Putas também gozam
Ela olhava como Virgem Maria da parede
A boca sardônica da inquieta ambição
Vasos que se perdem nas quedas
Eu me tornando nada
Flores do sentimento devassado cotidianamente
Entre os reais do agora, em um mar de porra eterna
Gostei quando vi seus olhos de falsa inocência
Não me importo de ser enganado
Gostei quando arqueava o corpo sobre meu pau
Tentando disparar a flecha rapidamente
Mas canalhas não gozam rápido
Enfiei bem a coisa nela
Fui martelando pra dentro
Como um picador de gelo lento
Tentando ferir-lhe a alma
Não fiz de propósito
Sou uma ave com a sede das nuvens
Mesmo no pior procuro a transcendência
Almejando carinhos do éter
E gozadas do demônio
Ela gemia baixinho...
Perdendo as forças...
Querendo e não querendo
A expressão de uma mulher tendo prazer é impagável
Estava curtindo aquilo
Esquecendo os cinquenta reais
Por fim ela aperta meu pau como um torno hidráulico
E solta um grito fantástico
Relaxamos como mães que recém pariram
Ficamos olhando para o teto sujo do quarto
Esperando a descida de Deus
Sorri pra ela e disse: você gozou...
Sim - disse ela - mas não há desconto.
Humanidade não tem preço.
Luís Fabiano.
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