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terça-feira, maio 18, 2010


Arde

Quando sentei, fiquei
Olhando-a, assim
nua em pelo.
A sombra.
Era tão linda e intocável,
Uma santa pecadora.
Não gosto de santas.
Ela veio, serpenteando,
Como querendo enrolar-se em mim.
E tudo que em meu coração sentiu,
Raiva hedionda, asco.
Não gosto da encenação.
A meus olhos,
a preferiria disforme.
Nem tão Linda,
nem tão nua,
nem tão pura.
A empurrei, não queria que me tocasse.
Imaginou que era uma rainha.
Era preciso fazê-la renascer.
Fechei os olhos.
Imaginei-a ardendo em chamas,
A pele confundindo-se com o fogo,
As bolhas estourando,
Marcas e tantas cicatrizes.
Por fim foi esfriando.
Não havia mais beleza nítida,
Nem formas generosas,
nem fascínio
Nem encenação.
Eu permanecia sentado,
Quando abri os olhos,
ela havia se tornado
Real,
suas feridas vivas,
sua dor exposta.
Antes, não a amava pelo que era.
Hoje a amo, pelo que é.

Luis Fabiano.

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