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terça-feira, junho 29, 2010


Um pedaço de vida.

Sentado, sozinho, bebendo.
Me senti estranho.
O álcool ou é uma sinfonia ou é uma tragédia.
Olhando a tevê,
a janela, o mundo.
Precisava um pedaço de verdade.
Qualquer que fosse.
Não estava nas pessoas,
Nas coisas a minha volta,
talvez nem em mim.
Não era verdade a garrafa pela metade, nem tão
Pouco o copo meio vazio.
O som do meu estomago com fome.
Não eram verdades as pessoas digitais
Brilhando na televisão,
em cenários falsos,
Em atitudes falsas.
Com zoom nas lágrimas de plástico.
Filmadas em slow.
O espetáculo da dor, que não é de verdade.
Guerras falsas,
fome falsa,
doenças incuráveis e distantes.
Tudo pro show,
tudo mídia fria de vidro.
Personagens e poses, e a morte
Exposta as entranhas.
De tudo mais que se vê e menos se percebe.
Hoje dói,
amanha dói
alguns dias depois,
Nem notamos.
Queria um pedaço de verdade,
Dei um soco na parede, uma dor intensa
Que passa.
Como tudo que passa,
cansa e vira memória.
Um pedaço de verdade.
Olhei a noite pela janela,
Mergulhei naquele escuro.
É preciso olhar fundo,
sempre mais fundo possível.
Sentei-me novamente, e por um momento
Me vi,
me senti, por um momento apenas
Tive um pedaço de verdade
.

Luis Fabiano.

Um comentário:

Raquel Abrantes disse...

Olá, boa-tarde.

Fiquei muito interessada na imagem do rosto da mulher em pedaços. É sua? De quem é a autoria? Gostaria de saber como posso conseguir os direitos para publicar na capa do meu livro.

Segue meu contato: https://www.facebook.com/artesanatodapalavra

Aguardo seu retorno.

Abraços e obrigada,
Raquel.