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quinta-feira, maio 19, 2011


Ganchos da vida

Ela sorria com dentes niquelados
Enquanto agarrava o membro de 27 cm do marido
Declarava seu amor mais profundo
Uma medonha beleza palpável a olhos nus
gancho
Eu mesmo muitas vezes
Agarrava-me a olhares
beijos ou silêncios palpitantes
Enquanto íamos lentamente para o buraco
Saltimbanco fúnebre
Agarrado a alça do caixão
gancho
Doutras vezes chamei amor
Os seios mais bicudos que beijei
Era poesia aguda cravada em minha boca sedenta
Gostaria de ter sugado a alma dela por ali
Mas apenas pendurei-me e cai no abismo
Apenas uma verdade fútil
Depois de um tempo seja com quem for
É preciso ter ganchos fortes
Magda tinha tetas grandes e uma alma mesquinha
Mas quem se lembra de alma?
Simone tinha os maiores pelos do sovaco que conheci
Enredei-me em sua teia emaranhada
Ganchos e cheiros fortes
E amei mais uma vez
Com outra era a maior xoxota do mundo
Agarrou-me como um polvo
E desejei nascer novamente dali
Mas nada forte o suficiente
Tais ganchos não aguentam o peso da vida
Foi quando um gancho transpassou meu coração
Transfixou minha alma
Gancho de açougue e eu pendurado
Vi na sombra da essência
Sonhos agonizando em semente
A incerteza de tornarem-se as flores da vida.

 
Luís Fabiano.

Um comentário:

Dóris disse...

Todo sonho é uma incerteza agonizante...a realidade agoniza e é incerta, sonhos não seriam diferentes.
Bom texto, nos faz adentrar um pouco mais fundo em nós mesmos.

Abraço cheio de PAZ.