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segunda-feira, outubro 17, 2011



Marcas no Colchão

Tenho um apego asqueroso
Viga mestra do nojo sentimental
Os piores sentimentos cultivados em cativeiro
Apalpados por nós todos os dias
Como uma masturbação obrigatória
E como tudo que nos cerca
Deixa um visgo de lesma despejado no chão

Aquele colchão falava por suas marcas
Como feridas pela dor, a infecção...
Nada era puro
Não havia marcas da agua batismal
Era o impuro derramando nas tormentas da vida ordinária
Alegrias e tristeza querendo ganhar asas...
No fantástico desfigurado
Das tolices derradeiras

Marcas de porra...
Cerveja...whisky...merda...um pouco do vomito...
Mijo de vagabundas celestiais cuspindo prazer e muco
Em minha ereção desafiando os anjos
Haviam marcas que desconhecida
Manchas que apodreceram em doença brilhantes
Desbotaram e tornaram outras manchas
Mais ou menos como nós
Engolindo o menos pior
Para converter a felicidade na gama visível

Sorri como um louco
Vendo o colchão velho
Palco de tantas fodas e mijadas
O tapete voador
E orgulhoso por estar assim desgastado
As rugas da historia sussurrando
As pregas do rabo misturando-se aos anos...
Ainda bem que ele não é um colchão de freira...
É minha câmara transcendental
Ali o mundo muda
Enquanto aguardo o descanso final.

Luís Fabiano.

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