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terça-feira, abril 10, 2012



Navalhadas Curtas: Amor estranho Amor

Madrugada avança, trem fumegante nos trilhos da lua... o destino?Amanhecer.
Tento conciliar o sono dos justos... ao menos pseudo-justos. E mesmo bêbado... eu ouvi uma gritaria lá fora. Alguém parecia apanhar. 
Vocês conhecem o som de uma pancada sobre a carne?
Ossos quebrando... talvez... e gritos... muitos gritos de dor. Pensei: alguém esta se divertindo. Então ouvi:
-Roberto meu amor... te amo... Roberto... Volta pra mim... Roberto...
Logo entendi que era um hino de amor. Então mais uma bordoada das fortes. Abro a janela, como os outros vizinhos que pareciam assustados com o alarido.
A cena era a mulher jogada ao chão, o rosto digamos, bastante danificado... e implorava a Roberto que voltasse... talvez para o inferno.
Roberto rosnava furioso... dizia que jamais...que era uma vaca traidora... então fosse pra puta que pariu. Eles nem pareciam ser de verdade... parecia teatro mexicano.
Ninguém se meteu... ao que parecia Roberto tinha motivos... a mulher apanhava e implorava como Madalena arrependida por Roberto. 
Acho que Roberto era o cara.
Então eu do meu quinto andar... o quinto inferno... gritei:
-Ei...Robert... trepa com ela... e acaba com isso de uma vez... isso aí é amor...
Os vizinhos me olham. Roberto me olha... e dispara:
-Fica na tua ai “meu”...tu não sabes nada...
Então uma viatura policial vinda do nada... sem barulho algum... chega. E a cena acaba... Roberto algemado... a vagabunda ainda chorava, mas acho que não foi pela prisão. Os meus vizinhos ficaram em silencio... mas no outro dia... todos perguntavam por Roberto.

Luís Fabiano.

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