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quinta-feira, setembro 16, 2010


Uma gozada de estrelas.

Depois de algumas trepadas bem sucedidas. Foram poucas. Falo de anos de experiência na arte do amor. Você começa a perceber que umas porradas nem sempre são necessárias. Embora possam dar um tempero especial. O segredo da coisa toda, está no ritmo. É preciso ser como as ondas do mar. Intercalando momentos de suavidade, com uma penetração forte e continuada. Deixando tudo bem molhado e batendo no útero. Como quem bate no céu.
-Há, há, há, cara isso parece filme de terceira...
-É, talvez. Mas ela deve olhar para tí, e ter a sensação que foi comida por mil homens ao mesmo tempo...
-Ual , mil “cajados” arregaçando a vagabunda há,há,há...
Riamos como dois tolos. Por momentos é bom apenas tomar cerveja, e esperar que o mundo foda-se em 2012.Sei que não vai acontecer, mas ter esperança é tudo na vida.
O bar estava decadente, para uma terça feira. A Preta, a proprietária encostada no balcão. E a algumas poucas putas desfilavam por ali, sorrindo e pegando nos paus dos clientes, numa tentativa de convence-los a um programa.
Mas nada de programa. Eu queria apenas ficar no ambiente, vendo aquelas bundinhas semi –nuas, andando pra lá e pra cá. Lúcio me acompanhou nesta empreitada. Umas cervejas, e um papo sem fundamento nenhum.
-Não, pra mim não – disse Lúcio – pra mim tem que ter porrada, ela tem que gemer de prazer e de dor, mais dor tem mais prazer...
-É verdade, porque é contraponto... sei bem como é este jogo.
-Já apanhou?
-Claro. Uma vez, sai com a mina. Ela tinha aquelas manias de couro negro, sabe como é? Botas negras, cinga-liga, chicote e toda a merda...cara, quando entramos no quarto, ela se pirou me batendo. Gostei da brincadeira, decidi que iria participar, mais profundamente. Ela me deu uma chicotada, e eu retribui com uma porrada na cara dela, um tapa bom. Não sei, mas ela caiu, e ficou apagada na cama...
-Tá louco...?
-É, acho que foi forte demais. Porra, se tu entra nessa, tem que segurar. Cara, ela acordou meio zonza depois de alguns segundos. Disse que tinha ido a nocaute. Comecei a rir. Ela se animou, mas o sexo acabou ali. Depois saímos mais vezes. Mas ela pegou bem leve. Eu achei legal. Umas porradas, dá uma adrenalina na coisa toda. Tem o lance do medo, sexo ganha outros ares aí, mas a maioria das pessoas desconhece o que vem depois de uma mera gozadinha da semana.Na quarta-feira...é patético..
-É real.
Nisso chega uma putinha.
-Então, os dois querem fazer algo a três ?
Lúcio olhou para ela, com olhos de quem tinha gostado da baixinha bunduda. Olhei para ele e disse que ficasse a vontade. Hoje eu iria tomar a cerveja, arrastar-me para minha toca. Não precisava comer ninguém. Sentia-me enfadado de putaria aquele dia. Tenho estas coisas ás vezes. Só de respirar aquele ambiente, já tinha gozado mil vezes.
Lúcio sorridente, pega a putinha e vai para os quartinhos nos fundos. Fico sentado ouvindo forró chinelo, enquanto outros tentavam negociar prazer. Quanto vale uma vagina? Ali vale cinquenta reais.
Levanto e pago minha cerveja. E vou embora. O carro estava em casa, de forma que andar pela Avenida ás duas da manhã, era meu passeio final, feito de inferno e céu. Na esquina travestis, faziam um pequeno show, para uns cara que paravam de carro, tiravam fotos. Elas , mostravam a bunda, as tetas e o pau. Os caras fotos e mais fotos. A meia quadra dali, um mendigo enchia a cara com cachaça, em uma garrafa plástica. Sozinho entre trapos imundos. Parecia hebetado.
Um pouco mais adiante, crianças de rua cheirando cola, fumando um baseado. Enquanto uma gostosa fazia boquete dentro de um carro luxuoso, ao lado. Que merda.
Por vezes caminhar nas sombras da noite, é tentar acender uma vela em algum lugar. Por um breve momento, senti ojeriza deste mundo. Destes representantes de nossa humanidade. Das coisas que perdemos, e das poucas que ganhamos. Minha cabeça crepitava. Gostaria que uma chuva viesse, e nos empurrasse a todos para um ralo gigante, a boca do lobo. E que amanha pudéssemos respirar um ar mais puro.
Olhei para o céu, era uma noite estrelada. Talvez ainda houvesse esperança, tudo que se precisa é uma estrela, apenas uma estrela.

Luís Fabiano.

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