Pesquisar este blog

domingo, abril 22, 2012




Entre o 68 e o 70

A coisa até vinha bem
Eu havia bebido o meu rum
Ela havia fumado a sua pedra de cada dia
Boeings a cabeceira da pista de decolagem
Motores a todo vapor
Isso não parece lindo?

Aquele lugar detonado não era dos melhores
Tudo estava quebrado e sujo
Não recordo o nome da vila
Ou mesmo do nome dela...
Mas ela tinha aquele algo que as mulheres limpas não têm
Desconhecidos amantes a luz de um barraco imundo
Fedendo a esgoto...
Começamos a trabalhar

Ela parecia um graveto animado com trinta e um...
Ossos com pedaços de alma...
Quando a despi, tive a impressão que haviam duas xoxotas ali
Mas não... 
Teria ela trepado com um cavalo? Não duvido...
É do tipo aceita... e ali estamos nós...

Então ela colocou aquilo na minha cara
Gritando como um locutor de rodeio no cio do inferno
Gemendo como um anjo estuprado num céu em chamas
Eu tentava respirar um pouco...
Afogado por aquela bucetona peluda gigante... linda
Meu pau era um dedal perto daquilo

Lembro que meu rosto quase todo, entrou nela
Como o amor as vezes entra na alma...
Era eu voltando para dentro do útero de uma mãe qualquer
Fiz contrações ao avesso... mas não entrei todo...
Me aninharia enroscado num útero de pedra
Carinhos travesseiro de um doente

Não tive tempo de olhar muito
Ela sorria como uma louca mordendo meu cacete
Aquele cheiro forte, sujo, mijado, dias sem banho e outros líquidos...
Vapores do humano mais oculto
Embalava meu sonho...

Gozamos assim...
Eu lambi seu útero por dentro 
Ela mijou no horizonte sem lua
Bebeu meus filhos do impossível
Num aborto de galáxias
E ambos sorrimos depois
A vida me parece ótima.

Luís Fabiano

Nenhum comentário: