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sexta-feira, outubro 29, 2010


Voracidade e silêncios.


A ideia de masturba-la usando uma faca de churrasco, começava a me agradar. No auge do tesão tais coisas ganham um sentido agradável, notas musicais em uma sinfonia. Não sei bem porque a coisa começou a acontecer. Estávamos naquela, vocês sabem.
Muitos beijos, abraços e mãos e cerveja. O que todos gostam. Os melhores pecados da alma. Porem Penélope não era adepta digamos de sexo convencional. Essas são as melhores. Gostava de explorar limites e por vezes além dos limites. Contudo, era terna e carinhosa. Uma linda mulher, uma das poucas lindas que tive.
Nos conhecemos como sempre acontece. Nada de surpresas, um bar, algumas bebidas depois e éramos antigos conhecidos. Intimidade instantânea. Gosto disso. Chegamos ao auge rapidamente, num piscar de olhos estávamos despidos, trabalhando forte. Não precisava de mais nada. Ambos éramos calejados na arte do amor. Ela sempre fora mulher de muitos homens, e eu, homem de muitas mulheres. A muito tempo parei de contar.
Frequentávamos motéis e a sua casa. Então nos encontrávamos naquele jogo. Certa vez, ela me pediu para asfixia-la, ao limite. Porque não ? Entrei fundo nela e comecei a apertar o pescoço, lentamente ela adorava, apertava a xoxota, quase transformando meu pau em poeira cósmica. Então ela me batia no braço, quase desfalecendo e eu a soltava.
Ela me abraçava forte depois disso, por instantes havia um carinho quase sobrenatural, misto de tantas coisas. Ficava respirando para recuperar o folego.
Era estranho aquilo, porem o estranho me atrai. Depois começávamos tudo novamente. Naturalmente sempre tive o controle de tal situação, mas fiz parecer a ela que não estava controlando. Uma impressão de verdade, é por vezes mais valiosa que a verdade em si. Posso dizer que em certos momentos, a verdade é dispensável. Uma emulação de verdade é veneno suficiente para mente incendiar-se, e tudo fica seguro, minha respiração, nem sequer altera-se. Isso é bom.
Quando explora-se aventuras sexuais, chega um dado momento, que as coisas tornam-se peixes em um aquário. Nada de novo acontece. Talvez neste momento o amor ou fim sejam uma boa alternativa.
No meu caso, o fim sempre aconteceu. Amor ? Porra, existem momentos que esta palavra me causa asco. Por tê-la ouvido demais. Já nem mais sei do que se trata. E confesso a vocês que, quando dizem que amam, meu coração peida, e meu pau broxa na hora. Tais declarações de amor são as mais das vezes como um pneu furado, um apito esquecido na instante, uma foto desfocada.
Não espero que me entendam. Cada um de nós carrega sua própria cruz. E definitivamente amor é uma merda. Me deem o resto, e deixem o amor de fora.
Estávamos na cozinha. Completamente nus, trepávamos na pia. Você já trepou na pia? Sensacional, pratos sujos, copos por lavar, talheres acumulados, e aquele cheiro de sexo no ar. Que bom. Quando estávamos quase lá, nos portais do céu ou inferno, ela pede para que eu pare. Porra, que isso? Que você quer?
-Abre a gaveta dos talheres e pega a faca...
-Que você tem em mente? Acho que sangue é legal, mas vamos fazer cortes leves ok ? Nada que precise de pontos e hospital, isso seria um mico gigantesco...
-Nada disso, pega essa merda ai...
Peguei uma faca de carne. Minha predileta e afiada. Um cabo arredondado e grosso. Ela olha para aquilo como se fosse um membro. Entendi na hora. Molhei aquilo com cuspe, cuspi um pouco nela também. Estávamos loucos. Falávamos coisas caóticas.
Então fui introduzindo nela aquela faca afiada, o cabo era dos bons.
-Enfia até onde a lamina começa.
-ok, baby...
Ela tinha muito espaço, então o cabo entrou como um metrô em um túnel. A lâmina roçava seu clitóris de leve. Sensacional, segurei a faca pela lâmina, bárbaro tentando não me cortar. Mas no auge, goza loucamente, molhando a cozinha, minha mão e porra da lâmina escapa e corta um dos meus dedos. Prazer e sangue. Já era tarde demais.
Quando viu o que tinha acontecido, entrou em desespero. Tinha sangue entre os pratos sujos, no chão e em suas pernas. Não me preocupei muito. Era um bom corte, mas não morreria, isso é certo.
Ela abraça-me e quer que vá para hospital. Mas não. Que eu diria?
Ei cara, estava fazendo a mulher gozar com o cabo de uma faca? Que espécie de gente é essa? Como sempre depois do ato, Penélope me beija, e se torna a mulher mais carinhosa da face da terra. Ela é bela e fera. E eu?
Ficamos ali, abraçados enquanto eu sangrava devagar. Tudo tem algum sacrifício. Não sei se éramos loucos, realmente não me interessa. Talvez nós percorramos uma longa estrada, e as feridas do corpo não sejam nada, pelas chagas que carregamos em nossas almas. Mas naquele instante nada disso era importante, sentíamos paz, eu ferido, Penélope era a melhor mulher do mundo.

Luís Fabiano.
A paz é uma fotografia.

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