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segunda-feira, dezembro 19, 2011



Magrelinha Ossos de Cristal

Não sei de onde ela veio...
Apenas que fumava um cigarro atrás do outro lindamente
Ficava encostada nos piores bares a espera do milagre
O seu arco-íris encantado,
Brilhando na noite sem esperança dos cometas apagados
Eflúvios etéreos de emoções desfeitas
Nó feito de feridas ressecadas
Não trocamos uma única palavra no abismo
Melhor assim

Eu ficava bebendo meu rum
Até que as pessoas se tornassem suportáveis e belas
Ainda que nada fizessem pra isso
Moscas voejam em um chão vomitado
Ela vomitou, talvez tentando salvar o intragável na garganta
O cheiro era terrível
Bafejando hálito do demônio

Ela as vezes me olhava sem dizer nada
Ficamos nisso, um silencio fecundo de possibilidades adormecidas
O respeito dos cretinos
Talvez ela fosse a foda do século
Talvez fosse uma vagabunda barata
Ela já tinha feito boquete para todos do bar
Eu ainda estava virgem

Olhei-a bem... a cara amassada lembrando Bukowski
Aquela cicatriz no peito, um coração implantado?
Mensagem de uma casa em chamas
E aquelas perninhas e braços fininhos
Lembrava um esqueleto animado sem riso

Sorri irônico
Descortinando que ela fazia parte daquele tipo de pessoa
Que é melhor não conhecer
Pois a imagem que tenho dela, é muito melhor que a verdade
Terrível roubar a beleza volátil dos sonhos
Pela realidade feroz da natureza cruel

Talvez por isso eu beba mais
Não para me salvar do caos
Mas para salvar o mundo da implacável feiura
Que todos trazem imersos nas vagas impetuosas
De nossa santidade emulada.

Luís Fabiano.

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