Pesquisar este blog

quinta-feira, fevereiro 06, 2020

História de um aniversario - Final



História de um aniversario - Final

Parte 2

Tentei manter a calma, tentei ser centrado, mas tais acontecimentos da doença de minha mãe tornaram obscuro meu querer, como uma esperança desmaiada. Sou muito realista, para esta doença não existe cura, não existe a possibilidade de melhoras, tudo que se faz e tratar efeitos que vão surgindo invariavelmente como uma escada para baixo.
Hoje é sempre melhor que o amanhã.

Não sentia fome ou sede ou porra alguma. Queria que o aniversario terminasse logo e que todos voltassem a paz para suas casas, como uma verdade que carcome lentamente, o roedor das bençãos venerado e fantástico, em um jogo em falso que nada faz mudar.

Olhava a todos eles e pensava na paz, por vezes a paz é apenas uma aspiração vazia, repleta de coisas que são naturalmente inalcançáveis, falamos de paz como uma mercadoria que se adquiri, sentido desta palavra nos é desconhecido, somos errantes frágeis e repleto de limitações, com algum orgulho.

Estranhamente meus parentes pareciam querer me agradar e sou naturalmente ignorado nestes eventos, não temos nada a conversar e claro eu não torno isso fácil, se vc não tem nada a me dizer é simples não diga. Mas tudo isso é improvável para não dizer impossível, o cheiro defumado do frango, da salada e alguma cerveja tornaram as pessoas animadas e sorrindo com alguma satisfação. Pra mim não basta.

Vejo o que não se vê, a arma mais franca e camuflada nas entranhas destas almas: aquele maldito e insuportável olhar de pena, o olhar que destrói qualquer pessoa doente que já não consiga mais lutar com alguma dignidade, como um touro desnutrido até o final.
O que se faz contra isso? Foda-se.

Abstrai o pensamento, fiquei procurando boas bundas entre os convivas, porque quando tudo esta perdido uma bunda é taboa de salvação. Evitei as conhecidas e me concentrei nas bundas das amigas de minha mãe, mais velhas, solteiras e com a buceta quase seca de tantos medos, preconceitos tenho um faro para reconhecer bucetas tristes. Fiquei naquilo deixando o tempo trabalhar. Ate que fui interpelado por uma das amigas de minha mãe:

-Tu me chamava de tia... tinha certeza que era ´por respeito né?
Dei uma boa olhada nela, de baixo para cima, parei com os olhos entre as penas dela com aquela calça justa e sorri como só os canalhas inveterados fazem, tenho a certeza absoluta que estou me tornando pior...ou melhor disse:
- Respeito? Claro que não muito antes pelo contrário...eu não respeito não

Ela sorri com surpresa, claro senti o cheiro da putaria no ar, olhei para ela como quem fosse come-la ali diante de todos, eu creio que seria algo marcante e com certeza divertido, talvez vc esteja pensando que eu não tivesse coragem?
Como disse ainda não me conheces muito bem, pessoas muito silenciosas são naturalmente as piores, gosto de silencio por isso não direi nada a você, terás que seguir lendo essa merda pra ver ate onde a buceta de Alice te leva.

Agora neste momento estou bebendo rum...a bebida é a bíblia de algumas coisas, tornando vc uma pessoa melhor para mim, tornando os insuportáveis amigos e torna meu pau inchado também...é bom uma ótima sensação.
Coloco mais gelo no copo, mais uma dose caprichada, e minha mãe adormece o sono dos anjos.
Olho a janela e vejo a rua, como um grito selvagem chamando os desconhecidos, o cheiro do calor me cansa, mas estar bêbado me deixa tranquilo.

Sinto minha pressão despencar acho que precisa me deitar...estas malditas letras parecem que vão desmaiar  como uma pintura borrada, sinto a febre,  a ereção e vontade de apagar...
Quanto ao aniversario acabou mesmo...todos foram embora e até agora não se comunicaram mais.
Fim desta merda.

L.F

Nenhum comentário: