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terça-feira, setembro 07, 2010


Amado filho da puta

Manter seis mulheres ao mesmo tempo, não é uma tarefa fácil. Mas houve um tempo que me permiti esta jornada de amor. Ás vezes tudo não passava de uma imensa engrenagem, que funcionava automaticamente.
Sou honesto. Jamais prometi que era exclusivo. Jamais prometi que ficaria para sempre, jamais disse que seria fiel na saúde ou não doença, na riqueza na pobreza e principalmente seria fiel. Entendo tais conceitos como algo embotado. Repletos de frases prontas e muito cinismo. Não pertencemos as pessoa, ainda que nossos corações se entrelacem um pouco. Permanecemos em nossa solitude. Intocável enfrentando agruras de um mundo que se desfaz diante de nossos olhos.
Amor, carinho, conversas animadas, dividir algumas dores e boas trepadas. Isso posso dar. Dizem que sou cínico. Não espero que entendam como funciona meu amor. Amava a todas indistintamente. Cada uma com seu estilo, suas características, sua beleza. Tão diferentes uma da outra, tão sedentas de tudo. Queriam me engolir. Que eu ficasse morando dentro delas, talvez para sempre.
Minha vida era boa. Naturalmente alguma ou outra, não se comportavam bem. Começavam querer demais. Diziam que tinham apenas pedaços de Fabiano. Ironicamente, eu dizia que era um imenso quebra cabeça, me dou aos pedaços. Quando você montar tudo, acabou a diversão.
Pareciam que combinavam-se inconscientemente. Suas menstruações eram no mesmo período. Ficam com o humor avariado. Eu era um maestro regendo sangue e mau humor. Neste período aprendi a dar o Foda-se as situações mais funestas da existência.
No fim tudo resumia-se em amor. Ás vezes me destratavam. Eu sumia por alguns dias. E tudo ficava naturalmente bem.
Meu amor tem um preço alto. Mas nunca exigi absolutamente nada de ninguém. Não tenho esse perfil. O que tornava a minha leveza densa. A grande maioria esperava o que ? Que um dia eu virasse um maridinho, homem da casa. Tenho perfil de maridinho? A quem se engane.
Depois de alguns casamentos, creio que minha alma esta mais para sultão. Uma delas uma vez me elogiou dizendo que tenho alma de cafetão. Gostei muito. Saí rindo enquanto ela me jogava uma panela uma vez.
Monica foi a mais escandalosa das mulheres que tive. Impulsiva, descontrolada, passional, gostosa e amável. Tudo nela era demais. Puro exagero e adrenalina. Ela me dava tanto carinho que chegava a dar-me repulsa. Me enchia de beijos molhados e não parava. Me lambia com muito entusiasmo. Gostava disso. Quando me chupava, parecia um aspirador de pó. Queria sugar minha alma por ali.
Mas bastava uma palavra para tudo virar um inferno. Como uma tempestade, um furacão categoria cinco. A briga era com ela mesma. Não queria que eu falasse da existência e outras. Criou para ela mesma uma ilha de exclusividade. O amor é muito estranho. As vezes eu fazia de propósito, dizia o nome de outra erradamente, era na hora. O pau poderia estar dentro dela, ela me afastava. Começava a falar sem parar:
-Ainda vou te matar, pra ninguém mais te ter.
-Acalme-se amor. Acalme.
-Acalma nada, não sou como essas vagabundas tens por ai...
-Não ofenda a profissão. Elas são uns amores...
-Tu és um idiota mesmo. Não leva a sério nada e nem ninguém, os sentimentos dos outros estás cagando...
-Cada um com sua natureza. Eu escolho o que quero sentir...a maioria das pessoas não tem essa possibilidade.
-Isso não passa de cinismo das merdas que lês...
-Pense o que você quiser amore mio...
Mas era tarde. Colocava minha roupa e ia embora. As pessoas são passionais demais. Quando estava assim não se despedia de mim. Quando eu chegava em casa, o telefone tocava. Era ela pedindo desculpas, amor e meu pau. A montanha russa chegava ao termo. Dizia que estava tudo bem, outro dia eu voltaria. Aí trepávamos cheios de saudade. Meu amor isso, meu amor aquilo.
A vida poderia ser melhor? Creio que não. Tinha alguns aspectos inconvenientes, tal quantidade. Eu tinha de economizar porra. Nada de fodas com banhos de porra...nada disso. Gozava ás vezes e intercalava com a outra. Eu tinha uma escala mental de gozadas. De um modo muito estranho todos estávamos felizes. Eu estava.
Mas algo assim não é feito para dar certo. Foi acontecendo o inevitável. Uma a uma foram indo embora. Melhor, fomos nos afastando. Elas já não queriam mais aquilo. Sabiam que tinham sem ter-me.
O coração daquelas mulheres precisava de um amor “tradicional”comum e simples, todos querem. Menos eu. Coisa estranha. Não sou tradicional. Minhas piores e melhores emoções estão reservadas para mim. A última a me dispensar, foi Maria Helena.
Uma boa convivência de alguns meses. Ela fazia o perfil da mulher comportada. Justamente o que não gosto. Mas a bunda e as tetas valiam ouro. Muito educada, pedia desculpas até quando peidava. Uma vez ela fez isso, tinha acabado de peidar, um peidinho tímido sem graça e disse:
-Opa, desculpa amor tá, escapou.
-Escapou? Desculpa? Que isso?
Eu a virei de bunda, baixei a calcinha e enfiei minha língua no rabo dela. Uma delicia, gosto, cheiro tudo...Ela ficava as vezes meio contrariada ou constrangida nem sei. Eu gosto disso. Na nossa despedida ela ficou na porta. A olhei com ternura. Mesmo sendo o idiota que sou. Gostava dela, não tão somente pela insanidade que aparentava, mas por tudo. Conversamos muito civilizadamente. Agora havia pérolas em seus olhos. Ela secava devagar, seus movimentos lentos como que extrai a própria pele:
-Não posso mais. Fabiano, não posso...preciso ficar em paz. Não me sinto legal levando minha vida assim meu bem. Te quero aqui comigo. Tu estás dentro de mim, lugar onde não sei se irei te arrancar, mas preciso tentar. Sei que não foi o que combinamos. Mas eu não consigo mais. Tudo isso tá me fazendo um mal grande. Saber que não és meu me mata. No inicio parecia bom, mas agora...não.
Não sou bom de despedidas. Tentei dizer algo, mas Helena coloca a mão na minha boca:
-Se não vai dizer, que ficarás aqui, então não diz nada. Por favor não diz nada, apenas sai. Tá bom.
Levantei daquele sofá macio que fazíamos amor sempre. Algo pesava em mim. Cheguei á porta e sai. Nunca olho para trás quando faço isso. Subi no carro, não queria pensar em nada. Olho para a porta Helena estava ali chorando. Não queria sentir nada. Mas vê-la assim não foi bom. Acho que estou enfraquecendo, que merda tenho que ficar de olho.

Luís Fabiano.

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