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segunda-feira, junho 24, 2013

Maribel



Maribel, Festinha do Capeta e uma Peixeira.

A festa iria continuar de qualquer jeito. Este era o estilo de festejo que Maribel gosta. Se você nunca foi pobre a exaustão... Pobre mesmo digo, um largado procurando uma toca para se esconder, rastejando por uns farelos de pão, fazendo o possível para sobreviver... Possivelmente você não me entenderá nada disso. Tudo bem, as vezes eu mesmo não me entendo.

Mas quando me vi naquela situação, a escala de valores sofre abalos fantásticos. Creio que falte isso a grande maioria das pessoas... Conviver com a merda existencial dos outros. Sair do cubo criado pelos ideais existenciais, que no fundo é um monte de “vapor barato” e merda. Puta merda... O que conta mesmo no final?

O que conta é onde a alma bate... Onde as necessidades gritam, onde as fomes dilaceram ou simplesmente satisfazer os instintos... Porque esses são foda, se você não da atenção para eles... Um dia a natureza vai te cobrar... Sempre tem alguém para cobrar.

A ideia de Maribel era essa: satisfazer os instintos. Então em sua casa quando o dinheiro aparecia, ela fazia muita comida, boa comida alias, comprava muitas bebidas...  Então chamava algum ou alguns de seus machos... Umas amiguinhas e tudo era festa.
Sim, festa até tudo se acabar. Maribel sentia-se feliz de fazer isso... Ao mesmo tempo lhe dava o titulo de rainha de Sabá... Maribel vivia assim. 

Branca como papel, gorda feita uma vaca, comia compulsivamente tudo que pudesse, tinha cabelos avermelhados tingidos de forma horrível e mesmo com a pouca idade, trinta e poucos anos... Tinha uma aparência desgastada demais. O cheiro forte que exalava dela, era uma mistura de tudo... Suor de muito tempo, fritura, e o aroma característico de rabo sujo. Confesso que tudo isso são atrativos raros.

Eu estava acordando depois de uma noite daquelas na casa de Maribel. Não devo me esquecer de dizer que ela mora em um bairro de periferia, lá pelos lados da Fernando Osório. É uma vila terrível, ruas de barro, lixo abundante nas esquinas, brigas dos vizinhos, putas, ladrões e traficantes disputando espaços. O mundo perfeito, e ainda aquele cheiro forte de esgoto a céu aberto, crianças sujas brincam nas ruas, não há vídeo games, as pessoas escutam radio AM a todo volume, ou então funk. Deus... Aqueles também seriam teus filhos? Creio que para muitos, existem duvidas.

Havia sido mais uma noite daquelas. Maribel havia feito bolinhos de peixe, toneladas deles, chamou dois amigos, a mim e três vizinhas... Trouxemos muita cachaça... Por volta das vinte e três horas e trinta e sete estávamos todos na sala... Bebendo... Comendo e ouvindo funk do pior estilo. É como fazer uma invocação ao demônio. Tudo caminhando lentamente para o descontrole absoluto, os átomos estavam sendo carregados, a atmosfera repleta de magnetismo.

Gostava daquela sensação. Por vezes gosto destas festinhas...  Porque necessariamente não preciso participar... As vezes fico só olhando a situação, um voyeur ... Gosto de olhar, por vezes tiro o pau para fora, e bato uma punheta suave, enquanto o inferno se transforma em lava cósmica... Eu sentando no sofá... As vizinhas que nem o nome sei... Enroscavam-se como um dos convidados... Maribel, chupava o outro e uma terceira vizinha que estava chapada e mais louca... Dançava tirando a roupa, naquele casebre fudido e quase caindo. Eu me sentia bem... Não estava com vontade de comê-las... Por vezes o paraíso é apreciar a desgraça em off. Maribel aos gritos:

-Vem Fabiano... vem...porra... a minha buceta ta pingando de tão molhada... há,há,há...
-Bel... vai firme...to curtindo a cachaça os bolinhos e a foda de vocês... Fodam muito...

Aquilo havia virado um festival de gemidos... E gritos... Os caras agora estavam insanos... Começaram distribuir tapas no rosto... na bunda.
Eu gargalhava... Você sabe como é... putas de verdade gostam de uns tapas... Não eram violentos... aquilo era para apimentar a coisa...
Maribel virou a bunda imensa para mim... e rindo disse:

-Fabiano... Fabianinho... Olha só... O meu cuzinho piscando, ta te chamando...

Eu ri... E fiquei olhando aquilo que chamava de cuzinho... Bem não necessariamente um cuzinho... Era um rabo tarimbado e curtido de levar ferro... Cheguei pertinho com a língua no túnel negro... E então Maribel, a bruxa filha puta... solta o maior peito da historia...com cheiro profundamente acebolado...cheguei a tossir. Deus... Como o ser humano consegue feder tanto?

-Maribel... acho que tu te cagou...meu amor...
-Hã? Sério? Tais brincando né?

Então passou a mão no rabo imenso... e depois lambeu... Realmente não havia merda.  A festa seguia lindamente, agora aquelas mulheres meio quebradas, magras e fumadoras de crack e bêbadas... Se chupavam em um sofá... Ao meu lado... era lindo.

Você já viu duas mulheres se chupando? Eu recomendo... É uma cena cheia de energia, profundamente erótica... faziam um sessenta e nove, lento...demorado...gemiam, arfavam e abriam a xoxota chupando o clitóris uma da outra... Se xingavam... se chamando de cadela...vadia... Mas no fundo estavam adorando, a cena era uma poesia erótica completa...

Vadias no cio...
Em pleno grito do diabo...
Molhadas de prazer... e desejando o gozo mais profundo...
Enquanto suas flores... Abrem-se
Cuspindo o mel de Deus...
Rompendo toda a dor...
Em um abençoado caos...
Flores virgens carnívoras...
Rabos ansiosos...
Dedos cegos procurando fendas...
Língua sequiosa...
E um grelo, querendo torna-se a pica de Maria...

Assim eu as via... e todos pareciam agraciados com aquilo... Maribel louca, bêbada... pelada balançado suas banhas para todos os lados, aos gritos...queria participar daquilo... Mas faltava-lhe senso... Aquilo era um momento delas, como uma prece, não se interrompe uma prece. Tirei meu pau para fora... E quando elas gozassem, eu gozaria sobre elas... Uma porra espessa e abundante... Esse era o plano traçado... E foi assim.

Então já havia passado mais de quatros horas daquilo... E todos caminhávamos para exaustão plena. Como porcos abatidos... Fomos dormindo onde estávamos... Jogados como panos de prato usado... Engordurados... sujos...recendendo a álcool e sexo.
Me acordo tarde da manhã... A primeira coisa que lembro é do “fudett” o meu carro. Ele estaria ali ainda? Inteiro? Puta merda... eu esperava que Deus e o alarme tivessem feito seu papel... Me levanto... E vou até a janela do barraco... O carro ta lá... ótimo. Quando me viro... Maribel esta atrás de mim... E tem uma peixeira nas mãos... parece furiosa.

-Sai da minha casa... Cara... sai agora hein...se não te capo...
-Hei... hei Maribel... Cuidado ai com essa faca meu... Que houve?
-Não te faz Fabiano... não te faz...tu é uma baita “fazido”
-Mas que merda Bel... Nada disso que houve ? Diz aí...

Então lembrei que Maribel toma remédios controlados e bebe... e fica louca...quer matar e acontecer... Agora eu estava no pênalti: ou eu saia de boa... sem levar uma facada...ou esperava ela marcar com aquela peixeira, e dava uma tapa nela... A colocava para nocaute... É isso, a vida é feita de escolhas. Seja filho da puta e sobreviva... Tente dar uma de bonzinho... bem, você pode se fuder rapidinho... Como sempre se diz: os bons nos juízo final se fodem. Eu acredito nisso.

Era um impasse, Maribel pelada a na minha frente... eu pelado com uma faca apontada para mim...e aí José? E sem saber o porquê...
-Maribel... tudo bem...deixa eu me vestir...que eu vou saindo...tranquilo ok? Mas eu preciso pegar a minha roupa... E saio fora... Tranquilo... Fica calma aí...

-Calma uns caralho cara... Ontem tu me chamaste de merda... Me chamou de cagada... e disse pra não me meter na foda das minhas vizinhas...
Seria verdade?

Eu pensei que apenas tinha pensando... Fui pegando minha calça enquanto ela me seguia com a faca...

-Sei Maribel... Mas assim foi sem querer... ok? Relaxa... Tu fodes muito bem também... viu...eu tenho certeza disso...

Eu tentava controlar as coisas... Mas já havia calculado onde bateria se a coisa ficasse pior... Um soco no nariz... E tudo vira sangue e dor... É a ultima saída. Não se encurrala um tigre... Ele não terá nada a perder.
Consegui me vestir... E a faca ainda apontada para mim... Você conclui que quando alguém quer ter acertar... Ele acerta e não fica fazendo onda. Tive oportunidade de ver pessoas usando faca contra si mesmo... E te digo... Não existem floreios.

-Vai embora daqui Fabiano... E não volta nunca mais seu filho da puta descarado... Fazido de merda...
-Tudo bem Bel... Tchau.

Abri a porta e sai... Entrei no carro. Tudo em perfeita ordem... Afinal nada de mal aconteceu. Liguei o rádio... Um pagode de Bezerra da Silva tocava... Coisa boa... E a letra tem tudo haver:
“Em transação de malandro não se põe areia”... E se tentar atrasar a coisa fica feia...( http://www.youtube.com/watch?v=y79lYbZqFGU )

Liguei o carro...  E voltei para casa.
Estava em paz...
A noite cai... São quase meia noite... Então o telefone brilha... É Maribel novamente... eu atendo:

-Fala Maribel...
-Fabiano... Eu too fazendo uma festinha...

Luís Fabiano.



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