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terça-feira, novembro 29, 2011





Sem querer, verdades...


Terríveis podem ser as vezes as armadilhas do destino. Há de se viver com cuidado, para não terminar enrodilhado nos tentáculos peçonhentos da existência. Calme, não me refiro tão somente aos outros, antes sim ao que terminamos por alimentar em nossas entranhas, as lesmas escorrendo com fios brilhantes de luz, a aranha tecendo suas teias em nosso coração. Sim isso pode ser uma verdadeira merda.

O olhar capaz de deformar tudo a nossa volta, tirar o brilho do sol e a vida deixa de ser o que é. Esse é o cuidado... os outros são um mero detalhe neste caminho, não vemos pelos olhos dos outros, não sentimos pelos sentimentos dos outros...não fodemos com o pau e a buceta dos outros. Lançamos pontes feitas de baba eletrônica de Deus... e isso nos liga uns aos outros, seja no entorpecimento existencial, nas emoções cegas e tateantes a procura do encantando, como também no musgo apodrecido, que tantas vezes converte nossa vida e relações em nada.

Amor nem sempre é o problema, mas o jogo daquilo que entendemos como bom e certo... um barco se deteriorando as margens da vida. Não queremos mudar... a porra do tempo ta passando... a agonia dos gritos mudos da consciência, encenando a tragédia em nosso peito.

A impossibilidade de mudar o mundo ou mesmo conter um peido do diabo. É preciso pegar mais leve com você mesmo... penso sempre isso, quando entro em uma xoxota... quem sabe essa ...fará eu renascer as avessas? Mas nunca acontece, então deixo minha porra o mais fundo, o mais próximo do coração possivel... é o que posso fazer e sigo vivendo.
Por vezes cultivamos pensamentos como um ninho de serpentes, as vezes teias de aranhas. Eu a olhava andar de um lado para o outro, não a aranha, mas Tônia.

Minha cueca estava furada no saco, bom para ventilar um pouco. Tônia era naturalmente estressada com tudo.... Conheço bem o tipo, creio que muitas mulheres são assim, ansiosas, inquietas, inseguras... como se devessem algo a si mesmas. Talvez ai que o filho da puta que dorme em mim se aproveite.

Ela já estava me irritando de andar de um lado para o outro. Aquele quarto abafado, e o cheiro de um incenso horrível tão doce que me causava asco. Merda de vida, nada pode ser doce demais. Tônia parecia um carrinho de bate e volta, tratei de ignora-la, voltei aos meus pensamentos.

Tentava compreender onde havia errado com tantas mulheres. Não digo que elas sejam todas santas, não são mesmo. Mas eu sou um canalha hediondo e sorridente, bem sei disso. Gosto de xoxotas com pelos, isso é um ponto... depois vivia com elas... mas meu sentimento não era tão grande assim. Um amor barato como um vapor que se desfaz ao sabor do vento. Lindo por alguns momentos, mas a continuidade era foda. Era isso, um canalha elegante que mentia as vezes, que as vezes era sincero. Cilada terrível. Fiquei pensando, porra, haviam assassinos que eram mais sinceros que eu...estupradores mais sinceros que eu...ladrões com sangue nas veias. Eu não.

Por vezes uma xoxota convertia-se em uma paixão... porra... e paixão é uma espécie de insanidade temporária, então vinham os tentáculos... e por um motivo desconhecido elas gostavam do canalha... é difícil gostar de quem se importa tão pouco. Não pretendo entender isso.

O caso de Tônia era outra coisa. Um maldito calor no quarto, eu deitado suando na cama desfeita, numa tentativa de sexo que acabou naquilo. Eu digo, a verdade é uma lamina fina que só se pode usar em certos momentos. Estávamos quase no ato, então como tempestade repentina, ela quis entrar em assuntos de exclusividade:

-Que porra é essa?
-Diz pra mim, eu sou a mais gostosa?
-Vamos falar disso depois ok? Apenas viva e deixe viver... não é tão difícil não é?
-Preciso saber...eu sou a mais bonita também? Diz Fabiano...diz agora...a verdade...

Então quase sem querer no meu pensamento apareceu Gilda... corpo fantástico...cabelos bons... uma boca capaz de ordenhar um cavalo... bela, apenas um defeito, ser jovem, não gosto de mulheres com menos de trinta e cinco anos. Costumam ser inseguras demais, exigentes demais e entendem pouco dos desencantos da vida, prefiro as que se fuderam mais...e claro fuderam mais, em tese sabem segurar mais a onda...transam melhor e tem disposição de verdadeiras éguas no cio. Gosto disso.

Então disse:

-Gilda... a Gilda...é melhor que tu...

O clima acabou na hora... nestas horas a sinceridade deveria tirar férias, existe momento para falar a verdade. Então acabamos nisso... não sei bem porque fiz isso, mas ela foi tão incisiva na procura da verdade... as nossas decepções funcionam assim, uma super expectativa, multidimensionando todas as coisas, e num piscar de olhos a realidade tem dentes afiados. Desisti das expectativa, são sempre delirantes.

O clima pesou no quarto, me irritei definitivamente com aquele andar, e vesti minha calça jeans e a deixei andando no quarto... antes de sair gritei da porta:

-Não ande tanto de um lado para o outro...vai gastar o chão ai...

Ela não respondeu nada, bati a porta. Pensei: que se pode fazer a uma da manha? Procurar uma “igreja”e me confessar...
Fui parar o bar do outro lado da rua, não tinha rum então fui de Dreher mesmo... olhei para atendente que parecia ter boas tetas... pensei:bem, la vamos nós de novo....

Luís Fabiano


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