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quarta-feira, março 16, 2011



Fenece

Decai o olhar pesado, longínquo e cansado
Uma estrada quase infinita entre sangue e lagrimas
Seca a flor tenra
Clamando silenciosamente afagos da vida
Quebra a bengala no ápice da subida
Resquícios de comida no prato
O pincel jogado ao esquecimento em uma estante empoeirada
Eu acordando pelado nesta manha
Com a cabeça mergulhada no inferno
O canto de vozes roucas, perdendo o timbre
Desfazendo o canto
Línguas cansadas e insatisfeitas
Lambendo as próprias feridas
Em uma purulenta masturbação
Ela se olhando no espelho
Não se reconhecendo
Na pele a erosão do tempo
As marcas cicatrizes da alma
Lábios secos desérticos
Em um coração rasgado
Cavando saudades,
evocando caricias perdidas
A repetição frenética da vida mais uma vez
Matando-nos dia a dia
Como um corredor da morte informal
Sorri o sorriso sem graça
De uma ausência perene
O ultimo gole salvador de cerveja
De uma madrugada que não amanhece
O suspiro denso
Que abarca abismos e pensa
Ela parada a janela
Olhando um entardecer
Ecoando cheiros de sua meninice
Então a noite chega
Com ela as estrelas que encantam enamorados
Que agora suspiram um no outro...
A merda sempre é o mais tarde.

Luís Fabiano.

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