Pesquisar este blog

terça-feira, novembro 15, 2011

Necrofilia Virtual




Elas vão morrendo
Uma a uma, como esperanças em meio ao deserto
Tempo fazendo seu trabalho eterno
Mas nem tudo está perdido...
Quando morrer hoje, é quase impossível
Ficam sempre restos da chusma vigorosa de nossos dias
Espalhados nas virtudes e vícios que acalentamos como bebês eternos
Nas tetas de nosso destino...

Fotos espalhadas por aí em lembranças congeladas
Vida emulada que anima o que cada um tem de melhor ou pior
Realmente pra mim não importa...
Elas ressuscitaram a vida, através de minhas ejaculações
Espermas espaciais a procura do infinito
Gotas que pingam no asfalto
Semeando o árido.

Atrizes, cantoras, dançarinas, pintoras, escultoras...
Todas mortas, inspiram minha punheta dominical
A loucura possível em nossos dias arrasados
Enquanto significados são afogados em tina de agua pura
Na ânsia de arrancar do presente, as vísceras da verdade flutuante

Não digo que as musas vivas deixem de inspirar
Mas como aquilo que morre...
Deixa o ápice de nossas intenções melhores
Frisadas no que foi e poderia ser...
Anjos fulgurantes do nada...
Fico com as mortas

Diante de mim, o corpo frio, languido e abandonado
Olhos fechados para sempre
Tetas maravilhosamente estáticas e pelos da xoxota paralisados
Um coração que não bate mais... a estátua da vida
Ela parece estar dormindo em paz hoje... sempre dizem isso...
E talvez sua alma mergulhada no inferno de Dante
Pouco importa o depois, quando nossos atos
Já transfixaram nossa alma...

Quero disputar com os vermes
Pedaço a pedaço
Eles também me aguardam...
Eles são muitos, mas eu estou bem motivado.

Luís Fabiano.

segunda-feira, novembro 14, 2011

Navalhadas Curtas: Surubão é bom...


Navalhadas Curtas: Surubão é bom...


Em casa com uma das ex-esposas, na época esposa. Então parece que a mosquinha do diabo, sopra equívocos feridos de revelações constrangedoras. Ela:

-O meu ex-marido, uma vez propôs fazermos uma suruba, mas com outra mulher junto...
-Legal...
-É, mas eu não quis... disse a ele, que aceitaria somente se ele topasse colocar outro homem também...
-Acho justo...
-Mas o cara era machão demais pra isso, disse não na hora...
-Sei como é... falta segurança, normal...
-E tu?
-Eu o que ?
-Toparia isso?
-Claro meu bem... aceito sem problemas, quando você quiser...

Ela fica me olhando com uma cara enigmática e surpresa. Estava pronta para começar uma discussão:

-Então tu não te importa se outro cara me comer?
-É uma suruba, porra... sabes como é...

Ela falou outras merdas... mas eu não ouvi.


Luís Fabiano.
Pérola do dia:



“ A força e a beleza da flor estão na sua total vulnerabilidade. Os ambiciosos desconhecem o belo. A beleza esta na percepção da essência de todas as coisas.”



 
J.Krishnamurti – Diário de Krishnamurti.

domingo, novembro 13, 2011

Áudio Poema...
Poema e voz - Luís Fabiano


sábado, novembro 12, 2011

Momento Boa Música


Para quem não viu, fica a dica: Vejam o DVD do Madredeus – Amor Infinito. É uma das coisas mais lindas que já nos últimos tempos de vida.
Luís Fabiano



Navalhadas Curtas: Cabelos prateados e nada mais...

Na dança esgotante da paciência, eu vivo. As vezes mais, doutras menos. Então a vi passando para lá e para cá. Mulher recheada como gosto, pernas de cristal, olhos de diamante e vestindo preto. Gosto de preto.

Olhamo-nos algumas vezes, e ela até sorriu. Então pensei: teria que levantar-me de onde estava, teria que lhe falar alguma coisa legal, contar uma boa historia como uma espécie de lubrificante prévio, bem e aí, contar com a sorte talvez, e alguma coisa aconteceria, jamais existe certeza de nada. Isso é bom, tudo pode acontecer e acabar-se num piscar de olhos... o chão é feito de gelatina...
Só de pensar isso, um tédio me avassala como uma entidade malévola.

Talvez o melhor a dizer a ela seja: tire a roupa por favor... mas não, é preciso mentir ou quase próximo a isso, para que ela tenha a impressão que você é interessante.
Não sou interessante, não me interessa mais ser interessante...

Lentamente ela foi perdendo o brilho, uma estrela se apagando, e foi sendo engolida pela multidão de ninguéns... um lindo cadáver balouçante... com pernas fantásticas amarrotadas no nada.
Pedi outra cerveja.


Luís Fabiano.



sexta-feira, novembro 11, 2011

Trecho solto...

“... continuei chacoalhando. Mais cinco minutos. Mais dez. Não conseguia gozar. Comecei a fraquejar. Fiquei mole.

Mercedes não gostou :

-Continua! – pediu – Ah, continua baby!

Não deu mesmo. Rolei pro lado.
O calor estava insuportável. Enxuguei o suor com lençol. Podia ouvir meu coração bombando. Soava triste. No que Mercedes estaria pensando?
A vida me fugia, meu pau murchava.

Mercedes virou seu rosto pra mim. Beijei-a. Beijar é mais intimo que trepar. Por isso eu odiava saber que as minhas mulheres andavam beijando outro homens. Preferia que trepassem com ele.

Continuei beijando Mercedes. E, já que beijar era tão importante pra mim, tesei de novo. Montei nela, sôfrego ,aos beijos, como se vivesse minha ultima hora na terra.
Meu pau deslizou pra dentro dela.

Agora ,eu sabia que ia dar certo. O milagre seria refeito. Ia gozar na buceta daquela cadela. Ia inunda-la com meu sumo e nada que ela fizesse poderia me deter.
Era minha. Eu era um exercito conquistador, um estuprador, o senhor dela. Eu era a morte.
Ela estava indefesa. Sacudia a cabeça, me agarrava, arfava, gemia...

-Ah, hum, han, uuuuuuuuuuuuu , ãiiiiiiiiiii... ô ô ô ô ô ô... ahrrr...

Meu pau gramava
Dei um urro estranho e gozei.
Dali a cinco minutos ela roncava. Eu também.”

Charles Bukowski – Mulheres.
Poesia Fotográfica...



Navalhadas Curtas: Tele ex-...

Detesto naturalmente o som do celular chamando. Sempre são besteiras do lado de lá da linha... ou tragédias esperadas. É um mal necessário, mas já estou acostumado ao pior. Nunca recebi uma única noticia que prestasse por celular.

A porra toca e eu atendo:

-Alo...
-Fabiano?
-Yes.
-Não tá lembrado de mim...
-Num celular todos tem a mesma voz, e eu tenho alguma amnesia... que você quer?
-Eu sou tua ex-mulher... uma das últimas eu acho...

Quando se tem tantas ex-mulheres, é preciso pensar um pouco, não lembrei então decidi mentir para encurtar a historia.

-Hummm claro, tudo bem contigo?
-Sim, queria saber como tu estavas... e
-Sei... to vivo ainda...
-É... eu tava falando com um amigo meu, ele disse que tu és um idiota, por me deixar... pra ficar sozinho... que eu sou um mulherão... alias mulher demais pra ti...

Comecei a rir daquela besteira fraturada.

-Sei... tudo bem, faça o seguinte, dá pro teu amigo... ele quer te comer na verdade... o resto é papo furado.
-Não, não... somos apenas amigos... ele é super bacana...
-Ok... era isso então?
-É... tá bom... beijo Fabiano.
Puta que pariu... quem será a desgraçada?!

Luís Fabiano.


Cú com asas

Ele alça voo
Com mais suavidade que muitas almas
E nós, afluentes que se encontram
Na trama viscosa da vida
Sorvendo um do outro
Sem que nada se perca...
Apenas desejamos o mar com asas

Ele alça voo o filho da puta...
Uma gaivota no crepúsculo
Quando nada mais voa
Super-homem nocauteado
Planadores sem força
Pipa abandonada no sótão
Anjos cagados ao solo
Em um templo de silencio
Na comunhão do que sentimos

Não sei aonde ele vai
Gosto de vê-lo partir
Carregando-nos em sua cauda iluminada
Enquanto porra, merda, suor e alma se mesclam
E o cú com asas não pousa
Não está em nossas mãos e está...

Zepelim com piloto automático
Mas é fantástico quando ele aponta em nosso anoitecer
Convertendo todo o barro em diamante
As fomes em saciedade sem fim
E nos afoga carinhosamente em sua volúpia

Gosto de vê-lo voar como o olho cego de Deus
Enquanto plasmamos nossas vertentes do encanto
Verdades de emoções harmônicas, grudadas ao seu voo
Levando-nos para um destino ignorado
A vida segue com um trem em trilhos de algodão.

 
Luís Fabiano

quinta-feira, novembro 10, 2011

Pérola do dia:


"As pessoas gostam de estar em lugares onde muitas pessoas também gostam de estar. E isso é muito insuportável."


Mario Bortolotto


Drops do Diabo

Seios flácidos de chumbo
Olhos de gelatina sem gosto
Isso era o melhor que ela tinha a oferecer
Fiquei observando seu brilho desmaiado
Enclaurados no motel barato
Entorpecidos e nada acontecia

Entramos naquilo não sei como
Éramos sapos carentes
Feridas abertas na sarjeta sem tom
Limo nas aguas puras
Tem dias em que a noite é foda...

Então ela tirou a roupa repentinamente
E eu vomitei na cama...
Acabando totalmente com qualquer possibilidade de gozo
Disse a ela: prefiro você de roupa
Ela não gostou nada
Mas verdade seja dita, a roupa as vezes é bom negócio
A cortina do teatro... a luz apagada
A sombra da ilusão que acalenta nossos sonhos melhores
Ali tudo sempre é bom... yes

Mas ela não desistiu
A doideira a estimulava ao pior
Tive que encarar aquela xoxota suja
O cheiro forte e acre, esmurra meu nariz
Isso acorda o animal das eras
Mergulho minha língua nela
Restos de tudo ali... farelo de pão, papel higiênico esquecido nas dobras
Esqueça esses detalhes... concentre-se bastardo...
Aquilo foi bom como um passeio no inferno

No final não sei quem venceu...
Eu me sentia um cavalo selvagem
O mais macho dos últimos tempos
O louco sem porto
Pensei: Criador... permita-me morrer
Através de uma ejaculação fatal... o gozo da morte...
Que minha alma saia pelo meu pau... adentre os portais do templo
Olhei para o lado, ela roncava como uma porca.

Luís Fabiano

quarta-feira, novembro 09, 2011

Momento Mestre

Bukowski Tapes - 1






Banheiro da Padaria


Aquilo era uma plataforma de lançamento
Movimentação frenética
Onde a ânsia e o desespero são a pólvora
Eu estava feliz com minha cerveja estática
Com um miserável sem preocupações adiante
Estou vivo minuto a minuto
Isso me basta

Eles entravam e saiam sem parar daquele banheiro
Não mijavam, cagavam ou mesmo trepavam
Entravam apagados e saiam com olhos brilhantes
Estrelas cadentes flácidas em uma madrugada sem fim
Eu achava engraçado
Talvez pelo prazer que tenho de ver ruinas potenciais sussurrando

Meus caninos crescem no silencio num piscar de olhos
Ferindo minha própria jugular
Enquanto eles riem mais do alto
Da altitude sem cordas de segurança
Afinal todos precisam de vícios... um ou dois talvez...
E acho melhor os que são explícitos
Ao invés daqueles que calam no asco emulado das virtudes

Todos riam demais
Falavam demais
Felizes demais
Os demais em qualquer coisa é um problema
Mesmo o amor, é uma merda quando demais...
Mas não me incomodavam
Segui bebendo, deixando anjos e demônios decidirem tudo
Dobrando aquela esquina

Gosto deles quando eles não são eles
Quando seus brilhos falsos tentam imitar cometas errantes
Quando a merda é entorpecida lentamente com carinho
E a vida fica sem tempo, ainda que por algum tempo
A cerveja faz seu serviço em mim
Curvando as linhas retas da vida
Vamos todos virando fantoches
Uma animação surreal da vida real

Então o milagre acontece
Viramos todos irmãos malditos
Pouco importa se o mundo arde no quinto inferno
O banheiro ainda esta ali
A cerveja ainda esta sobre o balcão
Ainda temos outra chance.
Antes do amanhecer.

 
Luís Fabiano.

terça-feira, novembro 08, 2011



Espreita no escuro

Aves de rapina
Condores sem luz
Coisas que se escasseiam dentro de mim
A beleza fulminada passo a passo lá fora
Nos dias de ontem
E alguma sorte no amor hoje

Que mais precisa as ranhuras de um derrotado...
Quando todos os ventos sopram contra
Ainda é possível sorrir da merda e dizer: tudo esta bem
Uma fé plena sem Deus
Uma certeza sem montanhas perfeitas
O afago brando do inesperado
Dos anjos sem face

Enquanto no meu peito estalam esperanças
De onde vem isso?
Insondável, inexplicável fagulha do querer natural
Arranhando minha casca de breu sem voz
Extraindo luzes das feridas secas
Amamentando nascentes errantes
A vida segue

Não sei exatamente como tudo se dá
Não percebemos nitidamente as essências
Capazes de catapultar o sebo viscoso e grudento
Onde nos perdemos, dando a importância fabricada
O demasiado preenchido de nada
Tempo esta se esgotando...

Luís Fabiano.

Trecho Solto...

“...mas quando se lê seu trabalho cuidadosamente – os seis romances, as dúzias de contos, o roteiro e os inúmeros livros de poesia – vê se uma filosofia pessoal descompromissada que é convincente, senão desafiadora: uma rejeição as regras impostas e degradantes, a autoridade e pretensão; uma aceitação do fato de que a vida humana é quase sempre desprezível e que as pessoas são frequentemente cruéis umas com as outras, mas que essa vida também pode ser bonita, sensual e engraçada.”



Extraído: Charles Bukowski – vida e loucuras de um velho safado.

segunda-feira, novembro 07, 2011

Dica de Filme: Cadillac Records


A historia delirante do Blues. O som das plantações de algodão, nascendo nas veias abertas da cidade, trazendo a paixão, a violência, o amor e a decepção. Nada mais Blues que isso. O filme passeia pelas origens da gravadora Cadillac Records, a única dar espaço para o Blues nos turbulentos anos quarenta, de separatismo formal de raças.


O filme brilha prismado pelos nomes de Mudy Waters, Etta James e Chuck Berry. Marcos que mudaram a rota da musica definitivamente. Uma atuação fulminante de Beyonce, no meu entender passional, ela e o Blues têm mais que uma mera conexão artística.


O filme é forte, tenso e terno. Uma pedida para quem não viu.


Luís Fabiano


Pérola do dia :


A lucidez para viver, é uma espécie de porre as avessas, lucidez plena e porres infindáveis levam ao tédio.”

Luís Fabiano

Navalhadas de um mundo deformado: Suavidade afiada


Outro bar das proximidades, copos mais ou menos limpos como nossas almas, a atendente bissexual com uma má vontade dantesca, enquanto vamos chegando de um a um.

Morcegos a procura do cálice de sangue, do anestésico capaz de sossegar a alma ou apenas algo que nos entorpeça da dura realidade enfadonha de nossas vidas.

A atendente piora, e nós sorrimos, afinal alegria sempre esta na mão de alguém... quando não esta com você. A conversa torna-se alta, abafando os nossos piores ruídos, enquanto brindamos a felicidade de qualquer coisa sem sentido. Chamamos isso de viver...

Fico com minha bebida, ruminando a vida bovinamente, procurando encantos no diáfano, raízes luminosas de vida, plantas da leveza, esperanças pulsantes...


Guarda a dor em tuas entranhas
No afã de semente potencial da vida
Entremeadas de emoções em contradição
Errante caminho não tomado no brilho que esmaece
Soprando ascensão dos carinhos possíveis
Nas mãos próximas da verdade
Transformando a derradeira derrota dos vencidos
Na voz vibrante dos sonhos que plasmam alegria
Fulgurando nas coisas simples do viver
Sentimentos como flechas em chamas
Brilhando na noite de todas as noites
Teias orvalhadas do amanha...

Um templo aberto nas madrugadas sem fim. Uma felicidade estranha vagando nas calçadas imundas, em preces de risada aqui dentro, em ofertas de álcool, em satisfação no banheiro do bar. Quanto todos compartilhavam por momentos, a ponta de suas angustias de gozo possível. Mulheres se beijam, homens se beijavam, o caixa do atendente enche-se de dinheiro... todos se satisfazem como podem.

Eu espero sempre que alguma coisa aconteça, sou assim. As vezes dá certo, como tentar ver um cometa... Naquela noite tive alguma sorte. O bar estava cheio, temperamentos afiados com egos difíceis. Então vi uma garrafa voar e atingir uma parede, enquanto duas senhoras que poderiam ser minhas vós, brigavam pela atenção de uma mulher, jovem drogada incentivando a desavença entre elas, isso até arrancou um sorriso doce da atendente na fronteira.

Pensei comigo: tempos difíceis, mas isso aqui é bom... sou um pescador e você sabe, não basta saber pescar, é preciso um pouco de sorte. Sorri feliz.

A beleza é a sombra aveludada
Que nos chama a seus carinhos
Atraindo a amalgama fundida de nossas intenções
Desejo sagrado de tornar-se o verso da harmonia sussurrante
O acerto sem conflito, amansando as farpas do desassossego
Adormecendo entregue a dorso perene da existência
Como os abraços que amamos
Os beijos dados que levam mais que o gosto subjacente da alma
Eis o que volita no denso que convulsiona
Do barro sem par, a gravidade lucida dos sonhos luminosos

Então como uma voz silenciosa, movidos pela exaustão sugada das entranhas cansadas, vamos indo embora... copos descansam nas mesas engorduradas, corpos procuram complementos, camas tornam-se portos, ninhos...

Pago a conta e saio.
As ruas da avenida Bento, as luzes dos postes são riscos vacilantes e tortuosos, disputando com as estrelas, os neons coloridos vão se apagando, sinto-me cansado, quero os braços dela... mas ela esta por ai.


Luís Fabiano.

Poesia Fotográfica...