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segunda-feira, fevereiro 03, 2020

História de um aniversario.



História de um aniversario.
Parte 1

Sou do tipo tomado de surpresa pela existência.Muitas vezes aparento ser planejado, organizado ou até mesmo logico, mas a verdade que eu engano bem caralho.
Sou um caos silencioso entoando minhas misérias harmônicas e tentando não me afogar em alguma merda.

Assim que se vive dia a dia, sou intenso enfático no momento que vivo como se o mundo fosse acabar. Mas logo passa e volto ao meu estado normal, como uma febre que passa, a dor de dente que alivia o peido que sai... normal é uma palavra que não faz sentido algum.

Acordar pela manha é um milagre e de pau duro então, é algo como o dedo sem unha de um anjo mau, é bom pra caralho literalmente. Não sei as mulheres acordam excitadas todos os dias, eu sim. 

Uma punheta matinal, com o cheiro ocre da manhã, a noite dormida,baba no travesseiro, um pouco de cuspe na mão e apertando o pau como uma longa buceta lisa e apertada (detesto as apertadas, prefiro as mais largas e com os cus mais largos também, elas oferecem mais diversão). 
Então vou vou fazendo devagar, meu pau duro libera a gosma do prazer...ainda não é a porra, sinto o cheiro do meu pau, acho que sou meio narcisista gosto do meu cheiro sujo da manhã. Cuspe, hálito, merda e porra é a nona sinfonia do demônio matinal...a cabeça esta dura e vermelha ao extremo... puta que pariu deus fudido isso é bom demais, venham cadelas, putas aladas, anjas do inferno...gozem comigo gozem...agora agora...agora !
Quando gozo fico assim, uma espécie de animal morto, desfalecido relaxado e com muito sêmen, sempre ejaculo bastante.

Agora que viria ?
É verdade minha mente tenta emular a lucidez mas estou sempre muito bêbado ou chapado para isso, mas a esta maldita realidade que nos chama rápido para uma vida ordenada, feliz, saudável, esperada e longa?
Não, tudo isso é mentira, ao menos pra mim não acredito nestas coisas.

Fui para o aniversário de minha mãe, que então faz setenta anos. Eu não comemoro aniversários, na verdade eu nunca gostei do meu, lembro terrivelmente que na infância minha família me vestia arrumado, bolo branco, velas brancas, sapatos brancos e o maldito sol de um calor foda, eles cantavam parabéns e mesmo criança (coisa que nunca fui) eu os achava chatos cantando essa música...lembro bem, me sentia constrangido, desagradável e com vontade de correr dali, por isso minhas fotos de aniversário de infância estou sempre chorando, eu era a merda de um bebe chorão.

Mas dizem que setenta anos não é todo dia que se faz. Alguma idade se faz de novo? Foda-de. Me sentia relaxado, limpei a porra nos lençóis o que é ótimo, tomei um banho e fui para  festa, sem grande ânimo.

Lembrei de minha mãe que não registra muito bem as coisas atuais, todos parentes estarão lá, comida, bebida e claro os parabéns... entendeu né?

Cheguei quando todos já haviam chegado, é melhor assim pra mim. Seres humanos são muito enfadonhos quando juntos, em separado são um pouco melhores. Fiz a minha melhor cara de simpatia a que uso finais de semana depois de estar mais descansado, sou educado por estética porque descontrole não é bonito.

Meus parentes me olham, mas não me entendem muito bem, a vida inteira foi assim.
Não tenho muito a oferecer para eles e nem eles a mim, não temos afinidades em nada, conversar banalidades em um desenrolar sem fim com risadas para adocicar o tema que nos leva a caminho algum no desfecho franco de vazios que seguem. A poesia do encantamento carcomida pelo tempo que se banha em nossas aspirações, emoções e ideais... puta que pariu o tal ideal. 
Não tenho ideias.

Olho para minha mãe envolta naquela turba conhecida e envolvida em um turbilhão de pensamentos pessoais desconexos que sua a mente lentamente vai deixando de perceber. Seu rosto me fere, machuca pois não exprime nada, nem o sorriso de uma felicidade profunda e nem o amargor de uma dor lancinante, nada,  ela mantem a mesma expressão para tudo. Fiz esse breve comentário com minha irmã...que concordou, sem dor ou amor? Vida.
Eu não queria conversar com mais ninguém, afinal setenta anos...eu tento entender e não consigo essa minha fragilidade, talvez nem precise.

Seguirei depois, amanhã talvez, estou cansado agora minha mente ferve de emoções e palavras, mas o álcool ajuda a desacelerar então vou beber mais um pouco para acalmar as lembranças, sinto que posso perder o controle diante desta tela e isso não seria bom para nós, afinal não é estético.

L.F
Parte 1



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