Existem pessoas que pelas suas características marcam a nossa personalidade, por sua maneira singular, estranha, exótica, cômica ,bizarra, malévola ou simplesmente apática com que vivem e reagem ante aos acontecimentos normais de nosso maçante cotidiano. Este personagem a quem me refiro tem uma vida comum, dentro daquilo que todos entendemos e estipulamos para nós como ”normalidade”, e isto já é muito curioso, pois nossa normalidade é bastante questionável tanto quanto nossa anormalidade...mas isto é outro assunto não desejo confundir-me, vamos nos concentrar no nosso personagem insólito. Andrezinho, sempre foi tipo muito calado, desde de tenra idade sempre fora assim, seus pais achavam que ele tinha algum problema, todas as crianças o convidavam para as brincadeiras, mas a resposta sempre era a mesma...não. Andrezinho cresceu, estudou,formou-se, arrumou um bom trabalho e casou-se, mais comum impossível, no entanto sempre meio caladão, todos os acontecimentos trágicos da vida que geralmente tocam as pessoas, como tragédias de toda ordem, mortes, hecatombes e coisas do gênero, a ele não fazia a menor diferença, sua esposa acostumara-se a ele, entendia sua personalidade fria e lidava com isto com quase certa naturalidade, criticas haviam é certo, mas Andrezinho sempre balançava a cabeça, em total silêncio. Conheci Andrezinho desde tenra da infância, desta feita quando o encontrei estava sentado junto ao balcão de bar com um olhar longínquo, aquele olhar de paisagem, intraduzível, quando a mente se desprende, eu geralmente não sou sensível a muitas coisas, mas olhei para ele e o cumprimentei, o que obtive foi apenas uma balançar de cabeça. Intrigado, disparei uma bela critica:
-Andrezinho, porque você nunca fala nada e nunca se abre para pessoas rapaz, és sempre assim, parece que não sente nada, e não dá importância para nada, viva homem me cumprimente com vontade...
Andrezinho, sorriu seco de lado e disse:
-Que você quer que eu lhe diga?Que eu ache importante o que não é de fato importante para mim?Que seu cumprimento é desrespeitoso? Ou que do alto de meu prodigioso intelecto eu diga, que podemos fazer nós mortais ante este mundo de caos? Ou que pessoas morrem a bagas por meras banalidades no mundo, guerras sem sentido, fome sem justificativa plausível, doenças desnecessárias?Isto tem importância? Meu caro, nada disso tem importância alguma, a isto todos vemos e sabemos, é o rolar de dados divinos. Siga falando e sentido tudo isto no nível que sente, pois tuas palavras são o enfado que nada acrescenta e calcifica o coração, e por hora deixe-me no silêncio.
Calei-me eu e com mau humor, senti aquele ataque como algo que transpassava minha alma, é o meia-culpa de todas as coisas que dizemos e que não condizem com que sentimos a indiferença a tudo que não atinge nossa faixa de egoísmo-orgulho e mesmo sentimentalidade patológica. Andrezinho era o contra-ponto de tudo isto.
E ali, ficou olhando o nada...
Fabiano.
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