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domingo, outubro 21, 2012




Solitária, bêbada e feroz

Não sou o anjo
Nem tão pouco o demônio
Sou o olho nu sobrevoando uma navalha
Sempre há feridos e felizes por aí...
É assim que a vida gosta
Não desejo brigar ou rezar
Entre a merda e o amor

Eram três e quarenta e sete da manhã (ontem)
A hora das esperanças perdidas
Enquanto do outro lado do mundo
Hindus meditam a espera que humanidade melhore
Eu vago pela cidade
Um escravo da noite, meio vampiro, meio idiota, meio bêbado a espera de algo
Então essa moça da foto(acima)
A desconhecida, com uma minissaia curta
Caminhando trôpega, passou por mim
E seu rosto era o transtorno
Teve uma noite pesada...

Pensei: anjos não trabalham de madrugada.
E creio que pela primeira vez em minha vida não quis trepar com ela
Não queria nada, apenas vê-la tentando andar
Uma nota musical tentando se afinar
Nas ruas feitas de asfalto e distancia
A doença tentando a cura
Milagres do ontem afagando o hoje
Num carinho sem mãos

Eu poderia ser qualquer um...
O lobo do inferno, faminto ansiando violência e dor
O arcanjo abrindo as asas de algodão beijando feridas que adormecem
Mas eu era a mudez das estrelas
Os olhos da noite sem um travesseiro
Observando a desgraça passiva
Como a natureza faz conosco sempre
Confesso que senti vontade de falar com ela...

Mas não queria estragar aquele momento
Eu não sei quem ela é
Ela nem mesmo sabe que eu existo
E por vezes isso
É infinitamente melhor
Que qualquer proximidade
No meu pensamento, ela já esta salva.


Luís Fabiano.


Ps: essa moça estava caminhando as 3:47 de ontem, parecia muito triste, muito bêbada e solitária, subia a Gonçalves Chaves
.

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