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sexta-feira, novembro 29, 2013

Noite Bêbada, Buracos no Inferno e Tetas Amigas Parte 1




Noite Bêbada, Buracos no Inferno e Tetas Amigas.

Parte-1

Cai a noite na velha Pelotas. Nova Pelotas não esquecendo da Velha Pelotas. Gosto da noite, geralmente é quando os milagres se tornam possíveis, e os infernos abrem suas portas mais declaradamente. A noite consome, me consome, é como um imenso inconsciente ocultando nossas sombras.

Por vezes penso assim: vá se fuder humanidade. Vamos tentar inventar tudo novo, do zero. Por que penso isso? Talvez pela minha sede... a sede incontrolável que algo como a verdade deve surgir fresco... um recém-nascido da porra, acordando neste mundo e depois fazendo sua parte na trajetória das tragédias de Deus e do Diabo. 

Tenho sede, tenho vontades e quero beber agora. Mas não agora. Neste momento estou olhando pela janela do trabalho, do terceiro andar lá embaixo, formigas humanas, carros barulhentos, música estridente de péssimo gosto, luzes coloridas de neon falsificado, bebidas nas calçadas, sexo por ai e as drogas. Essa é a noite, e quem não vê, ainda é um fantasma inocente sorrindo no vazio. 

Essa é a noite de minha cidade. Não reclamo, de certa forma o caos me acalma, o caos tem uma paz estranha, uma paz real e não inventada. A paz do que realmente somos, um algo ainda em formação. Um verme agitado sonhando com asas, o beijo na face de um cadáver, e um punhado de incertezas disfarçadas.

Estou contando os minutos para sair do trabalho. Quero mergulhar nessa noite devassa, descobrir as criaturas, e se o preço for me fuder, então foda-se. Na vida tudo tem um preço, e se não tem, esta embutido.
Pensei em ir para o Bar do Sujeira, beber algo ficar olhando as putas de longe e se alguém interessar-se... bem ai seria outra história.

Bato o cartão e estou livre agora, como uma profecia maldita, o meu celular toca, a besta fabulosa e tecnológica anunciando a tragédia ou um afago da beleza. Vejo quem é, é o Nego Nelson. Atendo a merda do fone.

-Fala meu líder... qual é, e qual foi?

Nego Nelson ri do outro lado da linha, esta bêbado, de fundo ouço gritos femininos e um samba forte cadenciando na classe... ao que parecia ser uma festa...

-Sou líder de porra nenhuma não Fabiano... e aí? Ta de boa? Qué dá uma chegada no festere dos bão?
-Puta merda Nego, só dizer o endereço...
-Vem pros lado do Pestano então, é num conjunto residencial aqui ta ligado?
-Nos Ap?
-É...é sim, é tipo uma ocupação informal ta ligado ,tamo aqui, ta rolando geral...

Anotei o endereço, mas não sei, não havia grande expectativas. Sou um homem quem matou toda e qualquer expectativa existencial. Não sou ansioso, nervoso nem agitado. Isso talvez me torne pior. Minha expectativa, era sair de la vivo e de preferência com o Fudet, essa era a boa expectativa. Estava com disposição de fazer merda, meu coração desconectado de sonhos rasgando a noite, a as ruas de asfalto e a beleza escondida em mim e em você? Será?

Peguei o Fudet, tinha sede de cerveja, mas neste “mundo perfeito” que vivemos, beber dirigindo pode ser um problema. Não queria ir preso, ao menos não por bebida ao volante. Se isso ocorrer, espero que seja por um motivo maior. Sede da porra, sede de vida.
Ligo o carro, ligo o rádio, dou uma boa cuspida suculenta pela janela, estava me purificando. O rádio tocava Maria Betânia – A moça do sonho, numa letra que dizia mais ou menos assim...

Há de haver algum lugar
Um confuso casarão
Onde os sonhos serão reais
E a vida não
Por ali reinaria meu bem
Com seus risos, seus ais, sua tez
E uma cama onde à noite
Sonhasse comigo
Talvez

Pura poesia. Gosto de Bethânia pra caralho. Saio devagarinho, pego o caminho certo, destino traçado pelas mãos invisível.
Consigo achar o local, estaciono o carro. Dois elementos meio nervosos, fumando crack, fazem uma feição não agradável. Fico ligado na deles. Lugar tenso. Eu penso: puta que pariu... ainda bem que eu estava desacompanhado. 

Em lugares assim, andar acompanhado significa que tu podes ter algo a perder. Eu de minha parte, poderia reagir, poderia correr... mas acompanhado fica mais difícil... a dama pode se fuder bem mais que eu.
Desço do carro rápido... e já vou perguntando qual foi?
Nisso Nélson que tava vendo a coisa da janela grita de lá:

-Pode deixar... é tranquilo, é o Fabiano... alivia ai pessoal.

Os craqueiros recuam.

-Vem Fabiano... tem uma nega te esperando aqui...

Chego no local, gente pra todo lado, pagodão ao vivo, mulheres ali de shortinho rebolando a bunda, uma galera da porra...feliz, bebendo, boas bebidas, coisa fina contrastando com o local. Nego Nelson me abraça:

-Bah mano...te salvei agora hein?
-Va se fuder Nelson...me arrastaste para esse local...quero ao menos uma buceta no mínimo...uma, duas ou três...
-Dá conta?
-De duas sim...
-Filho da puta....hein...
-Cara, que raio de festa ta acontecendo aqui?
-Tu queres saber a verdade? Ou prefere deixar assim...
-Deixa assim.

Nisso uma gostosa rebolando bem gostoso, dançando na nossa frente, estão bêbadas e felizes. Quem não gosta de mulheres bêbadas e felizes? Até elas mesmas gostam.

Comecei a olhar melhor o local. Era um Ap invadido que fica ao lado de outro Ap invadido, o grupo de pagode tocava em um quarto...e som rolava para todos os lados, Nelson me apresentou as figuras da festa. Giuliani, Vanessa, Suzana e uma travesti Gessy. Fui conhecendo outras. O pessoal tava bem, feliz, naquele ambiente de paredes esburacadas, teto caindo, sujeira e bebidas caras. Não tinha rum...mas tinha whisky 24 anos, ta bom?

Gosto da bebida por isso. Ela torna todos irmãos, é como um sermão instantâneo, ao final somos todos irmãos. Fiquei irmão de uma mulata coxuda, nem o nome sei. Quem precisava de um nome com aquelas pernas?
Ilustres desconhecidos felizes, sambando, mais mulheres que homens, exatamente como o mundo esta hoje. Consigo me aproximar da mulata:

-Oi princesa...

Ela segue sambando indiferente, preocupada com o cabelo e mexendo aquela bunda sensualmente sozinha. Gosto de mulheres assim, decididas. Porra ela tava cagando para o mundo, pra mim, estava curtindo a dela. Mulheres que plainam acima dos limites, essas são foda,mas a grande maioria não faz isso. Atitude as vezes faz diferença.

Ela me olha e da uma risadinha vadia. Um sorriso as vezes é como uma pequena penetração.

-Oi Negro...
-Quer um gole?

Ofereço o whisky pra ela... ela sorri mais e bebe, deixando marcas de batom no copo. Acho massa marca de batom. Sempre tive minhas camisas examinadas quando era casado... e sempre existia marcas lá, não sou de me esconder. E a briga faz parte do jogo. Uma relação humana precisa de altos e baixos como a vida.

Lambo a borda do copo com batom... e a puta feliz, segue dançando, ao som de Revelação. Olho de lado e reconheço o cara do cavaco. É o Tonho, o cara que toca no buteco do Rei das Bucetas... puta merda, estaria o Rei ali?  Não pode ser...

Continua...

Luís Fabiano.





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