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quarta-feira, janeiro 19, 2011


Navalhadas curtas: De joelhos

Eu vinha caminhando, quando vi aquele cara de joelhos no não, olhos marejados e gaguejando. Foi na Barroso, nas imediações da padaria. Tudo que ouvi foi:

-Não Clara, eu não vou fazer mais, nunca mais prometo...Clara eu te amo, Clara por favor...Clara...

Clara estava em pé, braços cruzados e impassível, montada na razão. Gostei da postura e da bunda dela também.
Eu não era a Clara, mas pensei por um momento. Quando alguém se humilha assim, de joelhos representando o drama da vida, é porque tem consciência pesada. E certamente não merece respeito.

O cara me olhou nos olhos quando passei devagar, eu achei graça. Aquilo havia se tornando um show, as pessoas olhavam, apontavam.

Seja como for, eu espero que Clara o tenha mandado se fuder. Arrependimento não é pose, é postura.Toda a dramatização humana é por falta de essência. Não existe um cú no mundo que me faça ajoelhar.

Luís Fabiano.

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