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quinta-feira, julho 22, 2010


Nada é exatamente assim...

Conversar com as pessoas é uma pantomima. As palavras foram feitas para maquiar o que realmente pensamos. Ao pronuncia-las, tornam-se sombras do que realmente significam. Gosto delas assim. De brincar com as palavras, tentar adestra-las, ás vezes ganham um bom sentido. Como um traço que não se perde na tela.
Talvez eu sofra de uma ingenuidade perene. Mas quando falo com as pessoas, elas veem com seus sorrisos idiotas, com bafos terríveis e aquele olhar tipo: eu sei tudo. Tenho vontade de não falar nada. A maioria das vezes não falo, apenas articulo a boca.
Falava com um camarada, oTonho estes dias, um assunto edificante e nobre: surubas. Estas malditas fantasias sexuais, que ficam na imaginação da maioria das pessoas, que alguns poucos se aventuram.
Por muitos motivos, medos diversos, as doenças, a vergonha, por que a mulher vai desejar mais que você e talvez não tenhas pau para come-la, da broxada e o deboche geral. Entre outras tantas coisas.
Já participei de suruba, não foi a coisa mais linda do mundo. Eu era mais jovem, tinha por volta de vinte e cinco anos.
-E ai como foi - pergunta Tonho.
-Coisas de internet. As minhas piores transas aconteceram com pessoas que conheci na internet. Era um casal que tinha uma amiga. Não preciso dizer muito, não havia ninguém bonito. A começar por mim, todos eram horríveis. Creio que foi a suruba do trem fantasma. Quando fui a casa deles, eles já estavam meio embalados. Bebidas e aditivos. A que seria a minha parceira, lembrava-me muito a orca. Muito branca, com a cara cheia e espinhas, um cabelo oleoso, e tinha um cheiro de cozinha, depois que fritamos peixe.
-Cara, tu és complemente louco, te animou?
-Sim, tenho animo de sobra. São os preços que pagamos, tudo tem um preço maldito. Mesmo um peido aleatório tem um preço. Eu sempre tive disposição, além do mais aquilo converteu-se um banquete depois. Entrei no clima, me abracei a minha orca e fizemos amor. Ela tinha a maiores tetas caídas que já vi na vida. Bicos muito grossos e escuros, a bunda mais fedida que tive a felicidade de colocar meu nariz. Mas tinha a regra a suruba, não haveria troca de casal. Ou seja, com a mulher mais bonita, eu nem encostaria.
Tonho ria e sentia nojo. Mas afinal que ele esperava? Fui dizendo a ele: meu camarada, surubas com pessoa lindas e maravilhosas não existem. São sonhos, como Ferraris vermelhas e brilhantes.
É preciso pagar um preço muito alto para isso. Para mim estava de graça, de graça é como o atendimento pelo SUS, você se vira como dá e é feliz ou desgraçado. Eu iria comentar mais coisas, mas talvez fosse melhor não, as pessoas não gostam de certas verdades. As vezes tenho vontade de vomitar em mim mesmo.
Afinal de contas, nada é exatamente como dizem que é.
Lembro-me quando tive uma hemorroida. Disseram, rapidinho cura isso, e não dói. Não foi uma obra de arte. Fui cagar e o sangue jorrava do meu rabo, seguido por um dor imensa. Aquela dor durou um bom tempo, nada de rapidinho, nada de fácil, nada de bonito. Os metidos a entendidos nada sabem de hemorroidas.
De uma outra vez, estava transando, e acho fiquei entusiasmado demais. E rebentei o freio da glande. Puta merda, aquilo foi terrível. Uma dor muito grande na glande, e sangue. Em primeiro momento achei até que a virgindade da vagabunda tinha rompido?
Porra, mas ela tinha trinta e dois anos e um filho? Virgem? Não era, era meu pau que sangrava como uma galinha degolada. Você já viu uma galinha degolada?
Também me disseram, é fácil de curar isso ai. Basta uns pontinhos e tudo fica novo. Pontinhos? Não tenho como esquecer aquela agulha fincando meu pau. Dizem que dores da alma são mais fortes, mas duvido.
Nada foi fácil, novamente os metidos a sabidos, vinham com esse papinho: ei cara, isso cura fácil, é rápido. Fiquei sem trepar mais de um mês.
Definitivamente ninguém sabe nada. Nem de surubas, nem de dores físicas. Fico pensando quando converso com as pessoas. Elas falam de seus sentimentos. Será que elas sabem como é uma glande rebentada?
Creio que depois deste papo todo, Tonho não vai arriscar-se em um suruba. A não ser que ele disponha de uns quatro mil reais. Acho difícil. Disse a ele:
-Olha Tonho, acho que vais ter que te contentar mesmo com a nega veia em casa. Afinal ela pode pensar em participar de uma suruba também...
-Tá louco, nem pensar.
-Que isso Tonho? Ciumes?
-Claro, ela não, ela não...
-Olha Tonho, isso não é muito justo, mas deixa pra lá.
-É...deixei mesmo.


Luís Fabiano.

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