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segunda-feira, fevereiro 14, 2011

Porto Do Shopp



Tem dias que a noite é foda. Faço coisas caóticas, por vezes sem dar atenção as verdadeiras vontades. Faço por faço por fazer, impulsivamente. Mergulho na noite como uma criança em um sonho, um laçador de esperanças na busca de algo que se realize. Já sei que não é assim.
Por vezes tudo reduz-se a mero cansaço de alma.

As pessoas que se arrastam nos bares, as musicas cantadas em uma tentativa de animar ambientes, por momentos nada disso faz sentido. Naquela noite assim, sai de casa e fui parar no Porto do Shopp sem companhia.

Não havia promessa alguma. Fui incerto, isso me agrada muitíssimo. O bar estava relativamente cheio, sento em uma boa mesa, onde posso olhar a banda tocar e pessoas circulando. Vou tomando cerveja, deixando que ela chegue até a minha alma. Por vezes apenas isso importa.

Então ela me olha de longe. Estava com algumas amigas. Eu já a havia visto em outras idas lá. Assim, não éramos tipicamente estranhos. Frequentávamos o mesmo ”culto”, bebendo cerveja e falando blasfêmias felizes. Por vezes tal distancia é uma benção. Quando passou perto de minha mesa, ofereci-lhe o lugar, ela sorri, diz que já voltava. Não achei que voltasse, também não importava. As veias encharcadas de cerveja, todos pareciam felizes. Gosto desta sensação ilusória de ser. Possivelmente depois dali, todos voltassem as suas merdas comuns de vida, mas ali, bem ali era uma festa.

Passado alguns minutos ela voltou e muito sorridente sentou-se a mesa. E por uns dois minutos apenas fiquei observando-a. Como iria ser aquilo? Ela acende outro cigarro, e tem uma postura vulgar. Isso parecia promissor.

Selvagem, feroz me agrada muito. Pensei comigo, esta certamente cagaria na minha cara se eu pedisse. Por fim ambos cansamos daquilo, ela:
-Então cara, vai ficar apenas ai? Não vai dizer nada...só tomando esta cerveja? É isso...?

Ela não suportava silêncios desprazerosos, talvez não gostasse de sentir o que sentia. Meu humor se altera naquele momento, como os carros na rua do bar, indo e voltando e não indo para lugar nenhum.

Creio que no fundo, apenas quisesse ela sentada ali, minha obra de arte particular, se ficasse calada, puxa seria perfeita.

Não respondo nada. Ela tenta falar mais algumas coisas vãs, por fim se enche e vai embora como veio. Me estranhei um pouco, ela não me atraiu em nada. Nem a possibilidade de uma boa foda. Não sei se foi a cerveja.

A noite promissora esvaia-se em nada. E meu ápice, seria batendo uma boa punheta em casa. Talvez a síndrome de Janes Joplin. A banda tocava muito, Gordo colocava sua voz pra fora, e todos pareciam felizes. Mesmo eu.

Tomei mais três cervejas, fiquei no limiar da boa direção. Fui embora, sendo levado pelo ronco suave do motor. Pensei comigo, que minha noite poderia ter sido diferente. Sendo consolado por uma boa vagina talvez.

Mas fazemos nossas escolhas na vida, e nem tudo precisa ser como o esperado. A paz esperada nem sempre é paz, o amor esperado nem sempre o é. Tudo soma-se ao amontoado de esperanças incertas. Aquilo que queremos, nem sempre é o que realmente sentimos. Vamos fazendo por uma necessidade, uma castração, dores em forma de condor, que vão voando para o fundo de nós.

Quando cheguei em casa, queria adormecer o sono dos broxas, apenas isso.

Luis Fabiano.

Um comentário:

Dóris disse...

Meu querido, todos nós fazemos nossas escolhas, nem sempre acertamos, rs rs, na maioria das vezes fazemos a escolha errada. Mas a vida é assim, um dia temos amor e PAZ, no outro, apenas incertezas.


Um abraço cheio de carinho e PAZ.