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quinta-feira, março 28, 2013





Quem é aquele

Ninguém sabe quem é quem
Somos suposições vacilantes
Brincando em uma posição
E a incerteza é a certeza maior
Muito embora tudo diga que não...

Ontem um cara sentou a minha mesa
Agitado e olhos de drogado, disse:
-Eu sou matador cara... eu mato...
-Grandes merda – eu disse
Então ele mostrou o cabo de uma faca...
Queria me dar certeza...
-Ok – eu disse
Esse me parecia um idiota
Ele se foi.

Então veio uma moça... ficou me olhando de longe
Uma mulher de olhos doces, talvez tivesse gostado de mim
Mostrei a cadeira vaga na mesa... Ela veio
Então disse: trinta o boquete, cinquenta uma completinha...
Sorri pra ela, e disse: e o amor?
-Amor não tem preço – ela disse
Se foi também.

Uma senhora bêbada, chorava no balcão do bar
Era uma tristeza dolorosa, talvez a maior dor deste mundo
Uma comoção raspou minha alma
Fui até ela... e a conduzi a minha mesa:
-Se tranquilize senhora... Não sei o que houve, mas tudo ficará bem...
Ela secava as lágrimas, mantive silencio
Por fim disse: Eu quero meu filho de volta...
-Ele morreu?
-Não... Ele não quer mais me ver... nunca mais...
Punição severa, pensei:
-O mandei escolher, entre aquela mocreia da esposa ou eu...
-Ta chorando por quê?
-Ele é meu... meu filho... meu...
Não falei mais nada

Seres humanos... todos e seus malditos problemas
Jamais se entendem 
Principalmente você, você é o seu problema
Não o outro
Somos estranhos uns para os outros
Ligados por pontes feitas de neblina

Quem é você?
Quem é o outro?
Eu digo
Você é o bote da serpente
E águia chocando ovos
O resquício de um por do sol
E uma estrela na madrugada
A surpresa maldita, e o carinho de uma mão estranha
Você é a oportunidade, e as brasas se apagando
Você é capaz de qualquer coisa...
E o outro também.

Luís Fabiano.

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