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domingo, outubro 27, 2013

O ninguém vê


O que ninguém vê

Ninguém vê o amor...
O perdão
O destino das lagrimas que caem solitárias
Ninguém vê o derretimento da calota polar
E ninguém vê as pedras despencando nos desfiladeiros do mundo
Ninguém...
Vê...
Ninguém
Teus dramas silenciosos
Tuas dores rancorosas
Teus gritos amordaçados
E o teu preconceito com tudo que é diferente
Ninguém vê o tigre devorando o antílope
E ninguém vê o início do câncer...
Ou do infarto...
Ninguém vê o início da cura...
E ninguém se vê do reverso
A carência com tantos nomes...
As vozes que não falam em ti...
Ninguém vê Deus ou o Diabo...
E no meio da selva, ninguém vê a serpente se enrodilhando na vitima
E o que fazemos aos outros com nossas palavras...
Boas...ruins...
Ninguém vê...
Ninguém te vê
Ninguém me vê...
O revolver engatilhado por ai neste segundo...
A violência que não é hostil
A violência adocicada entre risos...
Ninguém vê as ondas chegando a noite...
E a chuva partindo de volta para as nuvens...
Ninguém vê o neurônio virando alma...
A alma virando carne
Ninguém me vê...
Ninguém vê o sagrado
E ninguém vê o templo violado
O adeus...
O que se perde...
O que se está ganhando agora...
As amarras do passado
Ancoras sem asas...
Os dardos do futuro...
E ninguém vê o arrependimento cravando suas garras na alma...
E o cheiro do perfume
E as raízes do baobá...fundo, fundo...
A velhice chegando...
O amanhã ficando breve...
E ninguém vê a morte.
As vezes... não sei como vivemos...
E como temos tantas certezas da razão...
Por tanto que não é visto...
Você viu?



Luís Fabiano.

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