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terça-feira, setembro 19, 2006

INCONVENCIONALIDADES...

Paw Nokoko estava nos seus últimos momentos de vida,
Quando Zan, o crocodilo vegetariano e taoísta,
Perguntou-lhe, por que, então toda sua vida de mestre,
Só teve um discípulo?
-Por que a bunda só tem um cú!
E morreu rindo.

O Zen usa o choque para que você saia da mente. O absurdo como o choque intelectual, o golpe com o bastão como choque físico e intelectual, o grito como choque auditivo...Todos causam uma surpresa tão grande que a mente pára por algum tempo.Se você estiver alertam e observando-a, poderá ter o sabor da não-mente.
Em primeiro lugar surge a questão das palavras, “indecorosas” Todas surgiram em função da negação do corpo e suas funções matérias. Principalmente, aquelas situadas na”parte inferior” do corpo, distantes da cabeça... A “cabeça” é o “chefe”, é superior (ela própria se auto-classificou assim...).Na parte inferior estão as vísceras, as funções excretoras, o sexo, que não são coisas abstratas .Ao contrário, são indispensáveis à vida. Nenhuma célula viva pode prescindir dessas funções – todavia, pensar não é necessário para uma ameba...(isto não quer dizer que pensar não seja importante para o ser humano).
Essa proximidade de funções na parte inferior do corpo propiciou a identificação do sexo reprimido como coisa suja, nojenta...”Entre fezes e urina, nascemos, já disse um santo cristão.Este repudio impregna toda a cultura humana “civilizada”.
Em segundo lugar, a palavra não é real. É apenas um som com significado criado pela mente. Um código utilizado pelo cérebro. Numa língua, um mesmo som pode ter significados opostos; em diferentes línguas sons similares tem significados diferentes, e sons diferentes tem o mesmo significado. A coisa real sempre é a mesma, mas a palavra difere. Tudo é convencional.
O trabalho do mestre e destruir o convencional, o falso, o provisório, e coloca-lo, puro e virginal, diante da verdade, do Eterno. Sem preconceitos de nenhuma espécie.
Paw Nokoko, de uma maneira não convencional, o fala sobre seu discipulado. De uma maneira irreverente, brincalhona, mostra a profunda intimidade entre o discípulo e o mestre. A relação entre ambos é única, indivisível. Ele poderia ter dito:não há mestre sem discípulo, não há discípulo sem mestre, e os dois são um.Mas, dentro do espírito Zen, usou uma imagem proibida dentro dos”cânones religiosos”.

Prashanto.

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