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domingo, julho 24, 2011

Navalhadas Curtas: A um milímetro do tédio...


Cada dia me convenço o porquê de morar onde moro. A vizinhança é realmente de primeira, uma boa gente pacata, porem não mucho. Por vezes é preciso quebrar o gelo previsível da vida e dar um ar no mínimo colorido a porra toda.

Ouvi um alarido no andar de baixo, enquanto bebia meu rum e fumava um Black Mentolado, viajando nas ondas da fumaça, pensando em nada. Desci pra ver o que estava acontecendo, e essa era a cena: uma mulher meio bêbada esmurrava a porta pedindo pra entrar e gritando com voz arrastada:

-Abre a porra essa portaaaaaa...sua bicha velha enrustida do caralho...abreeeeee...velho viado...filho da puta...

Gritava isso repetidas vezes, enquanto eu parei a beira da escada olhando-a, juntamente com outros tantos vizinhos apavorados com o ocorrido. Subi novamente para pegar meu copo de rum e voltei para ver o que sucederia.

Todos falavam que iam chamar a policia, mas a bem da verdade eles eram um casal que nunca apresentavam nada, agora aquillo. Definitivamente eu adoro o ser humano. Sentei-me na escada olhando a situação, bebericando meu rum, quando ouvi sirenes lá fora. Pensei: agora fudeu!

Em segundos a policia estava a porta, tentando conversar com a bêbada e fazer o homem mais velho a abrir a porta. Muito assustado o velho abriu, apenas dizia para segura-la porque ela é violenta.

Acho que era o fim de um caso de amor, ou não, as vezes um casal precisa se dar umas porradas, isso apimenta a relação, afinal coisas profundamente estáveis estão a um passo do tédio, nem sei o que é pior...



Luís Fabiano.

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