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terça-feira, junho 06, 2006

Filigranas

Não durmas agora,sentinela ciosa dos deveres:a noite se alonga
e quietação cambaleia ambulante.
Vigia,ainda,o caminho que não enxergas,mas que deves observar com desvelo.
O sono é ladrão perigoso,que se veste de treva,e
busca os cansados nos seus postos.
Vence o desejo do repouso,e amarra a fadiga
com cordas do movimento,e afasta as asas suaves dessa ave soturna.
Não durmas ainda,vigilante!Logo mais a manhã,o sorridente
como criança,desejará beijar-te a face fria com lábios de morno calor.
Valerá o esforço da espera longa,o encontro ansiado.
Aqueles que vigiam nas seteiras e nos picos,descobrem
o Mestre no caminho,antes que Ele chegue e peça repouso.
Espera-o vigilante,e repousa ao seu lado,depois da noite demorada e solitária.

Rabindranath Tagore.

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