Aquela foi uma sacada de mestre. A madrugada avançava feroz no mundo lá fora, enquanto a fome carcome por dentro de desconhecidos.
Fiquei olhando eles largando aquelas comidas apetitosas na encruzilhada, frango assado, frutas, legumes e quindins. Os santos disputariam com as formigas e moscas.
Na mesma esquina, um mendigo andarilho esfarrapado e faminto, olhava aquilo sentado, o ritual todo, pessoas de branco erguendo braços pra cima, com guias grossas no pescoço, agradecendo aos orixás as coisas boas que haviam conseguido... acho que era isso... difícil entender essas coisas.
Quando subiram em seus carros importados prateados, o mendigão fez um gesto irônico... ergueu seus braços... imitando os macumbeiros em uma troça vinda da alma, sorriu com os dentes faltantes, sentou-se na encruzilhada, o banquete estava servido... champanhe, frango e quindim... noite boa essa.
Não em nome de que... mas às vezes a vida é generosa. Depois que o mendigo se serviu com vontade... fui embora... não iria querer me meter nesta briga espiritual, vá que os santos resolvessem aparecer por ali...a madrugada é longa, que cada um cuide do seu rabo.
Luís Fabiano.
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