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segunda-feira, abril 27, 2009


Metamorfose de uma barata.

Nem todas as historias de contos de fadas são por vezes dignas e abundantes de um imaginário poético, repleto de beleza e com inspiração enlevadora, diga-se de passagem em se tratando de nosso mundo atual, raras são as coisas que labutam para nossa sublimação, de um modo muito perceptivo existe uma conspiração para o “mal”, se alguém tem duvidas que procure nos noticiários ( embora se diga muitas inverdades em noticiosos de toda sorte...) as boas novas, as noticias sublimes, os gestos de beleza e todas as coisas positivas que deveriam ser a dinâmica de nosso existir...não há?
Nesta linha imbecil de meu pensar, lembrei-me de uma historia, a historia de Xaxá, uma pequena barata, alias uma barata comum com todos os achaques de barata, perninhas pontudas, antenas e a cor amarronzada típica das baratas, porem aquela barata não estava contente com sua vida de barata, isso foi em função de algo especial que lhe aconteceu. Um dia destes comuns,ela esquecera-se de esconder-se do dia, e o dia amanheceu enquanto ela saboreava restos de comida que estavam sobre aquela suculenta mesa, o sol nasceu e com ele a vida do dia também despertou e então algo inesperado aconteceu, Xaxá pode ver pela primeira vez uma linda borboleta que voava leve, linda e pousava nas flores, ela já tinha ouvido falar na existência de borboletas mas julgava que era apenas papo furado das velhas baratas, imagine um ser que pousa nas flores e vive de seu sumo, aquilo parecia absurdo demais, mas quando o olhar dela encontrou o da bela borboleta, nada jamais seria como antes...nada.
A partir daquele dia a baratinha Xaxá nunca mais conseguiu ser a mesma, como tal choque de entendimento, percebera-se um ser abjeto, percebera-se asquerosa, saboreando restos sujos e vivendo na imundície, e enquanto aqueles seres diáfanos ganhavam os céus, batendo com leveza as asinhas, Xaxá teve raiva do grande Deus Barata que havia feito as baratas a sua semelhança, daria tudo para poder ser tão bela quanto uma borboleta, para ser uma borboleta? Xaxá começou a ficar estranha, seu desejo era tanto que na ânsia de ser borboleta começou a pintar as asas, colocou penduricalhos brilhantes nas antenas, e tentava a todo custo bater asas e voar com leveza, mas tudo em vão, o Maximo que aquela baratinha conseguiu foi tornar-se uma barata ridícula e uma falsa borboleta,e nada mais.
O tempo passou e Xaxá nunca mais foi feliz, não sentia orgulho de ser o que era, ver-se tão feia e grotesca fora um golpe do qual jamais iria se recuperar, nada podia preencher a sua vidinha, nem família, nem guloseimas e nem mesmo aquelas baratas macho, belos e reforçados (aqueles que custam a morrer, mesmo quando se pisa em cima...) nada a atraia, e o tempo amigo e inimigo fatal, cruel e pai de todos nos também atingiu Xaxá, ficou uma velha barata, triste e sonhadora, mesmo quando o fim se aproximava, em seus pensamentos aquela borboleta ainda voava, leve, linda e bela...como Xaxá queria ser ela.
As pessoas são mais ou menos assim, sabem da existência da beleza, entendem intelectualmente quase tudo se passa, mas isso não muda essencialmente a paisagem pessoal e consequentemente externa do viver humano, mas não, maquiamos literalmente tudo, emulamos uma face para tentar disfarçar o que se passa em real em nossa vida.
A historia termina de forma lamentável, por vezes repete a nossa... eu entendo.

Fabiano.
Toda paz possível.