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quinta-feira, julho 15, 2010


Cú sujo

Minha mãe ás vezes não simpatiza com os títulos de meus escritos. Não posso fazer nada, por vezes fico tentado colocar um titulo eufêmico, sutil mesmo. Mas infelizmente sou arrastado aos meandros de minha própria baixeza.
É preciso respeitar o seu próprio pior.
Talvez seja meu escarnio ao mundo tão “limpinho”. Ou simplesmente minha identidade real, a qual jamais devemos ludibriar. Em outras palavras: não minta para sí mesmo, pois vai dar merda.
Naturalmente minha mãe não gosta de minha literatura. Mas ás vezes ela por caridade ou sacrifício lê este blog. Conversamos sobre isso hoje. Eu ria, é o posso fazer. E enquanto conversávamos, acabei lembrando de Margarida, que minha mãe não conheceu.
Eu não sou Pato Donald, mas já tive algo com uma Margarida. Gostaria de dizer que nem todas as Margaridas cheiram a flores. Me entenderam mais tarde.
As vezes há uma pedra no caminho, ou coisas piores. Não posso dizer que tivemos um caso de amor. Tivemos uma trepada de horror. Mas ela fazia exatamente o meu tipo perfeito de mulher. Tipo a toa, vagabunda, gorda, arrumada, peluda e com cheiros naturais fortes. Ela era uma pessoa feliz e sorridente.
Esse é meu autentico Coquetel Molotov. Este tipo é capaz de incendiar meu sangue, e despertar paixões inomináveis, desejos incontroláveis. Uma fome de gozo, como uma ferida purulenta prestes a explodir em pus.
Os pouquíssimos que me conhecem, sabem que não estou exagerando.
Frequentava uma Bar hediondo, que ficava nas imediações da Deodoro. Bar do Joaquim. Não era um lugar que podemos chamar de “lugar santo”. Ali a frequência era de alto nível. Bêbados, prostitutas que cobravam vinte reais, havia em algumas noites strip-tease, ou um casal que transava em um palquinho de merda bem pequeno, para estimular desejos. Chegavam a saltar líquidos dos dois nos que estavam próximos.
Aplaudíamos aquela porra com vontade.
Não preciso dizer que o lugar era sujo. Paredes imundas, um banheiro que tinha todos os cheiros que se possa imaginar. Porra, urina, merda, absorventes usados. Creio que se o diabo viesse a terra, este banheiro ele faria questão de visitar.
O Joaquim mesmo atendia um balcão. Cerveja que ás vezes estava na temperatura certa. E tinha ainda o Paulão, leão de chácara. Por vezes o pessoal abusava um pouco da bebida, e queriam comer as meninas na força, ele dava uma noção da coisa certa a fazer, tudo ficava em paz.
Acabei ficando amigo de Paulão de tanto que fui lá. O cara parecia um orangotango, um palito no canto da boca, uma barriga enorme pra fora da camisa, e braços que lembravam guindastes.
Eu chegava na porta, e perguntava:
-E aí Paulão, como tá a coisa hoje?
-Entra aí, hoje tem uma putinha que tá começando na vida...
-Bom, é bonita?
Ele começa a rir:
-É do nosso naipe...aquilo né, ao menos tem todos os dentes.
-Bah, isso já me deixa feliz, pra mim ter dente é um luxo .
Caímos os dois na risada. Eu entrei , assim que conheci minha Margarida, na sua noite de estréia no puteiro.
Ela estava realmente destruída para uma mulher de vinte e cinco anos. Adoro historias de putas, é quase um disco arranhado. É sempre a mesma merda, fudida, com filhos pequenos pra criar, foi estuprada pelo tio não sei quem , agora não conseguiu emprego, então resolveu que dar a xoxotinha poderia ser uma boa saída.
Escutei aquilo, como se tivesse escutado primeira vez, tal historinha. Eu devia estar ficando meio maluco mesmo. Sorri, achei engraçado e tava feliz. Tomamos umas cervejas, e acabamos indo para o motel que considero minha segunda casa.
Não tínhamos mais nada pra dizer, agora era ação pura na veia. Quanto entramos na porta do quarto, apenas dei um empurrão nela, ela caiu sobre a cama, dei um pulo sobre sobre ela.
Meio assustada, pergunta :
-Que isso, tu tá loco?
-Não, é amor, é puro amor, to cheio de amor.
Fui arrancando a roupa dela e a minha. Margarida entrou no clima rapidinho. Começou a rir e tudo virou a felicidade, a felicidade dos miseráveis e bêbados. Partimos para um sessenta e nove.
Quando vi aquela bunda imensa próxima a minha boca. Aquilo preencheu minha alma, um cheiro forte de merda vinha daqueles buraquinhos fétidos.
Ela me sugava com voracidade, eu ainda estava analisando o local, quando de-repente um peido imenso saiu, despejando aquele cheiro todo no meu rosto. Comecei a rir, ela diz:
-Aí, desculpa, escapou.
-Tudo bem acontece.
Em poucos minutos ela peida novamente, mas não fala nada desta vez. Então eu olho bem para aquele rabo grande, que tentava me matar asfixiado a peidos, e que vejo?
Bem na volta do orifício anal, restos de um cocô recente e mal limpo.
É nestas horas que você precisa ser homem e jamais entregar-se. Quando você for ao inferno, beije o diabo na boca. Eu beijei gostoso aquele cheiroso buraquinho de amor.
Fiz o que pude, trabalhei bem ali. Mas no final acabamos gozando como animais no cio. Fiquei feliz após aquilo, sentia-me mais feroz, um cavalo selvagem, um touro reprodutor, segurava minhas bolas com orgulho.
Margarida ficou me olhando, meio admirada daquela cena estranha.
Fomos embora e eu a entreguei em segurança no Bar do Joaquim, claro, mais limpinha do que nunca, limpa até a alma.

Luís Fabiano.

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