mas que aos paladares mais afinados entendem filosoficamente que tais prazeres estão além do toque e de usufruir literalmente,mas o prazer conspurcar ideais, romper com princípios que tanto a polidez artificial insiste em apontar como o certo.
Certo?
Eu passei, e entre um olhar discreto de canto de olho e profundamente proibitivo, e o suave cumprimentar de tão amáveis senhoras, onde retribui o sorriso mostrando todos os dentes em uma amostra talvez de minha avidez lacônica.
Não pude deixar de rir comigo mesmo.

Um ponto de vista é sempre solitário.
Lubricamente.
Com meu carinho
Fabiano.

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