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quinta-feira, maio 26, 2011

Vis à Vis

Ela olhou para o lado
Indiferença viva entre cadáveres emocionais
Uma certeza que rebolava na corda bamba
Num piscar de olhos
O chão se foi
Tudo mudou novamente
Insuportável mudança pulsante
Curvas de rio
Muda a paisagem
A cor
A dor
A forma
O mundo torna-se pequeno então
Um anão que mija nos próprios pés
Sofre porque a paisagem que muda
Não espelha as estatuas erguidas a nós mesmos
Queremos flores
E a vida é concreto
Flutuar nas bolhas de sabão
Mas a vida é alfinete
No entanto flores, bolhas e alfinetes são reais
Uma visão entre milhares de nadas
Probabilidade de verdade
Nas agruras inquietantes da alma
Resfolegam sonhos
Babando desejos
Brincando de trepar com a vida
Enquanto ela corre em nós
Dentro de nós em veias abertas
Enquanto tudo é apenas uma visão
Doente vendo a doença
Cretino a cretinice
Medroso o medo
O amor o espelho
Mas apenas uma visão
Uma miserável única visão...
Esse é o verdadeiro abandono


Luís Fabiano.

Um comentário:

Dóris disse...

Belo poema Fabiano.
Poema forte, verdadeiro. Parabéns.

Abraço repleto de PAZ.