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segunda-feira, dezembro 27, 2010


Navalhadas curtas: Um produto estragado



Pouco antes do natal, assolado pelo estresse normal . Sufocado pela impaciência, sai no meu intervalo normal. Caminhando errante, um observador sem olhos e ou coração. Era preciso respirar apenas.
O calçadão fervia, um caldeirão onde misturavam-se, desejos, sonhos, dinheiro, miséria, ansiedade e papai Noel. Me enfadei. Decidi retornar ao serviço, uma caverna conhecida. Nas proximidades do Mercado central, fui atacado por uma putinha:
-E aí, gostoso, vamos fazer um programa?
Olhei bem pra ela. Muito magra, uma franga sem carne, peles sobre ossos, olhos quase vazados na caveira ossuda. Era a aranha, querendo uma vitima. Seria um bom momento pra ficar calado. Mas não, senti os caninos crescerem então disse:
-Que tu tem ?Não parece bem...
-Não tenho nada, sou saudável...ouviu, sau-dá-vel...há há há
Firmei o olhar, mas já havia entendido o que passava. Voltei a carga com todo o cinismo possível:
-Então, me diz, o que tu tens?
-Cara, já disse tô saudável...
-Eu sei que não...
-Tá cara, tá bom tô bem doente e ai? Vou morre sabia...vou morre...
Eu não tinha nada a acrescentar, agradeci e sai caminhando, em minhas pegadas, gotas de sangue.


Luís Fabiano.

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