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terça-feira, junho 09, 2009



De alturas e precipícios

Fui questionado ontem sobre meus escritos, por um momento senti-me um verdadeiro escritor, um lustre na minha idiota vaidade, dizem que faz bem, mas a idéia primordial era saber porque escrevo sobre coisas tão básicas,fúteis e tão limitadas da vivencia humana, seja isso em forma de poesia, forma de crônica, forma sem forma e, minha próprias experiências,havia indignação no questionamento sobre o fato de me deleitar na miséria humana, em suas paixões brutais, em suas manifestações mais primitivas, sobre o finito do ser humano, sobre o que é por vezes tão feio da criatura humana, porque escrever sobre isso?
A vida é tão bela, porque não escrever sobre aquilo que é capaz de inspirar as pessoas ao que é belo bom e útil. Algo que por assim dizer, de uma espécie de alento, um sopro positivo na alma, esperanças de que as coisas vão dar certo, que o bem irá triunfar, algo que eleve o pensar humano muito além do vale de misérias (entendam que a miséria que me refiro não é financeira...) que é pautada a vida das pessoas. Sim fui questionado porque usava minha suposta inteligência(não me considero inteligente,tenho noção profunda de minha ignorância,só isso) para algo tão vil, tão banal e simplório, porque?
Então não era para sentir um verdadeiro escritor?
Aquele questionamento praticamente meu deu uma ereção na alma, imaginem uma alma de membro ereto, falo tão incomensurável que tenta tocar o céu, com sua “mente lustrosa” e pingando...
Tentando ser objetivo(lembrei-me de Nelson Rodrigues, os idiotas da objetividade), logicamente que poderia escrever sobre tais coisas “maravilhosas” e utópicas, que nos arrancam temporariamente do suposto trivial viver, e que ao final nos deixam com um grande nada nas mãos,devorados pela realidade, porque não estamos na dimensão do diáfano ainda, do sutil e do maravilhoso, alguma duvida?Você conhece alguém feliz absolutamente?
Basta observar ao lado...
Escrevo assim porque entendo as profundas correspondências existentes naquilo que é nossa vivencia obtusa e miserável, e a grandiosa aspiração de nossos anseios do infinito, das constelações sem fim, das belezas inimagináveis ao pobre homem, sim, vejo isso, entendo essa autenticidade que é nossa realidade mais próxima, crisálida de homem que se transforma em borboleta, realidade feita de lagarta ignóbil. Poderia usar de qualquer exemplo para escrever o que escrevo, poderia pensar em artes plásticas, na magia de fazer a sombra que enaltece o que é luminoso, o belo,na pedra horrenda e disforme a virar um Venus.
Talvez uma pálida tentativa de física, na danças das partículas, que só chegam a uma próxima camada atômica quando tem energia suficiente para isso, e quando aí chegam ,e tornam-se onda e partícula ao mesmo tempo, numa sinuosa manifestação do que é denso (partícula) e do que é sutil (onda), fato, isso acontece na intimidade mais ínfima de matéria, miséria da partícula, dura, brutal, primitiva, sonho de onda, emoção,beleza ,refinamento e sutileza, acontece o tempo todo.
A prodiga natureza tem tantos exemplos, espelho do infinito no que é finito, creio que aqui começo a me fazer entender, a realidade que próxima esta de nós, de nossos primitivos anseios, fala infinitamente mais alto a nós, que as miraculosas abobadas celestes feita de aspirações repletas de nada, cujo o sentido é obscuro para nós. Quando escrevo sobre brutais paixões, estou falando de infinito, quando falo de tristezas sem fim, estou falando de estrelas cadentes que caem,quando falo de traição,agressão, estou falando de amor sublime, o espelho ai esta, a culpa não é minha ora pois, quem apenas consegue ver a miséria de minhas sombras, vê tão somente a miséria de si mesmo, a pobreza do seu obtuso pensar, a tentativa de apenas sobreviver em nossa guerra informal que é viver!
Apenas para seguir no exemplo da física que me é de grande simpatia, tudo na vida é saber observar, dizem os físicos quânticos, que quando não estamos olhando tudo é onda em forma de possibilidades, quando fixamos algo, tornamos partículas de realidade, realidade que nós escolhemos, advindos de nossa interpretação da realidade, que é por sua vez herdada de nossas emoções, pensamentos, cultura e ambiente, portanto entendimento depende de fatores exógenos e endógenos, é preciso que tudo conspire para que entendamos no sentindo mais amplo tudo que nos cerca.
Esse é o sentindo do que escrevo, respeitando profundamente minha realidade interna, espelho do infinito, que por vezes guardo em uma caixinha de sapato, e por outras vezes o céu é sua morada.
Apenas para finalizar, o que realmente importa em a vida humana, são pouquíssimas coisas, e todas elas advindas do que é absolutamente simples, meu escrever é vida mais que humana, é querer de lagarta, é partícula, é sombra é amor feito vivo.

Paz profunda a todos.

Luis Fabiano.

Um comentário:

Manoel Soares Magalhães disse...

Escrava como quiser e morra feliz. Henry Miller