Pesquisar este blog

segunda-feira, fevereiro 06, 2012



Ruas Desertas...

A madrugada avança
Fria, cruel e implacável
Saboreando mendigos lamacentos nas esquinas
Cães sarnentos da piedade
E putas discutindo com clientes
O desafio constante, a sobrevivência na selva escura
A fome , a sede e as mesmas emoções...

A espreita de um inimigo sempre pronto
Como a sombra subconsciente em nós
O canto do quarto em abandono
Medo de temer, de fraquejar...
Emergindo densas lembranças
O gosto seboso de nossas amarguras inesquecíveis
E a umidade abafada dos dias que se seguem
Montam um prato asqueroso que tragamos na contrapartida
Heróis de uma resistência sem gloria
O ramerrão do viver

Madrugada fudida daquelas...
Avançando dentro e fora de mim
A luz dos faróis rasga a escuridão
Cometas que se arrastam no chão
Velhos, crianças, doentes e gente de bem e de mal dormem da mesma forma
A Pelotas das madrugadas, hoje silenciosa, molhada pelo mijo do céu
Revolvendo sonhos, pesadelos e anseios
Vou deslizando nas ruas por dentro das ruas
O catador de farelos feliz a espera do inesperado

E as sobras se tornam sementes
Lançadas de forma errante para longe
Num futuro incerto como sempre é...
Com certezas plenas, a única possível
A que carregamos num coração de grades abertas
É assim que faço, meus desejos ganham asas
E desejam beijar as estrelas
Não sei se conseguiram
Não sabemos de nada...
Mas de mim eu sei...

 
Luís Fabiano.


Nenhum comentário: