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sábado, fevereiro 23, 2013





Inútil e irrequieto

Minha vizinha levanta
Lava a roupa que é apenas sua (pois vive só)
Varre a casa, que não esta suja
E providencia algo pra comer
Então vê a merda da televisão
Dorme
Depois recomeça tudo novamente
Inútil

Fiquei observando-a, e ela é apenas uma representação de milhões
Tudo uma tentativa de tapar lacunas
Enquanto se fabrica um pouco de merda
Este é o plano fantástico de Deus... Ual...
Ontem a observei dependurando no varal, umas calcinhas puídas e com um furo...
Normalmente ignoro isso...
Mas senti asco daquela peça, por ela, pela limpeza e a vassoura
Então a vizinha me cumprimentou de forma sofrida
Como se o mundo tivesse caído sobre sua cabeça
Tive vontade de dizer algo hostil pra ela...
Talvez um tapa para que acordasse... As vezes funciona

Uma flor rara crescendo em uma caverna escondida dos olhos mundo
Peixe dos abismos oceânicos que nadam solitários enquanto você dorme
Folhas secas levadas pelo vento a um destino também ignorado
Um cão latindo para rodas de um carro em movimento
As ondas vindas, uma após a outra, todos os dias, todas as horas e sempre...
Milhares de palavras escritas por dia e ninguém lerá nunca
Garrafas vazias se acumulado sobre a pia da cozinha
O gelo derretido no fundo de um copo
Um carrasco sem vitimas
Todos inúteis

E isso nos leva ao próximo passo...
Que você tem feito da sua vida, que valha a pena?
O quanto tem estado feliz?
E dentro disso, de vez em quando você se lembra dela...
Por vezes não teremos as respostas
E é importante não ter pressa para obtê-las
Mas continue perguntando, perguntando... Sempre
Para que o coração não se acomode
Para que músculos não adormeçam
E a alma não se converta em pedra.


Luís Fabiano.



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