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segunda-feira, fevereiro 15, 2010



Carnaval de Sandra.

Não suporto o baticumbum.
Algumas pessoas se surpreendem com isso. Possivelmente em função da cor de minha epiderme. É esperado naturalmente, que todo criolo, deva gostar de futebol, saber capoeira, entender de macumba e claro gostar de samba, pagode e os cambau!
Não sou assim.Nem de perto ou de longe.
Nada contra a quem divirta-se e aprecie o carnaval.Não sou contra nada. Mas como entre tantas coisas, que acabassem amanhã eu nem iria me dar conta: carnaval, pagode, frutas e doces etc...
Prefiro distancias.
E não pensem, já vi carnaval de perto, na passarela do samba. Jesus. Ás vezes as coisas saem caro demais. Poderia mesmo dizer que sou literalmente a ovelha “negra” da família, pois eles entregam-se a folia de momo. Permaneço inglês e indiferente. Muitos convites, mas não aceito nenhum.Obrigado.
Reclamam de minha arrogância, que não sou do tipo que se mistura ao povo. Eu agradeço, porque antes de arrogante sou cínico. Cada virtude no seu lugar.
Isso faz refrescar a memória, na infância já era profundamente mal humorado em relação a tais festividades. Tinha um Clube que éramos sócios, tempo em que as vacas ainda eram gordas.
Meu pai, mãe me levavam fantasiado a contragosto. Um verdadeiro suplicio infantil. Eu chorava, mas nada fazia efeito. Eu chegava no tal baile, sentava-me em um mesa e só saia dali, quando íamos embora.
Desde de pequeno estabeleci critérios punitivos. Não me orgulho,mas eram as armas que tinha.Me sentia um pequeno palhaço vestido de pescador.Todos riam felizes. Porra, pescador? Odiava aquela fantasia ,que enfiassem no rabo aquela merda!
Tiravam fotos, eu chorando, cara fechada, ranhento. Todos sorriam, quando lembro disso, sabia que era o esforço de meus pais para me fazerem um brasileiro nato.Tudo em vão.Nada de carnaval,ainda bem.
Mas quem disse que o caminho da vida são flores?
O tempo passou, tive uma namorada que era absolutamente carnavalesca. Tragédia anunciada. Éramos óleo e água. Sandra sambava muito. E queria eu participasse do enredo de sua alegria. Não deu.
Me dizia que iria dançar com outro então?
Eu dizia que tudo bem. Nunca senti ciúmes de minhas namoradas, nunca proibi nada, nunca impus minha vontade sobre alguém, nunca. Não faz parte do meu perfil, gosto de ser livre e deixar livre.
É claro que o namoro não durou.
Sandra entendeu que, minha falta de ciúmes era falta de amor. Sem duvida as pessoas são muito estranhas. Ela precisava sentir-se cobrada para entender que gostava dela. Sempre tive confiança nas pessoas. Ela queria dançar, sambar, então dance, tudo bem.
Mas não, ela queria que eu sofresse desconfiado, ciumento, sofrimento mostra amor.Nada disso, tudo não passa de confusão, neste caso sofrimento mostra punição e auto-punição, amor não faz parte deste jogo.
Um dia ela se encheu, me disse: Adeus.
Respondi: Adeus.
Carnaval não era a minha. Muito menos dançar samba, tenho duas pernas esquerdas, não tenho ritmo, não tenho coordenação e principalmente não tenho vontade de ter tais coisas. Sei que mais tarde Sandra casou-se com um passista de uma escola local. Isso que chamo de amor, tiveram filhos que seguiram as diretrizes do samba, mas isso é outra historia, conto em outro momento.
Sabem, não tenho nada contra a felicidade. Acho que as pessoas devem buscá-la onde lhes prover, entendo que as vezes não é o fim que trará a felicidade,mas sim o caminho que se faz para chegar lá, isso sim, a viagem para ela.
Então como disse alguém: segue teu coração, onde ele estiver, lá estará teu céu ou teu inferno.
Bom desfile.

Luis Fabiano.
A paz por vezes fantasia-se.

Um comentário:

Anônimo disse...

O filósofo do carnaval,cara o texto tá um lixo,mas eu gostei.