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segunda-feira, novembro 07, 2011



Espelhos da mentira

Uma cama desfeita a beira da paixão
Bitucas de cigarro afogadas em cinza nevoenta
A paz em um ambiente errado
E ela olhando-se meticulosamente no espelho
Catando o pior de si
Uma cadela com pulgas, coçando-se desatinadamente

Conversa com o espelho como se eu não existisse
Talvez não exista naquele mundo solitário
Onde as formas clamam por atenção
Onde a alma não tem vez
Onde escombros apagam o amor
Seja como for, parecíamos bem como estávamos
Isso é certo
Cada alma no seu mundo

Dizia a si: eu to gorda...
Preciso fechar a boca... e perder isso aqui...
Eu to horrível... não sei como fiquei assim... imensa
To me sentindo mal... de me ver assim... nossa
Eu sou uma vaca mesmo... uma porca... uma...
A graxa ta em mim...

A televisão passava um filme pornô
Putas anoréxicas gemendo como um hino antigo
O mesmo gemido que pessoas gordas gemem
Comecei a rir daquilo
Somos todos uma família de imbecis
O quanto tudo aquilo era sério?
Ela não estava tão mal assim... mas queria parecer pior
Jogava bem e era ágil como uma gata

Mas diante do que via
Ela não conseguiu perceber um milímetro de si
Isso era o pior de tudo
Um rancor sem porto
Uma farpa sem asas
Uma rosa sem rosa
Pensei em interromper aquela merda
Mas ela estava se torturando na minha frente gratuitamente
Acho melhor ela ficar assim mesmo
Ao menos estava fazendo um bem a alguém.

Luís Fabiano.

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