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quinta-feira, agosto 25, 2011


Brutal e Doce

Passei por Rosane na rua, e num olhar ambos nos reconhecemos. Cumprimentei-a, escavado a memória, lembrando-me das boas punhetas que pra bati em homenagem a ela, quando éramos ambos mais jovens. Ela sempre foi mais velha, mas aqueles olhos verdes e cabelos pretos eram... hoje nem tanto.

O rosto sulcado, os olhos sem brilho, o entardecer sem musica, o tempo trabalhando decepções, cultivando dores. Convidei-a para um cafezinho, ela aceitou. Normalmente sou suave, mas o brutal, como um monstro que se retorce dentro de mim, nasce como um bom pedaço de merda... sem polidez, puro, feio e verdadeiro.

Disse-lhe secamente:

-Sabe Rô, tu animaste muitas e muitas punhetas minhas...

Ela me olha, surpresa e presa em silencio, como se estivesse congelada, chocada, deveria ter corrido mas... É preciso causar isso ás pessoas... ali ela sentiu que estava viva, fugiu da morbidez.
Sorri como um bom canalha, Rô não foi embora. Aquilo era uma concessão subentendida de silêncios e orgulho algum prazer.


Luís Fabiano


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