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sexta-feira, agosto 26, 2011



Talos de mim

Ela recorta flores tenras
Em vasos de cristal
Desfruta a vida na morte delas
O verme devorando entranhas
Enquanto a saudade
Rasga, dilacera e rompe
O grito que não alcança outras galáxias
Asteroides riscando esperança
O coração ecoando incansável fluxo

Sente saudade do vampiro
Dos dentes afiados perfurando sua carne
Os hematomas
Restos doloridos do amor
As porradas atordoantes que a levavam a outro mundo
Sente falta de outra dor em sua dor
A dor que é ponte
Para o outro lado

Ela corta margaridas
Rosas vermelhas
E lírios
Deixa-os no talo
Como se sua alma estivesse ceivada
Na ânsia de encontrar irremediável paz
A puta bandida sorridente chora
A vagabunda Divina não voa
A virgem de porra nenhuma goza giletes
Mas ali
Apenas a mulher saudosa

Excita-se quando se lembra dele
A ponta do amor enredada nas tramas do desejo
Sua alma amarrada aos seus pentelhos
Vampiro...vampiro...
Vem matar-me uma vez mais e sempre
Vem sorver minha vida aos poucos
Meu sangue, minha merda, minha dor
És a desgraça que me faz bem

Essa foi sua prece...
Por que putas também oram
E naquela noite infame sem fim
Tudo foi silencio e mutismo
Deus e o Diabo estavam de folga
Os ratos e ambulâncias ainda estavam ali
E como sempre
Ela estava entregue a si mesma
Como eu e você.

Luís Fabiano



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