Navalhadas Curtas - Encontros desagradáveis e a morte redime até os infames

Encontros desagradáveis e a morte redime até os infames

 Talvez minha paciência ande algo pouca por tudo que vem acontecendo em minha vida. Me sinto um fio desencapado pronto para dar um choque de 480volts. Então sugiro não testar.

Desço entro no carro, o telefone toca, é Mariângela.  Ela tem o dom de ligar sempre em horários inapropriados...sem falar que considero deseducação ligar sem perguntar se é possível falar. Não gosto de deseducados.

 -Alo, diga Mari...

-Sabe eu queria falar contigo...

-Ta falando...

-É, mas tu sabes né...

-O que eu sei?

-Minha mãe morreu...

-Não sabia, lamento...mas é uma fatalidade né.

 Então ela começa toda uma justificativa de Deus e o caralho...que ela já sabe que a mãe dela está na luz, que alias está com muita luz... eu fico pensando qual será o preço da conta da Ceee? Ela não para de falar todas as merdas espirituais, que isso e aquilo como uma metralhadora de bosta como se a morte transformasse toda a porra da tua vida em um paraíso...não transforma em paraíso é uma merda.

Mas como disse odeio deseducados, então fiquei apenas ali escutando e concordando com qualquer coisa, por fim ela para de falar todas estas bobagens e ficamos em silencio.

 -E a tua mãe? Ela pergunta.

-Ta viva ainda...porem esta louca.

-Não fala assim ela é muito importante...

-O que tu sabes dela?

-Sinto falta da minha mãe...

-Então era isso que queria falar comigo?

-Não, não eu queria saber se podes arrumar meu computador...

 Fiquei pensando...e decidi que não, porque ela é chata, eu detesto papo furado que não resulta em oral, pau, buceta ou cu...

-Não posso arrumar, estou em quarentena, e não arrumo mais nada.

-A tá...então ta bom.

-Tchau.

 

 

L.F